9 Jantar em "Família"

1.2K 177 30
                                    

Já mais aliviada do susto, pude aproveitar o caminho até o restaurante, para mimar meu bebê manhoso e sonolento, mantendo-o no meu colo; Podia ver Hagnar desviando os olhos da estrada e nos observando por alguns segundos. Sentia meu coração disparar e se aquecer, pois, por mais que eu me virasse bem com meu filho, por mais que tivesse meu emprego, por mais que minha vizinha me ajudasse o tempo inteiro, as vezes, acordava no meio da noite, e chorava com a imensa sensação de solidão e desamparo. O peso de ter de acordar todas as manhãs e arcar com uma vida de adulto, mesmo não tendo idade para tal, as responsabilidades da casa, uma vida para cuidar... E Hagnar era meu porto seguro, desde que entrara em minha vida.
Temia por tê-lo perdido para a guerra, ou para alguma outra mulher, afinal, White não é o tipo de homem mais discreto do mundo; com seu porte atlético, cabelos castanho e olhos cinza. Mesmo de longe, eu sabia que poderia contar com ele; apesar de jamais aceitar que ele me bancasse, não podia negar os mimos que o mesmo dava ao meu filho. Enna, mãe de Hagnar, quando descobriu que seu filho mais velho, estava de casinho com uma garota pobre de um bairro medíocre, surtou e veio pra cima de mim com todas as garras. Ela conseguiu bloquear a pequena pensão que Lorenzo recebia, e estava na justiça tentando retirar o sobrenome “White” de meu filho, porém não conseguiu, uma vez que Hagnar havia tomado as providencias cabíveis, e foi assim que eu soube que ainda podia contar com ele.

_desculpe demorar tanto! – falou interrompendo meus pensamentos, e então o fitei – deixar você e nosso filho, foi a decisão mais difícil que já tomei! – ele parecia realmente arrependido e triste – não houve um dia, Ella, um dia, que eu não pensasse em vocês!

_também senti sua falta! – respondi sincera.

_espero ainda ter um lugar no seu coração... – ele encarou-me tão profundamente desesperado, que engoli em seco – mas eu vou respeitar sua decisão, se houver outro... – o interrompi rapidamente.

_não há ninguém, Hagnar! – falei firme e sorri – pensei ter perdido você para alguma agente super sexy e perigosa...

_nenhuma delas chegaria aos seus pés! – sorri tendo meu ego massageado.

Então ele manobrou e entrou no estacionamento do restaurante, e ao olhar brevemente para trás, vi o carro de Cristian, e sorri instantaneamente. Aquilo era uma loucura. Jantar com meu chefe e seu filho de um dia para o outro.
Parando para pensar em tudo que tinha me acontecido, podia jurar que era a compensação do universo por ter passado por aquele inferno de cabeça erguida. Em uma semana havia conseguido um emprego perfeito, e meu Hagnar tinha voltado. Era muita sorte para uma pessoa só.
Desci do carro com Lorenzo, que logo foi roubado de meus braços. Olhei feio para Hagnar.

_ah, por favor, deixe-me mimá-lo um pouco, estive longe por dois anos! – resmungou – ele nem deve mais saber quem é o pai dele!

_você é inacreditável! – sorri e então Cristian aproximou-se com Enzo.

_como ele está? – Cristian perguntou encarando Hagnar e descendo seu olhar para Lorenzo.

_só um pouquinho sonolento! – informou – espero que não se importem, está cantina italiana é simples, mas tem a melhor massa da cidade! – encarei o restaurante e sorri. Amava aquele lugar – Ella, adora este lugar! – revelou, me deixando sem graça; e vi Cristian e Enzo bastantes empolgados com a novidade.

_então vamos logo! – Enzo foi o primeiro a ir caminhando e Cristian o acompanhou de perto, segurando-o pelo ombro.

Entramos no restaurante, e Cristian pediu uma mesa para 4, a mais afastada que tivesse, para que tivéssemos um pouco de privacidade e tranquilidade; Quando fomos levados a mesa, notei Enzo um pouco pálido, e percebi o olhar protetor que Cristian mantinha no filho, e me questionei se tinha algo errado.

_está tudo bem? – perguntei quando já estávamos todos sentados.

_sim... – Enzo respondeu, mas não parecia totalmente verdade.

_desculpem, é que agora, parando para pensar, me pergunto o motivo de estarem no hospital hoje! – expressei meus pensamentos – aconteceu alguma coisa?

_ah, referente a isto... – Cristian relaxou visivelmente – bem, Enzo estava com problemas para respirar a tarde, e o trouxe para o hospital! Ele costuma desmaiar as vezes, quando isso acontece...

_ah! – então olhei para Enzo – você está bem?

_sim, foi algo passageiro! – respondeu com um sorriso sincero, e então sorri de volta.

_foi uma coincidência encontrarmo-nos no hospital hoje! – Cristian falou – Lorenzo não parecia muito bem, quando chegaram, por isso ficamos preocupados e fomos atrás de você!

_ele estava estável, mas piorou no trajeto! – Hagnar falou duro, e eu me encolhi – se tivéssemos demorado mais, algo terrível poderia ter acontecido!

De fato, era um peso que eu estava carregando comigo, desde que saímos do hospital. Se não morássemos tão longe de tudo, meu filho não teria estado em tanto risco, mas lá era o único lugar que tínhamos. E nada disso minimizava o fato de que se Hagnar não tivesse aparecido, não teríamos chegado a tempo, uma vez que qualquer taxi demoraria para chegar.

_mas isso não será mais um problema, Ella e Lorenzo vão morar comigo! – Hagnar tirou-me dos meus pensamentos tão abruptamente, que só consegui lhe olhar embasbacada – não vou deixar meu filho correndo riscos à toa!

_Hagnar...

_sem discussões, Ella! – ele falou firme.

_será melhor Antonella! – Cristian o apoiou e meu queixo caiu – eu sei o que é ter um filho passando mal e necessitando de um hospital próximo, nenhuma mãe ou pai deve passar por isso!

Me vi sem argumentos para debater e suspirei derrotada. O garçom trouxe o cardápio e nos deixou a vontade para escolhermos, e assim, voltaria quando solicitado para anotar nosso pedido. Escolhi o prato da casa, massa tradicional com molho especial, um suco natural para acompanhar, então pedi licença e fui ao toalete, lavar o rosto, e me recompor das fortes emoções do dia, retornando em poucos minutos, encontrando Lorenzo já mais desperto e brincando com o pai. Os observei por algum tempo.
Hagnar era um anjo em minha vida.

_você ficou calada... – Enzo comentou e lhe dei um sorriso fraco.

_só estou cansada! – respondi sentando-me – o dia foi cheio de emoções... – dei de ombros.

_se quiser, podemos deixar o jantar para outro dia! – Cristian ofereceu gentilmente, apenas neguei.

_e perder a oportunidade de comer o prato da casa? – sorri – não mesmo! Vou ter tempo para descansar depois!

_se você diz! – Hagnar comentou – falei a Cristian que estou muito infeliz com a proposta que ele lhe fez! – declarou simplesmente e o olhei boquiaberta.

_ele reclamou que iria lhe dar o cargo de AP dele, para te ter mais perto; E estava me fazendo umas propostas indecentes com valores absurdamente altos para poder demitir você! – Cristian comentou com um sorriso maldoso – mas fui irredutível! Vi você primeiro!

_o que é uma calunia! – Hagnar rebateu – eu a vi primeiro! Temos um filho juntos! – enfatizou o que fez Cristian rir.

_Hagnar, não diga essas coisas assim! – falei exasperada.

_mas ele tem razão, Charlie, ele te viu antes do meu pai! – Enzo concordou com Hagnar que sorriu ao receber o apoio.

_você está do lado dele, seu traidor? – Cristian perguntou fingindo-se de ofendido – vou deserdar você!

_faça isso Cristian, que eu o pegarei para mim! – Hagnar rebateu deixando-me ainda mais chocada – nada mais justo, você pegou minha garota, eu pego o seu garoto!

_não diga coisas de duplo sentindo dessa forma! – bradei baixo o olhando feio, que só fez sua cara de cafajeste aumentar.

_de qualquer jeito, Cristian não quis negociar comigo! – resmungou fazendo bico – vou ter que aturar ele te tendo como AP, pra cima e pra baixo!

_já falei pra não falar coisas assim, até parece que ele vai me comer viva! – respondi e ambos sorriram.

_quanto a isso, não precisa se preocupar, eu prefiro as ruivas! – Cristian respondeu com a maior expressão de sem vergonha, me deixando pasma.

_e eu as loiras! – Enzo completou.

_Lorenzo e eu, ficamos com as morenas! – Hagnar comentou piscando para mim, que apenas suspirei: estava cercada por crianças.

Alguns minutos depois, nossos pedidos chegaram, e pudemos disfrutar de uma refeição descente e alegre, cercada por comentários bobos e aleatórios. Parecíamos uma família feliz, e por um momento senti um aperto no peito, mas tentei esconder a sensação ruim dos demais; não queria estragar a noite de ninguém.
Horas depois, estava em casa, colocando Lorenzo na caminha e o observando dormir tranquilamente. Meu menino estava crescendo tão rápido, que doía em mim, pensar que em algum tempo, ele estaria namorando e em seguida casando e me deixando.

_hey, você está com uma expressão tão triste... – senti seus braços me acolhendo contra seu peito.

_é só que as vezes, ser sozinha é tão difícil... – murmurei sentindo um nó se formar em minha garganta.

_você não está mais sozinha, meu anjo! – Hagnar virou-me gentilmente, e depositou um beijo casto em meus lábios – eu estou aqui, e não irei mais a lugar algum sem você e nosso filho...

_obrigada... – o agarrei pela cintura, sentindo-o prender-me com força em seus braços – por tudo, você é inacreditável...

_apenas me deixe cuidar mais de você, meu amor, por favor! – pediu afastando-me para me encarar profundamente – eu preciso de você comigo Antonella! preciso acordar com você, preciso ter Lorenzo me chamando de papai, preciso acompanhar o crescimento dele de perto, preciso de você para me sentir completo! – declarou me deixando sem palavras – estar naquele inferno, podendo morrer a qualquer momento, me fez ter noção do que realmente era importante para mim! E vocês são tudo para mim...

_eu não sei o que dizer... – falei sincera, mas vi em seu olhar sua convicção.

_diga que vai morar comigo! Diga que vai deixar eu cuidar de vocês! – falou rapidamente – não me importo que trabalhe, meu amor, se é independência financeira que você quer, sou seu maior apoiador! Apenas me deixe te mimar, deixe mimar está criança que já considero meu filho! – assenti sentindo lagrimas grossas molhando meu rosto – não posso mais ficar sem vocês, sem você, sem Lorenzo... – ele encostou sua testa na minha, abaixando-se um pouco – meu amor, não chore...

_como você espera que eu não chore? – balbuciei em meio as lagrimas – você passou tanto tempo fora, ai retorna para ficar, como se não bastasse isso, ainda diz tantas coisas tão profundas... Que eu fico sem saber o que fazer... – solucei sentindo-me boba.

_só diga “sim” para mim! – pediu com um sorriso majestoso.

_sim! – falei debilmente e seu sorriso se alargou ainda mais, parecia rasgar seu belo rosto, deixando-o ainda mais lindo.

_eu te amo, Antonella! – declarou-se – vou cuidar de você e do nosso filho!

Espremendo-me em seus braços, ele me manteve ali, com a cabeça encostada em seu peito, enquanto observávamos nosso filho dormindo. Podia escutar o coração de Hagnar batendo tão rápido e tão forte, uma presença constante e acolhedora; E de alguma forma, eu sabia que tudo ia ficar bem.









Hey, Pandinhas, desculpem a demora! Tudo está uma loucura, mas não desisti da história, pois já falei uma vez, e vou falar novamente: VOU POSTAR ESSA BUDEGA ATÉ O FIM SIIIIMMM! Porque eu sou DESSAS, não daquelas e nem de outras! So tenham paciência com essa pobre autora retardada que vos escreve! Kkkkkkk E se não for pedir demais, deixem a estrelinha e um comentariozinho pequenininho so pra eu saber que vocês ainda não desistiram de mim! A qualquer momento eu volto com mais! Bjinhos.

Laços de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora