6 Rotina

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Acordei as 05:30 com o choramingar de Lorenzo, alertando-me sobre sua fome. Meu filho era pontual, dormia como um anjo todas as noites, mas acordava-me cedo, faminto; escovei os dentes rapidamente, e o peguei no colo para lhe dar de mamar, sempre ficava embasbacada com seus olhinhos sonolentos fitando-me com um amor imensurável.
Ele era minha vida.
Depois de amamenta-lo, lhe dei banho com a agua morninha, e troquei sua roupinha o colocando na cama, enquanto tomava banho numa velocidade incrível. Precisava ir a Casttle levar meus documentos, porém não tinha com quem deixar Lorenzo, Dinda estava de partida para a casa dos filhos, e eu não a impediria de ir, ela fez mais por mim em 2 anos, do que qualquer pessoa fez em toda minha vida. Ajudou-me quando lhe contei que estava gravida, foi uma figura presente no parto e nos primeiros meses. Agora que Lorenzo estava com quase 2 anos, ela ficava com ele quando eu precisava ir a escola ou fazer alguma prova, até mesmo ir em busca de um emprego, ou uma oportunidade para crescer. Me vesti, colocando um vans preto, calça jeans, camiseta e um casaco leve, coloquei uma das melhores roupas em Lorenzo, deixando-o irresistível, tênis, calça jeans, e uma camisa polo preta: meu filho era lindo demais.
Preparei um café forte para mim, o qual tomei acompanhado de torradas, enquanto dava mingau para meu bebê. Em seguida preparei uma mamadeira reserva, e a bolsa com suas coisas de bebê, atraquei a mochilinha em minhas costas e o coloquei nela, carregando-o como um macaquinho em meu peito, ele aproveitou para apoiar sua cabecinha em meu colo e tirar mais uma soneca. Peguei meus documentos, e sua bolsa, saindo em seguida. Ainda estava cedo e o ônibus ainda demoraria alguns minutos para passar.
Assim que subi no ônibus, um jovem educado, levantou-se e deu o lugar para mim, o coletivo estava lotado, e a viagem seria longa, se estivesse sozinha não tinha problema, mas meu príncipe pesava, e eu não aguentaria a viagem inteira em pé.
Quando cheguei a Casttle, tentei passar despercebida, indo em direção ao RH, e estava tendo sucesso, entrei no elevador e a porta estava quase se fechando, quando alguém segurou a porta. Respirei fundo, e fiquei surpresa e um pouco intimidada ao ver Cristian ali. Nunca na minha vida, eu jamais iria sonhar que ele era o CEO da empresa, e que eu tinha contado a ele coisas da minha vida particular.

_bom dia! – cumprimentei tímida.

_bom dia! – respondeu animado – como esta?

_bem. – falei, e Lorenzo mexeu-se inquieto, virando para olhar meu chefe – este é Lorenzo! – o apresentei um tanto receosa – não tinha com quem deixa-lo hoje, espero que não tenha problema...

_é claro que não! – sorriu e aproximou-se, abaixando o rosto e encarando meu filho com um sorriso bobo nos lábios – eu posso pegar ele? – perguntou pegando-me de surpresa.

_ah, eu... – ele percebeu o que disse e ficou extremamente sem graça.

_desculpe! – falou rapidamente – eu... Não sei o que deu em mim! – sorriu sem graça – você nem me conhece... E tipo nada haver pedir pra carregar seu filho...

_n-não! – murmurei sem saber o que fazer – pode pegá-lo, eu acho... – olhei incerta para meu príncipe que ainda encarava Cristian.

Com habilidade, meu chefe tirou Lorenzo da mochilinha e o carregou no colo com firmeza. Estava claro sua habilidade com criança, pois segurava meu filho com maestria, enquanto meu pequenino passava suas mãozinhas curiosas pelo rosto do meu chefe.

_e-ele gostou de você! – falei insegura.

_eu também gostei dele! – respondeu sorrindo – parece meu menino, quando era pequeno... – murmurou parecendo nostálgico – saudades daquela época!

_oh, creio que ficarei como o senhor, quando meu menino estiver grande! – ele me olhou com o cenho franzido.

_senhor está no céu! Por favor, não faça eu me sentir velho e acabado! – choramingou e eu não segurei a risada – chame-me de Cristian!

_não sei se é certo... – comentei sem graça – você é o meu chefe, e como se não bastasse isso, é o CEO da empresa...

_entendo... – sorriu – de verdade, eu entendo... Mas perceba que eu me sinto constrangido e um pouco idoso quando me chamam de senhor, apesar de ter uma certa idade... E você estará sempre próxima a mim como minha AP, e eu quero o melhor relacionamento entre patrão e empregado, e com você me chamando de senhor o tempo todo, vai ficar um clima desagradável!

_ah... – consegui acompanhar seu raciocínio. Era tudo para nossa melhor convivência no trabalho – entendi!

_deixe para me chamar de Senhor quando eu já estiver velho e gaga! – piscou sorrindo.

O elevador parou e saimos no andar do RH, e fiquei um pouco constrangida por Cristian estar segurando meu filho tão possessivamente, atraindo olhares para nós, alguns cochichos, com toda certeza pensavam que ele seria filho ou algo do tipo, ou que eu tinha dado algum golpe para conseguir um cargo tao alto logo de primeira, ainda mais por ter uma criança com os olhos iguais ao dele. Em nenhum momento Cristian saiu do meu lado, acho que isso influenciou no meu tratamento e na agilização dos processos.
Assustei-me quando ouvi Lorenzo gargalhar nos braços de Cristian, o que me deixou completamente embasbacada, enquanto eu olhava igual boba para eles. Nunca tinha visto meu filho se dar tão bem com uma pessoa, normalmente Lorenzo era manhoso e estranhava as pessoas.

_ainda falta muito? – Cristian perguntou em determinado momento parecendo impaciente, e todos no setor pareceram acelerar ainda mais o processo e em poucos minutos eu já estava com meu crachá, com cartão alimentação, o vale transporte e o cartão do plano odontológico oferecido pela empresa – oh, vamos, fiquei de me encontrar com meu filho, preciso mostrar Lorenzo a ele, por favor! – pediu manhoso na frente de todos, fazendo meu rosto corar e desejar que o chão se abrisse para que eu me enterrasse.

_c-claro! – ele saiu me puxando pela empresa e eu o acompanhei. Não entendia porque Cristian estava tao animado com Lorenzo, provavelmente queria relembrar os tempos quando seu filho ainda era pequeno.

Descemos a recepção e saimos da empresa, atravessando a rua, e andamos um pouco até um café que ficava ali perto. Entramos e de longe encontramos seu filho, reconheci Enzo de imediato, depois do mesmo me encarar tão profundamente na primeira vez, nos aproximamos e ele sorriu se levantando.

_olha Enzo! – Cristian foi logo mostrando meu filho que sorriu e esticou-se para Enzo, que o pegou e eu fiquei sem reação – ele não é perfeito?! – sua voz destoou e ele soou um pouco... Gay? Eu ri daquilo.

_e ai parceiro! – falou para meu filho, que lhe sentou um tapa no ombro – garoto forte! – sorriu – bate parceiro! – ergueu a mão e meu filho inteligente bateu ali – é isso ai!

_sente-se Antonella, vamos nos entupir de besteira, reduzir nosso tempo de vida e depois continuamos vivendo! – Cristian declarou esparramando-se na poltrona confortável e indicando o lugar ao lado do seu – venho aqui sempre, quando lhe pedir um café ou qualquer lanche, você liga para a recepção e peça para que venham aqui, eles já tem meu pedido de sempre anotado! – informou-me com uma piscadela e eu tratei de guardar aquela informação em minha cabeça.

Não sabia o que estava acontecendo, aquilo era um encontro formal? Informal? Ele estava me dando dicas do que fazer durante o meu serviço como AP, e ao mesmo tempo embasbacando-se com meu filho. Me surpreendi quando o cardápio foi colocado em minhas mãos.

_faça o seu pedido! – Cristian ordendou compenetrado no seu próprio cardápio – e peça o que Lorenzo pode comer!

_peça o de sempre para mim pai! – Enzo declarou enquanto brincava com meu menino.

Suspirei e desisti de tentar compreender o que se passava ali e tratei de pedir. Uma torta de frango ao molho para mim, acompanhado de um suco natural, pedi uma fatia menor de bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro para meu pequeno chocólatra e danone de morango. Observei Cristian pedir a mesma coisa que eu pedi, mas para Enzo e para si, pediu um cupcake de baunilha, bolo de morango, pão de queijo, suco e um café puro. Aquilo tudo era apenas pra ele? Que tipo de monstro guloso ele era?
Quando nosso pedido chegou, pedi ao garçon talheres pequenos, e ele prontamente trouxe.

_meu amor! – chamei Lorenzo que me olhou – vamos comer? – ele sorriu e se esticou todo manhoso para mim, e Enzo entendendo o recado, entregou-o a mim, que o sentei no meu colo, deixando-o na altura da mesa – não se suje muito, você já é um homem crescido! – falei sorrindo e entregando a pequena colher a ele.

Ambos se surpreenderam quando Lorenzo começou a comer sozinho, me fazendo explodir de orgulho, pelo relance de olho, vi Cristian prender o choro, voltando-se para a comida. Comecei a comer, auxiliando parcialmente meu filho, estranhando alguns olhares rápidos que Enzo e seu pai trocavam de vez em quando. Assim que terminamos, Cristian mandou que colocassem toda a despesa em sua conta particular, e despediu-se alegando ter compromissos tediosos e inadiáveis, e que esperava-me na manhã seguinte, então partiu. Enzo me conduziu para fora rumo ao seu carro, onde parei um tanto relutante.

_vamos, entre! – ofereceu e antes mesmo que eu pudesse recusar, ele já se encontrava pegando a bolsa de minhas mãos e conduzindo-me com um toque suave nas costas até seu carro – sei que deve ser difícil andar de ônibus com uma criança, meu pai diz que é complicado!

_seu pai já andou de ônibus? – perguntei meio incrédula.

_claro que sim! – sorriu abertamente – não é porque nascemos com condições melhores que não sabemos das coisas, já andamos de ônibus, com o bonde lotado, enfrentamos filas para pagamentos, a única coisa que meu pai nunca abriu mão foi plano de saúde! Esperar por atendimento publico e correr o risco de perder o único filho? Sem chances! Esse é o limite de meu pai! – abriu a porta do carro para mim, e entrei.

_entendo perfeitamente! – falei quando ele entrou – Lorenzo ficou doente há uns meses, e foi muito problemático trata-lo com um sistema tão precário de saúde, por isso decidi arrumar qualquer fonte de renda, para lhe pagar um bom plano de saúde! – declarei e me surpreendi ao ver Enzo me fitando tão profundamente.

_você tem a minha idade... – começou – e é tão madura...

_bom... – fiquei sem graça – é preciso, eu tenho uma vida que depende totalmente de mim! – como que entendo a conversa, meu filho sorriu para Enzo – e por ele sou capaz de fazer qualquer coisa!

_uau, que feroz, mamãe urso! – imitou um grunhido e eu cai na gargalhada, sendo acompanhada por Lorenzo, que mesmo sem entender, gargalhou com vontade – mostre-me o caminho para sua toca mamãe urso! – ligou o carro.

Enzo era uma figura completamente extrovertida, e mal tínhamos percorrido dez minutos de trajeto, e estávamos amigos para sempre. Ele era uma pessoa fácil de se conversar, e de cativar; e eu o desejei sendo algo mais que amigo... Poderiamos ser até parentes por conta dos nossos olhos.











Hey Pandinhas, desculpem a demora, mas estou seguindo meu pequeno e quase inútil calendário de postagem! Kkkkk amanhã posto o outro, e os próximos dois capítulos serão postados dia 22/08 sem falta! Vou tentar compensá-los por toda a espera, e postar 3 capitulos, só não desistam de mim!
Bjnhos.

Laços de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora