Capítulo 18

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Se a vida complica, nós complicamos ainda mais.

Compreendi isso um pouco tarde demais, mas o suficiente para minha mente me perturbar a todo momento.

Passado quatro dias, Nicholas já estava quase recuperado. Não tinha tido mais febre e o corte da barriga estava livre de infecção. O que facilitaria o processo de recuperação. Não entrei em seu quarto nesse tempo. Eu estava disposta a esquecer os sentimentos que me rondavam estando perto dele e ficar longe era o melhor a se fazer.

Por que eu decidi fazer isso? Em algum momento ele iria embora de novo. Afinal de contas, é na França que ele tem uma vida estabelecida e quando ele voltar, eu ficarei sozinha. Desde já estou praticando meu desapego, por mais que isso machuque meu coração.

Apesar de não ir vê-lo, nada impediu Beth de reclamar sobre o quão infantil eu estava sendo. Ela desconfiava sobre Nicholas e eu, mas não chegou a me perguntar o que havia entre a gente ou se algo já chegou a acontecer. Sei que ela com certeza comentou algo com a minha mãe, pois na última vez que falei com ela, me perguntou como Nicholas estava e ainda ordenou que eu passasse meu celular para ele, apenas para que eu fosse em seu quarto. Eu inventei uma desculpa de que estava no banheiro e que isso era impossível.

A verdade que elas não sabiam era que eu o visitava quando ele estava dormindo e ainda assim borboletas voavam em meu estômago quando eu chegava perto dele. O plano era evitar, mas era difícil ficar longe dele, não é a toa que eu ainda estava nessa casa. Incrível como o próprio ser humano se burla! Quando o visitei ontem, notei que os pequenos cortes já continham cascas e os roxos adquiriram o tom amarelado, mais uma semana e ele estava novinho.

– Nicholas está perguntando por você. – avisa Beth ao voltar do quarto dele com a bandeja do almoço vazia. – Disse que se evitá-lo hoje, amanhã vai começar a fazer greve de fome.

– Ele não faria isso. – murmuro bebericando meu chá.

– Eu o achei bem convincente.

– Pois ele está sendo bem infantil! Fazer greve de fome! Onde já se viu?

– Engraçado ver você falar de infantilidade! – declara Beth pondo suas mãos na cintura. – Logo você que colocou com uma ideia besta de não vê-lo. Ele sente sua falta, sabia? Por acaso não são mais amigos?

Pensei em rebater, mas só confirmaria a infantilidade que Beth disse sobre mim. Argh, quem eu quero enganar? Beth está certa. Eu tentei facilitar as coisas para mim, mas acabei por piorá-las ainda mais. Eu teria sido muito mais madura se tivesse encarado Nicholas e resolvido toda essa história de uma vez. Ele sente alguma coisa por mim e eu sinto algo por ele, algo tinha que ser feito e ficar se escondendo não me ajudava.

Em outras palavras, eu estava sendo infantil!

– Diga a ele que não é necessário fazer greve de fome, amanhã conversarei com ele.

– E por que não hoje? – especula cruzando os braços.

– Não estou com tempo. – respondo vendo ainda seu olhar questionador.

– Não está com tempo? Mas que desculpinha esfarrapada! – resmunga e cresço meus olhos sorrindo.

– Não me diga que se esqueceu do jantar beneficente da mamãe.

Vejo os olhos de Beth se arregalaram rapidamente se lembrando da festa preparada há dias e seguro minha gargalhada.

– Por céus! Eu me esqueci do jantar beneficente! Sua mãe deve estar louquinha, eu iria comandar a cozinha.

– Mamãe deve ter previsto que você não estaria com ela. – tento acalmá-la mais não sou ouvida. – Foi por isso...

– Minha nossa, tem que organizar o salão, e verificar a lista de convidados. Eu sempre ajudo sua mãe, mas com Nicholas doente...

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