12 Momentos

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Eu estava com um grande problema.


No inicio, quando a empresa ainda era pequena, tive certa dificuldade em lidar com funcionários novos, não tinha o jogo de cintura necessário para me safar das coisas, e com o passar do tempo o adquirir, porém agora encontrava-me numa duvida terrível... Como agir perto de Antonella? Ainda mais agora, quando ela sabia tudo o que eu tinha feito, melhor dizendo, agora que sabíamos o parentesco.

Só de pensar que agora ela me encarava com outros olhos, meu coração parecia querer falhar a qualquer segundo. Vê-la se desmanchar em lagrimas nos braços de Hagnar, sem poder fazer nada, foi o momento mais angustiante que vivi nos últimos anos; Claro que tornou-se ainda pior quando ela desmaiou nos deixando em pânico.

O domingo havia sido descontraído e conseguimos conversar um pouco, apesar de ter sido um pouco complicado no inicio, e de não sabermos ao certo como agir ou o que dizer, mas aos poucos conseguimos dialogar. Não tocamos no assunto "Lorenzo", ainda não era o momento, e Antonella parecia estar com os nervos fragilizados demais para abordarmos esse assunto.

Agora estava sentado em minha sala, olhando ansiosamente para a porta, havia chegado quase uma hora antes do meu horário, totalmente nervoso e sem saber como agir.

Quando menos esperava, Antonella entrou pela sala, trajando uma calça jeans, camisa branca e um blazer cinza, como das outras vezes, estava de tênis e com os cabelos presos, trazia consigo sua mochila de couro e uma prancheta nas mãos. Nos encaramos sem a menor noção de como agir...



_oi... - ela murmurou tímida.



_oi! - respondi no automático - como foi sua noite?



_foi legal... - deu de ombros, e então andou até sua mesa no outro lado do escritório, que ficava de frente para a minha e deixou sua mochila ali.



_e Lorenzo? - perguntei novamente.



_Hagnar o levou para a creche! - respondeu parecendo meio sem graça.



Ficamos num silencio constrangedor, apenas olhando um para o outro, sem saber o que dizer, ou o que fazer, e muito menos como sair daquela situação.



_me desculpe! - ela pediu passando as mãos pelo rosto.



_não precisa se desculpar... - falei no automático - sente-se! - pedi, indicando a cadeira a minha frente, e assim ela o fez - precisamos conversar, sei lá, dar um jeito nisso! - tomei a iniciativa e respirei fundo - não quero pressioná-la a nada, sem forçar uma convivência... Mas você precisa saber, Antonella, que durante esses dezessete anos, por nenhum dia, eu desisti de te achar! - fui o mais sincero que pude.



_você me procurou por todo esse tempo? - indagou num fio de voz.



_e procuraria até o dia da minha morte! - declarei firme - eu prometi a sua mãe que não desistiria de nossos filhos!



_como ela era? - perguntou - minha mãe...



_Elaine era maravilhosa... Sempre quis ser mãe! - suspirei - quando descobrimos sobre a gravide, ela ficou estonteante... Seu sorriso era o mais belo de todos... Infelizmente, ela não suportou sua perda! Aos poucos, ela entrou em depressão e definhou lentamente... Até não suportar mais! Talvez eu tivesse enlouquecido se não tivesse Enzo... Ele foi a razão de eu levantar todos os dias e cumprir a promessa que fiz!



_não imagino o que você deve ter passado... - murmurou.



_queria ter estado ao seu lado, acompanhado seus primeiros passos, guardado seu primeiro dentinho... - ela sorriu - queria poder ter livrado você de todos os demônios que te perturbaram... - vendo sua expressão cair um pouco, mudei drasticamente de assunto - mas agora estamos aqui! Você é minha Elizabeth, e terei de me acostumar e chamar você de Antonella! - ambos sorrimos.

Laços de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora