Quarenta e Seis

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O dia já estava amanhecendo quando Miguel abriu os olhos para olhar a hora em seu celular. Parecia que seu corpo havia sido reiniciado e voltado a normalidade. Ele esfregou os olhos, sentou-se na beirada da cama e se pôs a pensar em tudo que poderia acontecer no decorrer do dia:

"Eu só que quero ele em meus braços novamente, sentir seu cheiro, tocar em sua pele e saber que ele está seguro."

Tomando a iniciativa de se levantar por completo, o loiro saiu da cama e se dirigiu a cozinha onde encontrou Ricardo falando baixo com alguém no telefone:

– Não eu... – tentava argumentar calmamente. – Mas é um caso sério.

Ele acenou para que Miguel se senta-se a mesa para fazer a sua primeira refeição do dia:

– Mais tarde a gente conversa tudo bem? – ele respirou fundo e desligou.
– Problemas?
– Minha esposa. Ainda não esclareci totalmente porque minha ausência na nossa lua de mel. – disse se sentando.
– Eu me sinto mal por saber que isso está te atrapalhando.
– Não há problema algum para mim. Eu estou fazendo mais pelo Caio.
– É eu sei... Você gosta muito dele.
– Sim, muito. Mas ele ama você e eu não posso mudar isso. Mas acima de tudo, eu de forma alguma não iria intervir em uma situação como essa envolvendo ele.
– Eu só tenho a te agradecer. – Miguel estava um pouco abatido.
– A forma de você me agradecer – disse olhando fundo nos olhos de Miguel. – é fazendo ele feliz. Já te disse isso. Agora coma bem e pois a primeira ação será feita daqui uma hora. Meus detetives já entraram em contato com o delegado e ele disse que vai intervir a qualquer momento. Então precisamos estar atentos e prontos.

Ricardo sorriu com o intuito de passar segurança para Miguel que não parecia muito confiante.

Distante dali, Caio estava em uma cama que não era a sua. Ele não tido uma noite de sono completa pois ainda sentia dores e a cada vez que seus olhos se fechavam ele acordava com um pesadelo diferente. O hambiente hostil o incomodava ao ponto de sua mente se negar do que estava acontecendo. O garoto estava tentando entender o que estava passando ali naquele momento, James agora era um sequestrador maníaco e psicopata. Um cara totalmente diferente do passado, com uma personalidade diferente daquela com que ele fez contato pela primeira vez.
Com o som dos passos, o Caio já deduzia que ele estava vindo:

– Bom dia.

James estava descendo as escadas calmamente, observando se o garoto dormia ou não:

– Espero não ter te acordado.
– Não, você não me acordou.

Ele parou de frente para a cama e olhou fixamente para o garoto na sua posição mais frágil:

– Eu ainda me arrependo do que eu fiz com você ontem a noite. Eu me descontei e acabei fazendo besteira.

Agora ele parecia o mesmo do que era no passado, alguém gentil e que não intimidava com o olhar:

– James eu só quero entender. – o garoto respirou fundo e se sentou na cama.
– Eu não sei. Eu... Eu só quero... – ele não conseguia argumentar nada que defendesse suas ações. – Eu posso me sentar perto de você?

Caio concentiu:

– Senta. Eu preciso ver essa merda que eu fiz com você. – Caio sentou se de frente para ele. – Isso tá bem feio. Eu nem sei o que dizer mas eu posso tentar outra coisa.

Caio o observava atentamente:

– Você pode... – disse procurando algo debaixo da cama. – Me bater com isso.
– Eu não vou te agredir com um pedaço de ferro. Por mais que você tenha me feito mal eu não consigo sentir raiva de você.
– Eu me sinto pior do que se você tivesse se vingado agora. – disse se sentando novamente.
– Você está mudado. Você já não é a mesma pessoa de antes. – o tom de voz remetia a uma decepção. – Você raspou o cabelo, tá mais magro e seu rosto perdeu a serenidade que tinha... Quando foi que você ficou assim?

James ficou cabisbaixo, ele não conseguia olhar diretamente para o garoto pois suas palavras eram algo que o tocavam profundamente:

– Eu passei por algumas paradas depois que fui embora. A vida é um campo de batalha onde só os fortes irão sobreviver e eu tive que me tornar forte.

Sem avisar, o garoto tocou o cabelo raspado de James e o acariciou de uma forma acolhedora:

– Eu sei que suas escolhas te levaram a fazer coisas horríveis mas isso não precisa terminar assim?
– Terminar?! – ele se levantou rápido. – Isso não vai terminar meu anjo. Eu e você agora estamos juntos pelo resto de nossas vidas. Podemos contar um com o outro e viver até os últimos dias.
– James vai na real. – o garoto se levantou e ficou de frente com ele. – Alguém vai descobrir alguma coisa e vai te denunciar. Você não pode esconder uma pessoa por muito tempo em um cativeiro. A vizinhança é observadora e uma hora eles vão descobrir.
– Por isso vamos trabalhar isso. Você não vai ficar aqui em baixo para sempre. Com o tempo você vai se acostumar e vai assumir as obrigações da casa e ninguém vai desconfiar de nada.
– Você é louco. – ele virou as costas para James.
– Escuta aqui. – disse o agarrando em uma chave de braço. – Eu ainda gosto muito de você mas isso não me impede de te dar uns socos quando você não me obedecer. A cidade é pequena e ninguém aqui vai escutar você gritando quando for torturado até não aguentar mais. Você vai fazer tudo o que eu mandar seja por bem ou seja por mal.

James o jogou na cama e correu para as escadas, logo a pós alguns segundos ele voltou com algumas coisas em mãos:

– Tá vendo isso aqui? – disse segurando um aparelho de choque. – Esse é o primeiro passo pra você. Vou pegar leve mas só agora disse rindo.

Enquanto falava ele apertava o botão que disparava descargas elétricas que assustavam muito o garoto:

– Já que você reconhece que sou louco. Vamos fazer alguns testes desse aparelho.
– Desgraçado! Maldito!

Ele se divertia com o medo que estava provocando em Caio. Enquanto se aproximava ele ia acionando o aparelho faznendo com que o garoto recuasse até o ponto em que não dava mais:

– Agora que você já sabe do que eu sou capaz. Espero que colabore pois isso vai ser de bom agradado não só para mim mas para você também.


























































































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