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A luz do sol penetra aos poucos pela janela aberta e ainda não preguei os olhos. Desde o beijo em Brin há algo rondando cada pensamento meu, algo que não consigo definir entre boa ou má ideia. Se uma coisa ficou clara para mim na noite passada foi que gosto da companhia dela. Ela é divertida, misteriosa e muito interessante. Achei que estivéssemos caminhando para uma amizade improvável, mas duradoura, quando de repente ela tentou me beijar. E agora, analisando as coisas que eu disse, percebo que posso ter, sem a menor intenção, dado em cima dela. Dizendo que ela é meu tipo preferido de mulher, por exemplo.
Dar um fora nela não foi uma tarefa fácil, nunca é. Principalmente porque ela cravou aqueles olhos castanhos brilhantes nos meus, e é muito fácil perder-me neles enquanto tento desvendá-la. Interagir com a Brin é como adivinhar uma fotografia ambulante. Não sei nada sobre ela, e tampouco saberei por ela, já que nunca consigo identificar quando responde uma verdade e quando está brincando. Pensei mesmo que ela ficaria chateada, que me puniria de alguma maneira, ou insistiria para que passássemos a noite juntos, mas a reação dela me tirou do eixo. Nenhuma mulher nunca reagiu assim. E quando ela disse com toda aquela verdade, sendo transparente pela primeira vez, que queria que eu a beijasse, pensei que não custaria atender seu pedido com um beijo inocente. Apenas para que ela não ficasse tão chateada, e não me odiasse, impedindo assim qualquer possibilidade de sermos amigos.
E desde então não consigo tirar o beijo inocente da cabeça. Assim como não consigo me desvencilhar dessa ideia, que não sei se é boa ou ruim, mas que não deixa minha mente. Brin Vega pode estar apaixonada por mim. Isso surgiu pelo fato de ela ter me seguido por dias, apenas observando-me, e por conta de suas reações na noite passada. Quando achou que havia um clima entre nós, tentou me beijar. Quando dei o fora, ficou realmente sentida. E quando a beijei, correspondeu com toda doçura e paixão que apenas uma pessoa perdidamente apaixonada poderia mostrar em um beijo. E é isso o que mais me faz pensar que seus sentimentos por mim vão além de curiosidade. Ela se entregou a mim naquele beijo, perdeu-se em mim, por um segundo precisei ampará-la. E fugiu de mim em seguida, deixando-me nessa dúvida se a verei novamente.
Por fim, desisto de tentar dormir e acesso seu site pelo celular. Vejo as mesmas fotos, reparo bem a que tem seu lindo sorriso, é engraçado como agora sei que ele é ainda mais lindo pessoalmente. E só então reparo o aviso discreto na janela de contato.
Temporariamente indisponível.
Ela não está aceitando clientes por um período de tempo? E se não recebê-los, do que irá viver? Indo contra qualquer senso, envio uma mensagem em sua janela de contato. Ela não criou o site e não o acessa, mas com certeza vê as mensagens já que é por ele que marca com seus clientes.
Para: sexybrinvega@net.com
De: stephryan@ryancorp.com
Brin, só quero saber se está tudo bem.
Aguardo sua resposta, mas ela não está online. Uma hora depois não tenho uma resposta e vencido pelo cansaço, consigo cochilar um pouco.
Ela não apareceu na faculdade hoje e não tenho qualquer notícia dela, então devo seguir em frente e aceitar que ela fez o que achei que faria, me puniu pelo fora. Bem, eu fiz o que pude, fui o mais cuidadoso possível, não vou mais me preocupar com Brin Vega.
Decidido, encontro Johnny, um amigo que lutava comigo no Luck, na saída e antes que possa impedir, me vejo perguntando:
— Você sabe onde mora a Brin Vega?
Ele me encara atônito e desconfiado.
— Por que você quer o endereço de uma garota de programa?
— Não para o que você está pensando — respondo enquanto ele grita sua dedução do meu pedido, atraindo os ouvidos curiosos dos alunos por perto.
— Você quer aprender umas coisinhas para dar conta das garotas do clube, não é? Eu sabia que esse dia chegaria.
Com um sorriso estampado em seu rosto, o cara que provavelmente é o único amigo que tenho, me envia o endereço da Brin pelo celular. E seguro a pergunta que não quer calar: por que ele sabe onde ela mora?
O prédio fica no centro da cidade, numa rua comercial e movimentada, um edifício bonito, e logo tenho a impressão de que não deve ser dos mais baratos. A recepcionista é solícita, e o ambiente ali dentro possui uma decoração clássica, diria até refinada. Se parece bastante com um lugar onde minha mãe, a rainha das frescuras, se hospedaria.
— Sabrine Vega não se encontra no momento, senhor, sinto muito — informa a recepcionista após digitar alucinadamente em seu computador por alguns segundos.
— Você sabe quando ela volta?
— Na verdade, ela não aparece aqui há alguns dias. Não acho que vá aparecer pelo resto da semana.
Agradeço e me despeço completamente confuso. Se não está em sua própria casa, onde poderia estar? Ela não me disse se conhecia alguém na cidade, se tem algum parente aqui. Bem, na verdade não me disse quase nada sobre ela. E percebo que caso ela não apareça mais na faculdade, provavelmente não voltarei a vê-la. Essa constatação me faz sentir um incômodo estranho na boca do estômago.
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DEGUSTAÇÃO - Test drive
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