O resto da semana foi agitado para Antonella. Começar a trabalhar, deixou-a completamente radiante, ainda um pouco tristonha por ter de se separar de Lorenzo, mas nada que fosse realmente preocupante. A levei para o trabalho e deixei-a com Cristian, enquanto voltava para casa e começava a empacotar as coisas dela e de Lorenzo.
Meu apartamento ficava no centro, e lá havia três suítes, quatro banheiros, sala, cozinha, varanda. O duplex era grande, meu pai havia feito a negociação por mim, e com meu salário do exército, o paguei enquanto estava servindo. Minha mãe foi totalmente contra, e pedi a meu pai que a deixasse longe, afinal ela ainda era minha mãe, porém não permitiria seus caprichos e desaforos em minha vida e na de Antonella.
Meu pai, Belfier, ficou maravilhado em conhecer o neto, e apaixonou-se por Lorenzo logo de cara, quase não consigo voltar para casa com meu garoto, depois de leva-lo a Empire White, para ver seu avô.
No sábado pela manhã, convenci Antonella a fazer um exame de rotina, assim como em Lorenzo, afinal não podíamos nos descuidar da saúde do pequeno, e com isso, pude desviar um frasco do seu sangue, que seria mais que o suficiente, e mandar a Pietro, junto com os de Cristian e Enzo.
Aproveitamos o domingo tranquilamente em casa, e arrumamos o que ainda restava, para então nos mudarmos o mais breve possível.
Nos mudamos na quarta, e coloquei a venda aquela casinha pequena. A rotina estava ficando corrida, as 06:50 deixávamos Lorenzo na creche, as 07:15 Ella entrava no trabalho e as 08:00 eu começava o expediente, uma vez que meu pai, havia deixado oficialmente a empresa, saindo para viajar, sem data para voltar.
Era o final de uma sexta-feira, estávamos quase findando o mês, e planejávamos sair da cidade, passear com nosso filho e aproveitar um pouco, antes de retornarmos ao trabalho.
Estava em casa, esperando Antonella retornar da empresa, brincando com Lorenzo no chão com seus vários carrinhos, quando a campainha tocou, deixando imediatamente curioso, pois Ella jamais esquece suas chaves.
Levantei-me e fui até a porta, abrindo-a em seguida, vendo um homem alto, bem alto, de olhos escuros e cabelos já quase grisalhos, mas seu aspecto era jovem, o que dava a impressão que ele usava tintura nos cabelos. Usava terno escuro, sob medida, e uma camisa branca com dois botões desabotoados.
_este é o novo endereço de Antonella Fitzpatrick? – perguntou com voz séria.
_sim! – respondi no mesmo tom – quem gostaria?
_sou Midorya Fullbuster, general das forças especiais americanas! Você deve ser Hagnar White! – ele estendeu-me a mão, e lhe devolvi o aperto com firmeza.
_sim, sou eu! – respondi tranquilo, porém confuso – conheço sua fama, Senhor, e imagino o porquê de estar na minha porta!
_também conheço sua fama, White! – respondeu – vim para falar com Antonella!
_poderia saber do que se trata?
_é claro! – sorriu – afinal, é você quem está mexendo pauzinhos, cobrando favores, investigando o passado dela, que está inteiramente ligado a um caso meu! – engoli em seco, ao ser descoberto, e ele continuou – um caso, que foi resolvido há algum tempo, o que me leva a ir atrás das vítimas e ajudar-lhes...
_que caso, especificadamente? – indaguei curioso.
_tráfico humano! – declarou sombriamente, e engoli em seco – e sinto lhe dizer, mas Antonella, foi uma das vítimas dessa infamidade!
Sem palavras, era como eu me encontrava. Minha mente pareceu ficar em choque por alguns segundos, antes de trabalhar freneticamente para gerir hipóteses sobre o que estava acontecendo, e aos poucos, ia chegando a um lugar, que não desejava.
_que infamidade? – sua voz doce tirou-me de meus pensamentos. Dei mais um passo, saindo do apartamento e vendo Ella encarando-nos pálida como um fantasma. E logo atrás dela, Cristian e Enzo.
E isso não era uma coisa muito boa. As coisas iriam se tornar uma confusão.
_precisamos conversar, Antonella! – Midorya falou extremamente doce e gentil.
_talvez seja melhor, conversarmos em outro dia... – tentei argumentar, mas Antonella empurrou-me para dentro e sentou-se no sofá, olhando diretamente para Midorya.
_pode falar! Tudo! Agora! – ordenou firme, mesmo que eu soubesse que ela iria desmoronar por dentro.
_entrem! – pedi aos Castellamare, dando-lhes espaço para entrar – vai ser uma longa história!
Demorou apenas alguns segundos para todos se sentarem, e então Midorya pigarreou.
_desculpem, mas creio que este assunto seja de cunho pessoal... – falou olhando para Cristian e Enzo.
_vá por mim, apenas diga o que veio dizer! – pedi, enquanto Antonella nos encarava.
_pois bem! – respirou fundo e encarou Antonella – há alguns meses, nós fizemos uma grande apreensão! Desmontamos uma quadrilha inteira de traficantes de pessoas... O que eles faziam era extremamente elaborado, e para a infelicidade deles, os idiotas mantinham uma lista detalhada de todas as pessoas que eles sequestravam, e isso nos levou aos comparsas e consequentemente a uma administradora do orfanato onde você foi aceita subitamente e de maneira suspeita! Na época em que ela foi acusada, a quadrilha a deixou na mão e ela nos deu informações valiosas, e demorou um pouco, mas conseguimos desmontar a quadrilha! E em todos os planos que descobrimos... Bem... Numa delas estava você! – revelou fazendo-a arfar – era uma encomenda, e iriam te mandar para Mumbai, para um casal rico... Iriam ganhar uma grana alta, mas o plano não deu certo e você ficou no orfanato com as outras garotas! – resumiu precisamente.
_isso... É de uma desumanidade quase inacreditável... – Ella murmurou num fio de voz.
_concordo plenamente! – falou – mas não é só isso... Como um de meus subordinados começou uma investigação por conta própria, chegou ao meu conhecimento, percebi que você era uma das vítimas, após ligar alguns dados, e como o seu caso foi isolado, investigamos a fundo e descobrimos que sua família pode estar nessa cidade!
A sala ficou silenciosa, todos absolutamente tensos com a notícia, encarando Ella que parecia que ia desmaiar a qualquer segundo.
_aqui? – perguntou por fim.
_sim... – Midorya respondeu – por isso vim, estamos cruzando seus dados, vendo o que é verdade e o que foi preenchido ao acaso, com o caso de rapto de crianças, e assim que filtrarmos as informações, poderemos ter possíveis candidatos...
_Midorya! – o chamei, não havia mais como esconder, então o mesmo olhou para mim – já fizemos isso! – revelei.
_explique, por favor! – pediu olhando-me curioso.
_eu sou amigo de Pietro e pedi para ele iniciar a investigação! – Cristian falou atraindo a atenção para si – pois Antonella pode ser minha filha!
Que modo suave de dizer as coisas. Bufei e revirei os olhos, e novamente a sala ficou silenciosa, mas dessa vez, parecia que a qualquer segundo as coisas explodiriam.
_que tipo de brincadeira é essa? – Antonella perguntou com os olhos marejados e a voz embargada.
_não é brincadeira! – Enzo interviu sério – você foi subitamente aceita no orfanato, recém nascida, no mesmo dia em que minha irmã foi sequestrada! Você foi adotada, e possui uma recessividade tão rara, que é quase impossível que você não seja Elizabeth! – despejou tudo de uma vez.
_não íamos fazer nada! – Cristian suspirou – mas Enzo ficou totalmente inquieto quando te viu, e não podemos negar algumas semelhanças, fora os olhos! – deu de ombros – então pedi a Pietro para investigar, mesmo que você não tivesse ninguém com olhos âmbar na família, se você não fosse adotada, iriamos deixar as coisas como estavam! Você com o emprego, e nós continuaríamos nossa busca, mas...
_não íamos te contar nada! – falei e recebi seu olhar doído – estamos esperando um teste de DNA! – olhei para Midorya – há uma semana, fizemos, mandei uma amostra de sangue dos três para Pietro, tiramos sangue e fizemos exames de rotina, não foi difícil desviar um frasco! – expliquei diante dos olhares confusos.
_porque não me contaram nada? – perguntou num murmuro.
_você já passou pelo inferno, e não queríamos te fazer sofrer mais! – Cristian explicou – se desse negativo, seriamos os únicos a sofrerem...
_e se desse positivo? – foi incisiva.
_teríamos essa conversa... – falei.
_chega! – ela levantou-se – chega, eu não quero mais ouvir nada! – com habilidade, ela pegou Lorenzo que ainda brincava no chão com seus carrinhos, e saiu da sala sem dizer mais nada.
_não foi tão ruim... – Enzo comentou.
_Antonella não é do tipo que externaliza o que sente! – suspirei cansado – ela sofre calada, e é o inferno! – resmunguei.
_quando sai o resultado do exame? – Midorya perguntou – é Rick quem está fazendo?
_exatamente! – respondi – chega na segunda, pois estávamos fazendo tudo às escondidas, então...
_você tem fax? – indagou puxando o telefone do Blazer.
_sim, no escritório! – informei.
_me passe o número, por favor! – pediu discando um número – Pietro! – falou em voz alta, e colocou o celular no viva voz.
_senhor! – falou o outro – o que deseja?
_estou com Hagnar e Cristian! Esses nomes devem ser um gatilho para sua lembrança, não é. – declarou irônico – o exame que eles estão fazendo, Rick já tem o resultado?
_s-sim senhor! – respondeu – general, não foi por mal, eles estão passando por um momento delicado, pensei que poderia ajuda-los, Cristian é meu amigo de longas datas, e fui eu quem cuidou do caso da filha dele... – desabafou rapidamente.
_tudo bem, Pietro, relaxe! – Midorya falou tranquilo – mas da próxima, não me esconda as coisas, ou não poderei encobrir seu rabo, seu idiota! – resmungou.
_é claro senhor! – respondeu.
_vou te mande um número de fax, você vai mandar o resultado do exame diretamente para ele, o mais rápido possível! – ordenou e desligou – o número, por favor...
Com o numero gravado na mente, lhe dei e ele o enviou por mensagem e aguardamos. Antonella não saiu do quarto, e bem, ela precisava de um momento a sós para assimilar tudo o que estava acontecendo, e assim poder nos perdoar, por estarmos fazendo as coisas por suas costas. Depois da raiva momentânea, ela perceberia que o que fizemos foi para protege-la, e assim, iriamos resolver as coisas.
Ficamos os quatro na sala, Midorya mexia tranquilamente no celular, Enzo olhava inquieto para o corredor por onde Antonella tinha ido, Cristian estava perdido em pensamentos, e eu os observava.
O fax no escritório apitou e todos nos levantamos num pulo, e só nesse momento percebemos Antonella parada no corredor nos olhando. Ela estava apática e com os olhos inchados e avermelhados, e partia-me o coração vê-la assim.
_vamos resolver isso! – falou indo em direção ao escritório.
Um minuto depois voltando de lá com o fax na mão, parou a nossa frente e começou a lê-lo baixinho do início ao fim, nos deixando aflitos, e então ela chegou ao final, suas mãos tremeram, e ela desatou num choro dolorido, deixando-nos angustiados.
Puxei-a para meus braços, e ela agarrou-me com tanta força, que quase pude sentir na pele seu sofrimento. O exame parou na mão de Midorya, após ele puxar de leve das mãos de minha menina, que ainda afogava-se em lagrimas.
_bem, acho que não tenho muito o que fazer aqui! – falou entregando o exame a Cristian, após dar uma breve olhada – ela é sua filha!
Heyyyyyyyyyeeee Pandas Man! Kkkkkk o que acharam? Gostaram? Não gostaram? Estão decepcionados comigo?
E o principal... Vocês lembram do tio Midorya?
Pra quem lembra, deixe-me esclarecer um fato, essa visita acontece umas duas semanas antes do primeiro capítulo de “(In)Dependente de Mim”, antes dele ser preso, torturado e depois caçado! Quando ele retorna a Alemanha depois dessa viagem, é que o livro dele começa! E para quem não conhece, que tal conhecer? Vocês vão gostar!
A qualquer momento eu volto com mais, comentem e deixem a estrelinha!
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Laços de Sangue
Ficción GeneralSeparados por nada além do ódio e da ambição de alguém que vivia para seus própria interesses. O desejo obsessivo e destruidor por poder, causou assim uma ferida profunda na alma do empresário Cristian Castellamare. Com o sequestro de um dos filhos...