4 Investigando

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Não conseguia mais prestar atenção em nada.
Logo que o tour começou, aproveitei para auxiliar nosso professor, e meu pai deu seu jeitinho de liberar os pais de alguns alunos para poderem dar uma explicação rápida sobre suas funções. No meio do percurso, pedi ao professor para ir ver meu pai, gostaria de saber se ele poderia nos receber na sala de reuniões do último andar, já que a do penúltimo estava ocupada, e assim fiz. E qual foi minha surpresa ao chegar na sala dele e o encontrar com uma belíssima moça, ela parecia um anjo com os olhos cor de mel.
Fiquei paralisado: cor de mel.
Os olhos dela eram âmbar.
Sem pudor algum, a avaliei de cima a baixo, completamente chocado com a semelhança de alguns aspectos físicos. Ela ficou visivelmente sem graça, mas logo após trocar breves palavras, partiu!

_qual seu nome? – perguntei sentando-me, assimilando o que tinha acontecido.

_Antonella! – meu pai respondeu – Antonella Fitzpatrick!

_é um bonito nome... – murmurei – onde ela mora?

_Enzo, não vou ficar dando informações privadas de uma funcionária! – respondeu suspirando – por mais que haja essa suspeita, é invasão de privacidade!

_vamos ter que invadir a privacidade dela de um jeito ou de outro! – rebati – pai, não me diga que não acredita nisso... As semelhanças são absurdas! E os olhos... Qual a probabilidade de acharmos alguém exatamente com esses olhos? Numa cidade como esta? É o que 0,002% de chance! – tentei fazer um cálculo estimado rapidamente – não podemos deixar uma chance como essa passar assim!

_eu entendo... Estou tão inclinado a violar a privacidade dela quanto você... – resmungou jogando-se na sua cadeira.

_ela tem a minha idade, como conseguiu permissão para trabalhar? Porque estava aqui? – indaguei curioso.

_quando deixei você na recepção, ela correu para entrar no elevador! Ficamos presos lá durante o treinamento, e ela acabou confessando! Veio para a vaga de jovem aprendiz, pois assim continuaria estudando e ganharia a quantia da bolsa para custear seus estudos, mas na realidade seu desejo era uma vaga de emprego! – explicou-me – de fato ela é menor de idade, porém emancipada, e precisa sustentar um filho!

_ela tem um filho? – perguntei perplexo.

_sim! – suspirou e um sorriso brotou em seus olhos – seu nome é Lorenzo... Ele é lindo... – murmurou – idêntico a você quando era menor, e ele também tem olhos dourados!

_dourados? – meu pai apenas confirmou – qual a chance disso acontecer...

_quase nula... Enzo, meu filho, eu entendo seu desejo! Estou com a cabeça fervendo com as possibilidades... Porém temos que ir com calma! Ver aos poucos suas reações, ir conhecendo-a... Veja, a coloquei como minha AP, ela vai trabalhar diretamente comigo!

_na idade dela, e sem qualificação... – sorri, com sua expertise, ele já estava agindo – você é um gênio...

_irei ficar na empresa somente o necessário! Irei levar meu trabalho para casa, inventar uma desculpa qualquer, e vir somente quando for realmente preciso! Tony sabe como reger essa empresa com mãos de aço, e sempre vou estar passando por aqui! Com ela na nossa casa, vai ficar mais fácil de conhecê-la melhor! – declarou.

_no entanto, ela precisa acreditar que está trabalhando, e ganhando pelo seu trabalho! – conclui – perfeito! Acho que vou aceitar sua proposta de começar a vir mais vezes na empresa, quando você tiver! Preciso mesmo conhecer melhor a Casttle! – meu pai sorriu travesso.

_sei muito bem o que você quer conhecer, ou melhor, quem você quer conhecer! Até então o que sabemos é que ela é de menor, emancipada, mora só, tem um filho e já terminou a escola! – declarou expondo tudo o que sabia.

_pai... – o chamei após uma breve reflexão.

_sim...

_você acha que ela passa por algum tipo de dificuldade? – perguntei sentindo uma inquietação dentro de mim – ela ou seu filho... Para ela precisar trabalhar... – murmurei comigo mesmo – nada contra sua vontade, mas fiquei pensando nisso...

_ela disse que sobrevive com uma pensão que seu padrasto, falecido, lhe deixou! – explicou – droga, isso vai ficar rondando minha mente!

_poderíamos ajuda-la de alguma forma... Já fizemos isso antes por funcionários, podemos usar essa justificativa! – o lembrei, pois de fato a Casttle tinha um tratamento diferencial com os funcionários.

_isso pode funcionar... – ele parou para pensar por um momento – e o tour?

_está tudo bem... Você pode nos receber na sala de reuniões aqui? Já que a outra está ocupada... – suspirei – sinceramente, minha vontade é de sair correndo atrás dela, e implorar que ela faça um exame de DNA!

_não vai funcionar! – falou sorrindo derrotado.

_mas não custa tentar! – rebati bem humorado – talvez devêssemos contratar um detetive! – comentei.

_um detetive? – indagou-me.

_sim! Acho que se nós descobríssemos que na família dela atual, há pessoas com esse gene recessivo, nem precisaríamos ir mais a diante! Ainda que raro, basta um na família... Porém se descobríssemos que ela foi adotada, teremos uma pista a mais!

_você tem razão! – concordou animado, e começou a buscar algo em sua mesa.

_o que está procurando?

_o telefone de um amigo! – abriu umas duas gavetas, e na terceira achou uma agenda preta, e começou a folheá-la – estudamos juntos, hoje em dia ele é do FBI!

_uau! – exclamei – você vai envolver o FBI?

_talvez... Ele cuidou do caso de Elizabeth, e pediu que entrasse em contato caso houvesse alguma novidade! E essa é uma novidade! – pegou seu celular e discou um número, que ainda era desconhecido para mim – Pietro? – falou ao seu atendido, e colocou o telefone no viva voz – Cristian!

_hey, Cris! Como você está parceiro? – perguntou seu amigo.

_levando... E você? – o outro gargalhou.

_ansioso para a chegada do meu garoto! Bianca que não me ouça, mas ela está enorme e insuportável, e eu só consigo pensar em como continua perfeita para mim! Fui laçado até a alma! – declarou visivelmente contente.

_logo você... Destruidor de corações, colecionador de calcinhas... – meu pai o sacaneou, e ambos riram – Pietro felicidades!

_obrigada, mas creio que não foi para isso que me ligou! – comentou – diga, problemas com a justiça? Terei que ajudar você a fugir do país? – brincou.

_achamos um moça que talvez possa ser Elizabeth! – falei, antes de meu pai responder qualquer coisa.

_quem está ai? – a voz de Pietro ficou mais grave e séria – Cristian!

_meu filho, Enzo! – meu pai falou – e esse é o motivo, Pietro... Achamos uma moça, que pode ser Elizabeth!

_mas como?

_longa história, pra encurtar, ela precisava de um emprego, eu lhe dei um emprego, mas meu instinto falou mais alto e coloquei-a num cargo onde ela fique 90% do tempo em minhas vistas! – meu pai falou.

_e o que você sabe sobre ela? – Pietro perguntou.

_sei que ela é de menor, emancipada, tem um filho, mora só, seu padrasto é falecido, e seu único dependente é seu filho! Tenho endereço e tudo que é necessário para a contratação de um funcionário!

_e o que você quer de mim? – indagou por fim.

_não quero ser invasivo, mais do que já fui! Gostaria que você procurasse saber se ela foi adotada, ou se na família dela há alguém com olhos âmbar!

_espera ai, ela tem os olhos dourados? – perguntou – tipo, os seus olhos, dourados mesmo?

_dourados reais! – tomei a palavra – não são como aquelas lentes, as extremidades ainda revelam a cor! É realmente dourado... E os olhos do filho dela também! De acordo com meu pai... – dei a deixa.

_são dourados! – ele completou.

_então você só quer que eu procure saber isso?

_sim! Se ela não foi adotada, ou se tiver alguém na família... Deixaremos tudo como está! Ela com o emprego, e continuamos nossa busca! – meu pai falou – mas... Se ela foi adotada... Pietro, por favor...

_vou investigar! – declarou firme – revirar a vida dela por completo, preciso que me mande tudo o que tem para o meu e-mail pessoal!

_não sei como te agradecer! – meu pai falou – vou ficar te devendo!

_vou cobrar! – rebateu e suspirou – puta merda, mande logo isso, fiquei ansioso com esta informação! Estou aguardando, Cristian, para agora! – e desligou.

_ele ficou animado... – comentei, enquanto meu pai usava seu notebook para enviar os arquivos para Pietro.

_sim! – respondeu – ele se culpa por nunca ter achado um rastro qualquer dos sequestradores, ou de Elizabeth, e mesmo quando o caso foi engavetado, Pietro continuou investigando por conta própria, pois assim como nós, ele quer trazer nossa garota de volta!

O dia mal tinha começado, e eu já me sentia esgotado, somente com a tarefa dificílima de aguardar informações e não fazer nada a respeito de Antonella.
Antonella... No fundo, mesmo que não fosse verdade, eu a teria como minha metade perdida, e cuidaria dela.





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