Goodbye To My Santa Monica Dream

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"Goodbye to my Santa Monica dream
Fifteen kids in the backyard drinking wine
You tell me stories of the sea
And the ones you left behind "

Angus & Julia Stone - Santa Monica Dream


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Addison POV

Era como se eu tivesse tanto para falar, mas as palavras insistiam em ficar enterradas no fundo da minha garganta.  

— Droga, olha aqui... Olha no fundo dos meus olhos. Me diz o que te falta. É algo que eu fiz? É algo que eu deixei de fazer? Me dá uma pista, Addison.

Ele está sentado de frente para mim e os seus olhos lutam para manter a lágrima que quer escorrer. Jake não aguentava mais um minuto daquilo.

Eu tenho uma conta bancária generosa, uma casa dos sonhos, carros caros na garagem e um emprego que me permite comprar qualquer coisa que esteja à venda. Eu tenho uma família linda e pessoas que me amam. Mas algo continua me incomodando bem em cima do estômago, onde tem aquele negócio ingênio que pulsa. Quando a vida te esvazia por dentro, não há nada que se possa fazer.

Há algum tempo deixei de sentir o que me mantinha viva e Los Angeles não me parece mais tão quente assim. Há uma ansiedade que mastiga o meu peito que é quase impossível de suportar. Me falta algo, e eu não sei o que é.

Estou imóvel na cozinha tentando sentir qualquer coisa que me faça subir à borda e me agarrar novamente à minha vida. Jake continua falando algo que a minha apatia é incapaz de processar e meu estômago se revira em culpa por eu estar magoando o homem que daria o mundo por mim. Mas entre nós passou a existir um caminho intransitável que nos separa a cada minuto que passa.

O convite para Boston foi minha esperança e oportunidade de passar alguns dias sozinha. Talvez eu só precisasse estar em algum lugar onde eu não era obrigada a ser feliz o tempo inteiro. Talvez eu só precisasse respirar um pouco de algo que não fosse a Califórnia. Talvez. E depois, tudo ficaria bem. 

Eu só queria um drink a mais. Um maldito drink. Mas tudo que eu vi foram os olhos verdes vidrados na taça de champagne e não tive dúvidas de quem se tratava. Era Meredith Grey. Hesitei em me aproximar e por um instante quis dar meia volta e desistir da minha bebida. Eu não falava com Grey há anos. Hoje, ela era apenas alguém que eu conhecia através de artigos e publicações.

Me aproximar dela era um jogo que eu entrei sem saber como jogar. Era revirar o passado em uma busca triste e desesperada por algo que me fizesse ter fôlego novamente. Me aproximar de Meredith era para ser algo somente sobre mim. Eu fui egoísta, e acabei pagando um preço alto demais.

E lá eu estava, de frente para uma Grey mulher, chefe de cirurgia geral e mãe. Alguém que eu estava conhecendo novamente, apesar de saber que o peso do que vivemos ainda influenciava no modo como as coisas estavam acontecendo entre nós. Algo em mim mantinha a curiosidade em Grey, e esse algo tomou proporções assustadoras naquela mesa no coração de Boston.

Assistir Meredith foi como se eu estivesse em um espetáculo produzido sob encomenda para mim.

Ela cresceu, mas a mesma Meredith que eu peguei com Derek naquela noite ainda estava dentro dela. Uma Grey adolescente, ainda com um brilho intenso nos olhos; um brilho que eu havia perdido há algum tempo. Uma Grey sincera, que não tinha medo de expor as suas fraquezas, aproveitava cada minuto daquela noite como se fosse a última e observava a cidade como se fosse a primeira vez que via tantas luzes juntas. Uma mulher terminando a sua sexta taça de vinho, sem se preocupar como seria a manhã do dia seguinte e com os olhares que recebia das pessoas ao redor. Mas eu me preocupava demais em ser a Addison Montgomery para deixar meus escudos caírem.

Eu me preocupei demais em ser a Addison que hoje eu sou e isso me transformou em algo triste, frio e quase sem vida. Eu era uma máquina de fazer dinheiro que passava o dia entre salas de cirurgias e reuniões. Eu mal me recordo da última vez em que tive uma noite agradável com a minha própria família. E é esse motivo que me traz aqui, culpada e de frente para Jake, que só me pede uma explicação sobre o que me levou embora de mim. E consequentemente, dele.

— Então, é isso? É tão ruim assim que você não possa me falar? Tudo bem, Addison. Amanhã você conta ao Henry que a mãe dele está indo embora. — Jake levanta em revolta ao meu silêncio e vai em direção às escadas.

— Eu não estou indo embora, Jake! São só alguns meses! — É a única coisa que eu consigo dizer e isso o faz se virar novamente.

— Você está, Addison. Talvez eu te conheça melhor do que você conheça a si mesma. — Ele diz em um tom de lamento e me deixa sozinha na cozinha.

Talvez ele esteja certo.

Eu não quero deixar a minha família, mas eu já estava fazendo isso mesmo estando ao lado dela. E o pouco de mim que ainda morava aqui, ficou lá em Boston. No terraço do Lookout Rooftop & Bar.

Desde aquele domingo quente eu venho pensando em Meredith Grey. Em como ela abriu os meus olhos sendo apenas ela. Sendo alguém que eu não queria ser, mas que eu queria estar perto. Que, pela primeira vez em algum tempo, me fez sorrir o caminho inteiro de volta. E que continua me fazendo sorrir toda vez que eu tomo uma taça de Pinot Noir ou vejo um táxi parado na calçada.

São quase 2 da manhã, eu tenho as malas prontas no hall de entrada e uma vaga de chefe de cirurgia fetal e neo-natal oferecida por Richard e Miranda Bailey. Eu tenho uma decisão tomada e um abraço engasgado que fui orgulhosa demais para dar à Meredith naquela noite.

Eu finalmente podia me mover.  E tenho uma passagem de ida para Seattle marcada para daqui a dois dias.

Not In The CardsOnde histórias criam vida. Descubra agora