I Surrender, Dear

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Addison POV

Enxugo uma lágrima que escapa dos meus olhos.

A tentativa de salvar meu casamento acabou com uma proposta de visitas mensais e um sexo frustrante com meu próprio marido.

Jake já não me fazia perder o ar, nem meu coração bater.

O nosso primeiro toque após ele desembarcar em Seattle não foi nada além de um movimento vazio. Perceber que eu estava ali somente por Henry fazia meu coração doer.

Cinco vezes. Foram quatro beijos que me fizeram sentir nada além de uma obrigação, e um pensando nela.

Há quatro semanas que ela limita as suas palavras a assuntos relacionados somente ao trabalho. Há quatro semanas que a sua indiferença me quebra em pedaços, e mesmo que eu não transpareça, eu sempre acabo como estou agora. Acordada às 3 da manhã.

Encaro o teto enquanto ouço algumas gotas de chuva batendo repetidamente na minha janela. Já chove há três dias, e a previsão não é favorável para os próximos. Eu já havia me esquecido como o clima dessa cidade pode ser insuportável às vezes, mas agora esse é o menor dos meus problemas.

Eu poderia sair na chuva se ela me chamasse.

Era uma noite de quinta em Los Angeles e eu havia acabado de sair de uma cirurgia longa. Ir para casa e ter uma discussão com Jake era algo que eu estava adiando o máximo que podia, todos os dias. Então, me sentei no silêncio do meu escritório. Ali era onde eu ficava e tentava entender o que levou minha alegria embora de mim.

Três dos melhores e mais caros psicólogos de Santa Monica, e todos com a mesma resposta: você está saudável, só precisa achar a mudança dentro de você. E toda vez que eu olhava para dentro de mim, ela estava lá. Com uma taça de vinho e feliz.

Um mês após os acontecimentos de Boston, eu já havia aceitado que nunca mais encontraria ela. Ali, cansada e frustrada, eu abri a notificação que fez meu ar escasso. Uma simples notificação que fez uma corrente de energia, esperança e vontade de fazer as malas, tudo ao mesmo tempo, passar pelo meu corpo.

Sem pensar muito e perceber que já era tarde, disquei o número de Richard e aceitei a proposta que ele havia feito há duas semanas. Sonolento, ele me deu as boas-vindas. Eu estava voltando.

Às 23h45 daquela quinta-feira, eu achei a mudança que procurava. Ela estava lá, a 1.133km de mim, no Grey+Sloan Memorial Hospital.

Eu não sei como deixei isso acontecer, mas eu tenho sentimentos por Meredith Grey. Eu estou pensando na mulher que um dia acabou com o meu primeiro casamento, e agora está acabando com o segundo. Mas agora, ao invés de querê-la longe de mim, eu a quero aqui. Do meu lado, nua, e sorrindo.

Eu abaixo meus escudos. Eu não quero mais lutar.

Eu me entrego à Meredith Grey.

Not In The CardsOnde histórias criam vida. Descubra agora