Capítulo 10

68 15 2
                                    

Princesa Clara e eu estávamos sentadas em um banco no meio do jardim enquanto ela recuperava seu fôlego.

Estava no meio de sua aula de esgrima quando alegou cansaço e pediu uma pausa. Confesso que a achei muito distraida, mal tinha começado a aula e ela já havia sido surpreendida pelo seu tutor.

Por anos fui treinada com pulso firme e sem misericórdia, não tinha o luxo de pedir uma pausa. Talvez essa seja uma das razões pela qual eu sou considerada ótima em meu trabalho.

Olhei para a princesa que estava sentada um pouco próxima de mim, ela pareceu sentir meu olhar, pois se voltou para mim.

— Você deve estar me achando muito fraca - um sorriso zombeiro brota em seus lábios.

— Jamais, alteza - disse lhe devolvendo o sorriso.

— É difícil me concentrar com duas pessoas experientes observando cada passo meu.

— Só vejo uma, seu tutor - olhei diretamente em seus olhos com desconfiança.

— Seu tio não a havia ensinado como se defender? - assenti — Isso já é ser experiente para mim.

— Oh a senhorita sabe lutar? - perguntou o tutor de esgrima da princesa.

De foi que ele saiu? Podia jurar que ainda estava do outro lado do jardim.

— A princesa exagerou muito em sua fala - disse lhe olhando de cima à baixo — Apenas sei como me proteger se alguém maior do que eu quiser se aproveitar.

— Interessante, Paul Adams a seu dispor, mas pode me chamar de Paul - fez uma mensura, pegou minha mão e a beijou — Gostaria de me mostrar o que sabe? Até que a princesa esteja descansada, claro.

Olhei fundo em seus olhos e analisei meu oponente.

Era um homem que intimadava com seu tamanho, tinha cabelos escuros e olhos negros. Fui descendo meu olhar e parei em suas mãos, carregavam algumas cicatrizes, o que me fez ver que não lutava apenas para dar aula às princesas. Ele não parecia ter mais do que trinta anos.

Não poderia me dar o luxo de me exibir e me revelar, não é mesmo?

— Quem sabe em uma próxima oportunidade...

Antes que eu terminasse de falar fui puxada para cima e presa contra as costas de Paul.

— Como se libertaria disso? Imagine que tem uma faca pressionada contra sua garganta - e para enfatizar colocou um dedo na lateral da minha garganta como se fosse uma faca.

— Creio que não há necessidade, aliás quem deve receber uma aula é a princesa...

— TIC TIC TIC, seu tempo está acabando - disse Paul começando a pressionar mais forte o dedo em minha garganta.

Ficando irritada resolvi acabar logo com isso, mas não do jeito perfeito.

Fingi um desmaio o que o fez perder um pouco a concentração e diminuir a pressão do dedo, sem perder tempo pisei com força em seu pé o que lhe arrancou um grunhido. Aproveitando sua distração sai de seu aperto, fiquei de frente para ele e lhe dei uma joelhada no estômago, não muito forte, mas o suficiente para lhe deixar com o estômago dolorido pelo resto do dia.

Percebendo que tinha plateia, me virei e encontrei a princesa com mais três criados em volta... aplaudindo.

— Você foi incrível Pauline, não conhecia essa técnica do desmaio - disse a princesa se aproximando — E você nem está suando.

Olhei para minha roupa que nem sequer amassou.

— Não foi uma luta longa, nem o Sr. Paul suou.

Greenwood - Nem tudo é o que parece ser. [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora