Caio

Oito

– Coloquei um remédio para desinchar e passar a dor. Não quebrou nada Caio, mas fique de repouso por uns dois dias. – disse a enfermeira.
– Não sei como eu fui burro para ofender o Ricardo daquele jeito. – Caio estava sentado no leito, colocando gelo no nariz. – Quem estava brigando com ele depois que eu caí?
– Um garoto alto de cabelos castanhos, muito bonito. – Mariana não conhecia James ainda.
– Ah não, porque ele fez isso? Aquele idiota...
– Quem Caio?
– James, você não o conhece ainda Mariana mas é o garoto pelo qual eu estou apaixonado. – Mariana estava com uma cara de espanto. – Que foi?
– É que agora, desse jeito que você falou, eu me dei conta de que você está num conto de fadas. – ela riu.
– Porquê?
– O príncipe bonitão se apaixona por você e faz de tudo para te proteger. Isso é de mais!
– Nada a ver Mari, você está delirando. Acho que também levou  soco...
– Não seja sarcástico primo, você que é ingênuo. Tem dois garotos lindos nos seus pés e você fica aí fazendo charme.
– Não to fazendo charme! E sabe, não tenho certeza se aquele perfil é mesmo do Ricardo.
– Pera, o mesmo Ricardo que te bateu agora pouco?
– É! Agora sim, eu estou desconfiado se é realmente ele que usa aquele perfil...
– Não pense nisso agora, tia Camila já está vindo nos buscar.
– Quê? Você contou pra ela? Ela vai ficar louca por causa desse nariz!
– Não fui eu, foi o colégio! Eles devem dar uma explicação para ela. Você não fez nada, levou um soco atoa daquele troglodita.
– Não... Eu o provoquei...
– Ah Caio – Mariana respirou fundo. – não tem jeito com você.

A enfermeira liberou o garoto depois de aplicar um pouco mais de remédio. Mariana o levou para a portaria, que ficava perto da sala do diretor. Eles se sentaram em um banco, e aguardaram a chegada de Camila.

Dentro da sala do diretor, James e Ricardo tentavam se explicar para diminuir a punição que levariam:

– Eu não fiz nada! Esse maluco veio pra cima de mim do nada! – disse Ricardo.
– Mas o quê?! Você que começou a confusão toda batendo em um garoto mais fraco que você! Eu só tentei ajuda-lo!
– Silêncio os dois! Vocês agiram totalmente errado hoje, não se resolve nada na pancadaria... Você James, agiu errado em tentar proteger aquele garoto, – James fechou a cara. – e você Ricardo, está mais errado ainda em agredir alguém sem motivo.
– Mas... – Ricardo começou a falar mas pensou bem antes de terminar a frase.
– Os dois estão suspensos por uma semana, e quando voltarem ficarão na detenção por uma semana também.
– Não é justo, meu histórico escolar vai ser manchado por causa disso. – James retrucou.
– Infelizmente sim James, mas seu histórico já está se manchando a algum tempo, precisamos ter uma conversa depois.

James sabia que o diretor descobrira alguma coisa sobre seus vícios. Ultimamente ele vinha matando aula com freqüência e isso alguma hora ia gerar desconfiança de alguém.

O diretor fez questão de que os garotos ae desculpassem com Caio. Eles saíram da sala e encontram-no sentado perto da portaria:

– Caio. – o diretor veio em sua direção. – Os garotos tem algo para te dizer.
– Foi mal cara, eu fiz errado mesmo que foi tentando te proteger. – James estava sem jeito e parecia preocupado com o garoto.
– Não tem problema James. Eu sei das suas intenções.

Ricardo observava a conversa dos dois uma cara de nojo:

– E você o quem tem a dizer? – o diretor perguntou ao outro que estava do lado.
– Desculpa. – foi um pedido meio seco com um tom de raiva, mas Caio aceitou.
– Ricardo você está liberado, a minha secretária está preparando a sua suspensão. James me acompanhe por favor.

James estava com um semblante de preocupação e Caio sabia que alguma coisa séria aconteceu com ele.

Camila chegou pouco tempo depois que o diretor se retirou, ela foi até sua sala e conversou com ele sobre a confusão envolvendo seu sobrinho. Ela ficou furiosa e ameaçou processar o colégio, com medo de manchar a reputação impecável, o diretor contornou a situação e a acalmou dizendo que o culpado iria receber a punição merecida. Camila saiu de lá não muito convencida e levou os sobrinhos para casa:

– Que dor... – Caio reclamou sentado no sofá.
– Querido vou pegar mais gelo pra você.
– ela foi até a cozinha e pegou uma compressa de gelo e deu ao garoto. – Não posso ficar aqui querido, tenho que voltar para o trabalho e o pai da Mariana pediu que ela fosse visita-lo já que ele chegou de viagem hoje.
– Tudo bem tia, eu posso me cuidar por umas horinhas.
– Vou fazer o possível para voltar mais cedo, fique quietinho e não faça esforço.
– Até mais primo. – Mariana se despediu.
– Até mais Mari.

Caio tirou o tênis e se deitou no sofá, seus olhos começaram a lacrimejar quando lembrou que foi James que o protegeu de apanhar mais. Ele não entendia porque Ricardo fez aquilo, não tinha motivo para ter toda aquela raiva, mas também poderia ser outra coisa...
Caio adormeceu por alguns minutos, logo foi despertado com o som da campainha. Ele se levantou com certa dificuldade e foi atender a porta:

– O que você está fazendo aqui? – disse com raiva.
– Eu vim me desculpar direito.

Ricardo estava escorado no batente da porta, ele parecia estar sincero ao dizer que queria se desculpar, mas Caio não acreditou e tentou fechar a porta, Ricardo colocou o pé impedindo que ela se fechasse:

– Caio, por favor não dificulta as coisas...
– Como é que é? Eu "não dificultar as coisas"? Você só pode ser louco! Primeiro me suja todo de refrigerante, depois me bate e agora vem na minha casa como se não fosse nada?! Sai daqui!
– Não, eu não vou. – ele forçou a entrada. – Sua tia não está né?
– Não, ela foi trabalhar. Minha tia trabalha igual uma louca para pagar esses juros absurdos que seu pai cobra.
– Não vim aqui para falar desse assunto.

Ricardo colocou o capacete em cima da mesinha de centro, tirou sua jaqueta preta e se sentou no sofá:

– Eu preciso conversar sério com você.

Gente, desculpa... Era para o capitulo ter saído ontem, mas eu tive uns compromissos por isso não escrevi. Mas por isso vou soltar um capítulo bônus hoje se vocês quiserem.