— Uma garrafa de vinho para o 1280, por favor.
Aciono o serviço de quarto enquanto desfruto da cama queen size do Hyatt Regency Columbus. Devo admitir, Bailey é ótima em reservar hotéis.
Meu voo foi estranhamente tranquilo para uma quarta-feira. Passei a metade do tempo dormindo, e a outra estudando minhas aulas. Agora são 19:32 em Ohio e, enquanto há um jantar badalado no hotel, eu só quero ficar no meu quarto.
A minha garrafa de vinho chega e me sirvo de uma taça generosa. Eu mereço isso. Estou feliz que minhas pesquisas estão sendo reconhecidas e meu trabalho anda gerando frutos para o hospital. Estou feliz por estar inspirando e ensinando jovens médicos. Estou feliz pelo o que aconteceu com Addison, por mais que isso seja uma loucura.
Addison. A última coisa que eu imaginaria no mundo. É algo que simplesmente não estava nas cartas. Nós poderíamos ter ficado amigas, poderíamos ter nos odiado para sempre ou só voltado a trabalhar juntas. Mas eu nunca pensaria que transaria com ela, e ainda ouviria que ela voltou para Seattle por mim. Espero entender aos poucos.
Tenho medo que isso seja apenas um surto e que em breve ela grite como louca que isso nunca deveria ter acontecido. Tenho medo de mim, principalmente, por me deixar envolver. Ontem eu passei uma das melhores noites da minha vida, sim. Addison é experiente, e me fez me sentir especial e desejada, algo que não sentia há algum tempo.
19:32h aqui, 16:32 em Seattle. Ainda não dei sinal de vida desde que aterrisei. Nem ela me mandou uma mensagem ou ligou. Acho que esse é o tempo que precisamos para digerir as coisas.
21:28h. Tento me concentrar nos meus resumos, mas me parece impossível. A imagem de Addison sempre vem à minha cabeça. Minha garrafa de vinho já está pela metade e sinto os primeiros sinais de exaustão. Não vou insistir muito no meu trabalho, melhor terminar isso pela manhã. Guardo meu MacBook e meus cadernos e vou me preparar para uma boa noite de sono.
• • •
Acordo assustada com meu telefone tocando perto do travesseiro. Droga. Encontro ele com certa dificuldade, ainda envolvida pelo sono. Olho a hora antes de atender. 03:12h.
Addison Montgomery
MobileQuê...? Será que ela não sabe que aqui são 3 da manhã? Suspiro e decido atender.
— Alô? — Digo, com uma voz de recém despertada e mal humorada.
Ouço uma agitação e falatórios que sou incapaz de entender. Ela está em uma festa? Não... Me parece o hospital. Sento na cama, começando a ficar um pouco preocupada.
— Addison??? — Tento mais uma vez, esperando uma resposta. Ouço alguém que parece Bailey falar com ela. "Ok... Só um minuto." é o que entendo da voz de Addison antes de aparentemente ela se afastar do tumulto e voltar a sua atenção para mim.
— Mer? — Finalmente ela diz.
— O que está acontecendo? Onde você está? — Pergunto.
— Me desculpe... Meredith... — Ela hesita e me deixa mais nervosa.
— Fala logo, Addison! — Grito.
— Estou no hospital. Ok... Meredith... — Ela dá uma pausa. — Jo e Alex sofreram um acidente.
— O QUÊ? — Pulo da cama e tento processar o que ela acabou de dizer.
— Mer... me ouça. Por favor. — Addison parece calma demais.
— Merda, eu estou ouvindo, Addison! — Digo, sem paciência. — Deus... desculpe.
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Not In The Cards
RomanceEm meio a uma grande crise com perdas significativas, o amor pela medicina é o que mantém o hospital e as esperanças de Meredith Grey vivos. E é esse amor que, aos poucos, irá reerguer a reputação do Grey Sloan Memorial... e trazer para a vida de M...