04. Eu tenho que te contar uma coisa, Ali

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Me joguei no sofá de couro da minha irmã, ela sempre foi compreensiva comigo e, talvez, por ser mãe sempre foi prudente e boa conselheira.

Normalmente eu procuraria o Fê, mas ele estava ocupado demais cursando Tecnologia da informação na capital:

- Eu tenho que te contar uma coisa, Ali.
- O que?
- Eu acho que vou ser pai.
- Pai? Como assim "acha"? - ela fez aspas no ar.

Contei toda a minha história com a Liv e detalhei o encontro de hoje mais cedo. Minha irmã ouviu tudo atentamente e disse:

- Se fosse eu no seu lugar eu faria tudo durante o pré natal, afinal daqui quatro meses ela já terá o bebê, mas assim que a menininha nascer eu pediria exame de DNA, sabe... pra não restar qualquer dúvida...

Ali me deu um ótimo conselho, mas decidi que deveria recorrer à minha outra irmã mais velha, afinal a primeira gravidez dela também tinha sido complicada, ela me entenderia:

- É melhor você se preparar para ser pai dessa menina e descobrir que tudo foi um engano dessa tal de Liv do que deixar isso pra lá e no final descobrir que era o verdadeiro pai da criança e não participou da gravidez. O remorso vai tomar conta de você toda vez que você olhar na cara dessa menina, se ela for sua filha, é claro...
- Eu tenho certeza que eu sempre usei camisinha...
- Conselho de mãe e de irmã mais velha: Você nunca tem certeza de nada quando está embriagado.

Suspirei, eu precisava de um conselho do meu velho, mas sabia que quando revelasse à ele essa história ele contaria tudo para a mamãe e ela surtaria:

- Pai? Podemos conversar?

Meu pai estava vendo uma partida de futebol, reprise da final da copa do mundo. Ele pausou o jogo e disse:

- Claro, filho... O que está acontecendo?
- Bom, pai, eu estava saindo com uma garota, o nome dela é Liv e, bom - engoli seco - ficamos durante três meses, desde o final de setembro até metade de dezembro e hoje ela foi me ver depois do treino e, bom, ela está grávida.

Esperei meu pai esboçar qualquer reação, mas ele apenas continuou me observando:

- Ela diz que o filho é meu, mas eu duvido um pouco, afinal eu sempre uso camisinha... nunca esqueço disso. E ela quer que eu a acompanhe no pré natal, já está de seis meses. O que eu devo fazer?
- Filho, sabe o seu primo? O Nicolas...
- Sei...
- A tia Karen chegou no meu irmão, Marcos, quando ele tinha só 18 anos e disse que estava esperando um filho dele. Meu irmão duvidou da palavra dela porque afinal eles só tinham dormido juntos uma mísera vez... Ele não a acompanhou durante a gravidez, não quis saber nada sobre o bebê e quando o Nicolas nasceu ele logo pediu um exame de DNA e ficou boquiaberto ao constatar que era o pai do garoto. Até hoje ele se sente culpado por não ter amparado ela durante a gravidez...
- E se a filha não for minha?
- Pelo menos você estará com a consciência tranquila porque fez tudo o que podia por essa moça.

Pois é, não teria jeito de fugir da responsabilidade, eu deveria bancar o pai desde já para não me arrepender depois. Olhei o papel com o local e horário da consulta e coloquei o despertador para o dia seguinte.

 Olhei o papel com o local e horário da consulta e coloquei o despertador para o dia seguinte

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Responsabilidade indesejada - Livro 05 (Série Família Cavallero) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora