INTRODUÇÃO

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— Era uma vez, uma doce e solitária garota, perdida na cidade grande em busca do seu próprio caminho. Ela não tinha nome, nem um passado que pudesse ser compartilhado, e nem a esperança de um futuro. Seus dias se resumiam a conservar sua fama, que ganhara por pura sorte, já que era péssima praticando a profissão que lhe garantia seu sustento. Seus maiores medos se resumiam a três coisas. A terceira: que sua farsa fosse descoberta tirando assim todos os seus clientes e qualquer possibilidade de manter-se na grande maçã onde tentava viver. A segunda: que seu passado fosse descoberto. Fora muito difícil para ela enterrá-lo, e se qualquer pessoa o trouxesse à tona, não restaria a ela um futuro para se preocupar. E a primeira, aquela coisa que ela mais temia no mundo, era apaixonar-se por Stephen Ryan.

— Ah, cale a boca, Brin e me deixa dormir! Tenho que acordar cedo! — ralha Tyler, meu colega de quarto, irritado.

— Você está estragando o que pode ser um novo clássico dos cinemas, sou a nova Julia Roberts e ele, o novo Richard Gere.

A luz é acesa na minha cara e fecho meus olhos por reflexo. Quando os abro, Tyler me encara irritado, estende a mão em câmera lenta e choramingo quando vejo seu dedo indicador se estender em minha direção. Lá vem a bordoada.

— Primeiro, você não seria a Vivian, já que é mais rodada do que pratinho de micro-ondas. Segundo, o Ryan não é seu cliente, não deseja ser seu cliente, nem tem qualquer interesse sexual por você. Aquele cara é gay! Você devia dizer isso ao pai dele, pegar o dinheiro antes que cortem nossa internet, e seguir sua vida. E terceiro... — Ele faz aquela pausa dramática que indica que vai pegar leve. — Baby, olhe para você, é apenas uma menina muito perdida. Você não tem nada, Brin, não tem ninguém além de mim. Não tem família ou um passado para compartilhar com ele. Às vezes tenho a impressão que nem você mesma se lembra mais de quem é. Antes de se apaixonar pelo seu "não cliente" gay e gostoso pra caralho, devia se apaixonar pela garotinha que foi um dia, que sabia seu nome e suas origens. Devia reencontrá-la, para depois buscar outra pessoa.

Suspiro exasperada e o encaro de volta:

— Ele tem dez gominhos.

— Dez? Você tem certeza? Ah, meu pai, me deixa sozinho com ele por dois minutos e te passo o atestado de homossexualidade dele...

Tyler se empolga e não para de falar sobre o jeito como Stephen o olhou quando esteve aqui, o jeito que sorriu para ele e tudo o que ele acha que indica que tem alguma chance com Stephen. Sorrio e aceno, mas nem presto atenção na sua baboseira empolgada, só me lembro daqueles olhos castanhos fixos nos meus hoje cedo, quando ele me fez tocar todo seu abdome, para deixar minha mão descansar em seu peito, onde seu coração batia. E me disse com aquela voz rouca e deliciosa que me daria aquilo se eu quisesse.

Ele me daria seu coração.

Eu fui contratada para testar seu pênis.

E na verdade eu quero absolutamente tudo dele.

— Estou perdida — choramingo escondendo a cabeça debaixo do travesseiro, interrompendo o falatório de Tyler.

— Amor, aceite o quanto antes, você não vai ter um romance com Stephen Ryan.

— Você não sabe um terço do que nós passamos — defendo minha doce ilusão.

— Ah, é? Você anda me escondendo o ouro? Então por que não me conta?

Num segundo tudo me vem à mente, desde aquela manhã semanas antes, quando um cliente desconhecido marcou um horário.

DEGUSTAÇÃO - Test driveOnde histórias criam vida. Descubra agora