Capítulo 2

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Senti minha garganta se fechar imediatamente.

Eu não estava preparada para vê-lo e muito menos receber seu olhar divertido e quente. Meu corpo estava frio, mas a sensação térmica dentro de mim era como se uma chama tivesse sido acendida. Eu poderia dizer que era algo parecido com fogos no Polo Norte. Minhas pernas amoleceram e não sei como ainda permanecia de pé. Meu estômago se revirou e meus ouvidos zumbiram. Foram apenas alguns anos... Sete anos mais precisamente, mas parecia que eu estava dormindo por toda uma vida eu ver no que ele se transformou.

Nicholas já não era um jovem garoto.

Seu rosto não tinha mais o vestígio de juventude e o tempo tratou de marcar as linhas que envolviam seus olhos e boca. Apesar do sorriso brincalhão, eu ainda não reconhecia o homem a minha frente.

– Olá, Natalie. – cumprimenta.

Ouço sua voz máscula, limpa e calma. Até mesmo sua voz havia mudado fazendo meu corpo arrepiar com a rouquidão. Arfo abrindo um sorriso debochado tentando recobrar meu equilíbrio.

Olá? – cruzo meus braços. – Nicholas é a surpresa, mãe?

– Bom... – murmura minha mãe pensativa e um breve silêncio se forma.

– Depois de anos... – tento formular alguma frase, falar algo que seja decente, mas não consigo.

Nicholas era lindo no passado, mas agora eu não conseguia palavras para descrevê-lo. Pus a mão em meu peito me forçando a respirar mais devagar. Durante sete anos esperei que ele voltasse e quando isso acontecesse eu saberia muito bem o que falar. Eu já tinha tudo em mente, palavras altamente selecionadas e prontas para serem ditas, mas vendo-o ali, sentado, conversando com meus pais como se o tempo não tivesse avançado, me desestruturou.

– Tudo bem? – ele pergunta cuidadosamente e engulo desviando meus olhos.

– Desde quando se preocupa? – me protejo.

– Filha! – ouço minha mãe me repreender e suspiro olhando-a.

– Desculpa mãe... mas, acho que eu perdi o apetite.

Escuto uma cadeira se arrastar, mas não olho para trás, apenas continuo até meu quarto onde tranco a porta e me sento na cama sentindo um peso absurdo em cima de mim. Tento controlar minha respiração o que é impossível. Eu sabia que estava com raiva dele, mas havia algo que eu não compreendia. Algo dentro de mim acendeu assim que seus olhos me capturaram. Foi como se finalmente tudo tivesse se encaixado e tomado seu lugar de origem.

O verde intenso dos olhos que levou muitas mulheres a paixão agora exibia um tom mais profundo e sombrio. Ele podia sorrir como um menino, mas a alegria nos lábios não chegava aos olhos. Algo mais sério e másculo não permitiram o brilho caloroso que ele tinha. Dessa vez ele não pareceu apenas olhar para mim como amiga. Havia segredos em seus olhos que me seduziram de imediato e confesso que isso estava me enlouquecendo.

Talvez fossem apenas longos anos sem se ver e minha mente achou engraçado brincar com isso logo agora.

Eu tentava decifrá-lo quando batidas tremeram a porta. Meu coração acelerou com a possibilidade de ele ter me seguido.

– Podemos conversar? – a voz de meu pai ecoou pelo quarto e um alívio percorreu meu corpo.

Saio da cama indo até a porta e destrancando-a. Ele me observou com cuidado antes de me seguir até minha cama e se sentar ao meu lado.

– Sempre falando o que vem na cabeça. – acusa divertido e lhe devolvo um singelo sorriso. Papai sempre diz o quanto eu sou parecida com mamãe.

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