Capítulo 6

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Eu nunca tinha estado em um baile antes, então não sabia muito bem como me comportar. Claro, tinha informações sobre quase tudo, mas viver é uma coisa completamente diferente.

Olhei para Clara e a encontrei sorrindo e comprimentando à todos. Não. Eu não iria fazer isso, prefiro ficar a distância e observar. Sim, eu sou boa nisso.

Fui andando atrás de Clara e parei ao lado de Kristen.

— Então o que fazemos em momentos como estes? - perguntei baixinho.

— Você nunca tinha ido em um baile antes não é? - ela me olhou de canto de olho.

— Está tão na cara assim?

— Um pouco - ela deu uma risadinha — Mas pode ficar tranquila, estamos dispensadas até precisarem de nós.

— E o que você costuma fazer?

Ela olhou pra mim com os olhos brilhando, mas à olhei com desconfiança.

— Comida! Normalmente eu como ou então fico perambulando por ai, mas sempre de olho na princesa Grace - Kristen me lançou um olhar engraçado e foi andando em direção a uma mesa cheia de comida.

Sozinha, vou andando até chegar a um canto do salão que me dava uma visão privilegiada de todos.

Encontrei Kristen já comendo o que parecia ser um bolinho e conversando com uma menina que parecia ter uns quinze anos. Não muito longe estava Clara, conversando com um homem jovem e bonito. Grace estava do outro lado do salão conversando, ou melhor, sendo perturbada pela família anfitriã que deveria estar falando de seu filho mais velho outra vez.

Estava reprimindo uma risada quando meu olhar recaiu sobre o rei Maxwell. Ele estava de braços dados com Blair e sorria educadamente para outro casal, estava vestido elegantemente todo de preto com detalhes em dourado, já Blair ostentava outro de seus vestidos "chamativos" de cor vinho, seus cabelos negros estavam presos no alto da cabeça em um coque perfeito.

— Ele não vai ser morto daqui, muito menos com um olhar.

Sem pensar, dei uma cotovelada no alto do estômago, deixando Cristhian sem ar.

Ele se curvou à procura de ar e levou um instante para se recuperar.

— Por que você insiste em me deixar sem ar princesa? - disse Cristhian me dando um sorriso trêmulo.

— Por que você insiste em tentar me pegar desprevenida sabendo que vai levar uma surra? E não me chame de princesa - fechei a cara e voltei o olhar para frente.

Ele me olhou com um olhar estranho.

— Não estava tentando pegá-la desprevenida - ele começou a massagear o estômago.

— E o que estava fazendo ficando sutilmente atrás de mim como um covarde?

— Oh-Oh calma princesinha, não sou covarde e você sabe muito bem disso. Talvez devamos resolver as coisas como antigamente, lá fora e com os punhos.

— Me poupe Cristhian, você não poderia me vencer nem comigo estando vendada.

— Eu não teria tanta certeza, princesa.

Ele saiu andando me deixando sozinha e irritada.

Como ele pode ser tão babaca? Não consigo me imaginar trabalhando junto com ele por três semanas. Isso sim me parece uma missão impossível.

— Parece que vai sair fumaça de seus ouvidos a qualquer momento - disse uma voz grave ao meu lado — Santo Deus mulher, não precisa me bater - disse Joshua segurando minha mão.

Olhei para ela e depois de volta para ele, se ele percebeu meu sinal para soltar minha mão não demonstrou, mas ao invés de soltá-la à colocou em seu braço e começou a me conduzir pelo salão.

— Diga-me Pauline, porque anda tão assustada? - ele vai passando pelas pessoas distribuindo sorrisos e acenos com a cabeça.

— Não estou assustada e eu acho que o senhor deveria me chamar pelo sobrenome, seria mais decente.

Ele me lançou um olhar rápido de lado.

— Ah então você liga para o que a sociedade diz? - ele levantou uma sobrancelha em desafio.

— Claro que não, mas também não quero dar motivos desnecessários.

— Vou tentar não me ofender por ter sido chamado de desnecessário - ele me deu um sorriso zombeiro.

— Não foi o que eu quis dizer, eu...

— Boa noite Sr. Callow, é muito bom vê-lo novamente, lembra-se de minha filha Nataly? - me interrompeu uma senhora baixinha de cabelos negros e um sorriso angelical.

Imediatamente não gostei dela.

Joshua me deu um olhar engraçado e se virou para as recém chegadas.

— Boa noite Sra. Bryer, Srta. Nataly - Joshua fez uma pequena mensura.

— E quem é essa adoravel dama? - Sra. Bryer me olhou de cima à baixo.

— Senhoras está é Pauline, nova dama de companhia da princesa Clara e minha nova amiga.

Olhei para Joshua em choque. Não me lembrava de ter concordado com isso.

— É um prazer conhecê-las - digo fazendo uma mensura e engolindo minha réplica.

— Igualmente, agora Sr. Callow o senhor bem que poderia levar minha filha para dançar não é mesmo? Eu fico aqui com a Srta. Pauline.

Joshua olhou para mim como se estivesse em busca de permissão ou talvez para saber se eu não estava entrando em pânico. Pânico? Isso é a última coisa que eu estou sentindo agora.

— Será um prazer - Joshua pegou a mão de Nataly e a conduziu ao espaço de dança.

Os músicos da orquestra começaram uma música lenta e logo os casais já estavam dançando.

— Não formam um lindo casal? - disse a Sra. Bryer chegando mais perto.

Olhei para o casal em questão e os encontrei conversando, mas de repente Joshua olhou para mim e deu um sorriso.

Eu não posso deixar isso acontecer, não tenho espaço para isso agora. 

— Oh querida espero que não esteja apaixonada por ele, você é apenas uma humilde criada e não teria chance com alguém como ele. Minha filha está apaixonada e ela sempre consegue o que quer. Voce me entende?

Olhei profundamente em seus olhos castanhos escuros, aceitando seu desafio.

— Ah entendi perfeitamente, mas você pode ficar tranquila que eu não estou "apaixonada" pelo Sr. Callow. Mas, se eu estivesse você veria que eu não desisto até conseguir o que quero, e não deixo nada me atrapalhar.

Estávamos nos encarando quando Joshua e Nataly se juntaram a nós novamente.

— Está tudo bem aqui? - Joshua perguntou me olhando no fundo dos olhos.

— Claro, por que não estaria? Bom mais uma vez foi um prazer conhecê-las, mas tenho que ver se a princesa precisa de mim, sua humilde criada.

Virei-me e sai andando sem olhar para trás, mas não consegui segurar o sorriso que começou a brotar lentamente em meus lábios.

Greenwood - Nem tudo é o que parece ser. [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora