Storm

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10 dias se passaram após o acidente. Jo continua em coma, e eu estou revezando os dias no hospital com Alex. Ficar ao lado dele nesse momento é essencial.

Estou a caminho do Grey Sloan e chove bastante em Seattle. Hoje passarei a noite, torcendo para que tenhamos boas notícias e Jo acorde. Alex está perdendo as esperanças e, sinceramente, eu também. Não tivemos algum sinal de melhora nessa última semana. Ao menos o bebê está bem, sendo monitorado por Addison.

Addison.

10 dias se passaram sem que ela trocasse uma palavra casual comigo. Eu estava evitando passar a noite no hospital, visto que ela está fazendo plantão no caso de Wilson. Então, encontro ela durante as visitas de rotina, quase sempre acompanhada de um interno ou de Carina.

Foram duas vezes que tentei conversar com ela, mas seu esforço para me manter no papel de acompanhante da paciente foi grande e bem sucedido. Seu olhar ainda era frio, e posso dizer que magoei Montgomery. Nunca havia a visto desse jeito. Nem depois de tudo o que a gente viveu, muito menos quando ela descobriu sobre mim e Derek. Essa situação só piora as coisas para mim, e não consigo dormir direito há 10 dias. Malditos 10 dias. 

Estaciono meu carro no estacionamento do hospital e respiro fundo. A chuva não para de cair. Dou uma checada ao redor, procurando se há algum conhecido com um guarda-chuva e que eu possa aproveitar para caminhar junto. Mas são 21h45 e essa hora já não há muita movimentação na entrada principal. Me preparo para correr e me molhar o menos possível. Tento usar meu casaco como uma cobertura, mas sem sucesso. A chuva é torrencial e o vento só piora as coisas.

Chego no saguão e percebo que estou molhada e nada é mais humilhante. Não trouxe roupas extras, visto que o plano é ficar até Alex chegar pela manhã. Pego o elevador sob os olhares de alguns internos e chego ao andar onde está Jo.

Caminho até o seu quarto. As persianas estão fechadas, então penso que não há ninguém em sua companhia, o que é um alívio. Posso finalmente ter uma noite de privacidade, longe de qualquer curioso e de Montgomery.

Respiro fundo e abro a porta cuidadosamente. Alguns costumes nós nunca perdemos. A única luz vem dos aparelhos e das frestas da cortina que está protegendo a janela. Meu instinto é caminhar até a poltrona de acompanhantes e deixar minha bolsa, conferir Jo e tirar essas roupas molhadas. E a única opção seria a roupa do hospital.

Dois passos e finalmente reparo o rosto semi-iluminado, dormindo, com um semblante de paz, recostado no sofá. Um rosto sendo beijado pelo feixe de luz que vem da rua, como se esse feixe buscasse o caminho exato até ele. E não tenho dúvida que ele tenha feito isso.

Addison é uma obra de arte e qualquer coisa lutaria para tocá-la, sentí-la. Eu continuo parada, a observando. Sua prancheta largada no seu colo, revelando o momento exato do seu sono. Sua respiração é suave e acompanhá-la me acalma. Mas seus braços estão cruzados e presumo que ela está com frio. Sinto um aperto no peito, como um instinto materno, e a primeira coisa que faz meus olhos desviarem dela é o par de cobertores extras deixados no armário na parede lateral.

Vou até ele, o retirando da prateleira. Paro por mais alguns segundos para admirá-la, e a cubro cuidadosamente. Ela se mexe devagar e eu peço aos céus para que ela não acorde. Mas nem todo o meu pedido e cuidado foram suficientes.

Addison abre seus olhos e, sonolenta, demora um pouco para entender o que acontecia ali. Seu primeiro instinto foi de procurar a sua prancheta onde anotava os sinais vitais de Jo. Depois, reparou o cobertor e finalmente olhou para mim. Ali, parada ao seu lado, como uma criança assustada que não sabe o que fazer.

Minhas roupas e meu cabelo ainda estão molhados, e o ar condicionado gelado do quarto já me faz tremer de frio. Ela ainda está na mesma posição e sua expressão confusa antecede sua voz rouca de sono.

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⏰ Última atualização: Dec 28, 2019 ⏰

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