Laura's P.O.V:
Eu estava em completo desespero. Bertha havia desaparecido no bosque e eu já não sabia mais onde procurá-la. Havíamos saído pela manhã para caminharmos e, ambas resolvemos nos separar para tentar encontrar frutos. Porém, havíamos combinado de nos encontrar meia hora depois, no nosso ponto de partida, que era em frente á um pequeno riacho, nas proximidades do castelo, porém, Bertha não aparecera. — Meu Deus, meu pai vai me matar se acontecer algo com Bertha! — Andava de um lado para o outro, já cansada de gritar, berrar, urrar pelo seu nome, correr, procurar, tentar adivinhar onde estava. Já se passavam das dez da manhã. O tempo estava se fechando, aparentemente uma tempestade estava se formando no céu, que estava cada vez mais cinzento e pesado. Decidi que, voltaria para o castelo e confessaria para meu querido pai que havia me perdido de Bertha e que, infelizmente, não consegui encontrá-la. Eu me encontrava cerca de meia hora de distância do local. Decidi que iria andando pela estrada, na esperança de encontrar Bertha.
Enquanto caminhava pela estreita estrada de acesso entre o castelo e a cidade, deixava meus pensamentos vagueando. Eu estava atormentada pelos sonhos que voltavam a me envolver e assustar; Aflita, com o sumiço de Bertha. Apreensiva sobre como iria me explicar para meu querido pai e para o general Spielsdorf, seu pai. — Se acalme, Laura. — Falei para mim mesma, enquanto retirava uma mecha de cabelo que havia caído pelo meu rosto.
Um calafrio estranhamente repentino me invadiu quando me lembrei novamente de um dos perturbadores sonhos que estavam me seguindo. Não era com o grande e violento felino, que parecia me espreitar antes que me atacasse durante meu estado inconsciente. Era com algo ainda mais impactante. Por vezes, sonhei com uma presença sobrenatural no meu quarto. Era uma mulher, uma jovem mulher. Seus cabelos eram negros como ônix. Seus olhos eram da mesma forma. Suas sobrancelhas eram maliciosas, trajava um vestido de um leve tecido cru, branco e virginal. Possuía lábios finos e um lindo sorriso. Ela parecia me enfeitiçar com seu profundo olhar, durante meus sonhos. O cenário era o mesmo de sempre: O meu quarto, as vidraças abertas, o vento gélido vindo do bosque, as velas apagadas e, aquela figura inusitada e ameaçadora, me observando aos pés de minha cama. Em cada sonho, ela se aproximava mais. Eu me sentia num transe, paralisada. Na última vez em que sonhei com a misteriosa jovem, ela havia me enfeitiçado de alguma forma. Eu podia ouvir o último badalo do sino da igreja próxima ao castelo, anunciando meia-noite e, aquela figura, se apoderando do meu espírito e da minha carne, até que, a mesma, fazia como o felino voraz: Me atacava o pescoço, dilacerava minha jugular. " Por quê? "
Já estava adentrando o hall do castelo, quando avistei Madame Perrodon, que vinha ao meu encontro. — Por que demorou tanto, Laura? Eu estava preocupada! Onde está Bertha? — Meu estômago revirou e eu não pude disfarçar o desespero perante a governanta.
— Madame Perrodon, onde está papai e o general Spielsdorf? Bertha se perdeu no bosque e eu estou desesperada! — Me atirei em seus braços, a fim de me confortar de alguma maneira.
— Meu Deus, Laura! Precisamos encontrá-la. O general e seu pai foram caçar um suposto lobo que atacou algumas ovelhas esta manhã. Bertha pode correr perigo. Laura, você procurou por ela, querida?
— Eu procurei em todos os cantos, Madame Perrodon! - Desabafei, enquanto segurava suas mãos. — Eu juro, Madame. Eu não deixaria Bertha á mercê dos animais e do frio, ainda mais com a tempestade que está se formando. Nós fomos explorar algumas extensões quais eu ainda não conhecia e nos perdemos.
— Se acalme, Laura. Bertha estará bem. Nós vamos encontrá-la, ou ela mesma se encontrará. Caso Bertha não apareça até seu pai e o general voltarem da caçada, eu os comunicarei e comunicarei os demais homens parem irem em busca de Bertha.
Assim que Madame Perrodon concluiu a frase, o batedor da porta do castelo anunciou alguém chegando com furor. Seria Bertha? Corri para atender. Puxei o charmoso batedor de bronze, com o detalhe de um dragão para que pudesse abrir a grande porta de madeira maciça do hall do ambiente.
— Por favor, me ajude. — Suplicou a figura, assim que puxei a porta. Meus olhos se arregalaram desacreditados, quando me dei conta de quem se tratava.
— Madame Perrodon! — A chamei, enquanto fitava os traços da presença daquela jovem mulher, ali, em carne e osso, incrédula. Perplexa. Não conseguia entender o que eu estava sentindo. Medo? Talvez eu estivesse delirando? Talvez fosse um sonho?
— Minha mãe e o cocheiro que nos trazia foram assassinados por ladrões. Me ajudem, por favor. - A jovem estava com o rosto e busto sujos de sangue. Os cabelos estavam soltos e desarrumados.
— Oh, Meu Deus! Qual o seu nome, querida? — Madame Perrodon avançou á minha frente, trazendo a jovem para dentro do hall do castelo e a segurando pelo rosto, enquanto eu ainda continuava em choque e sem conseguir dizer uma sequer sílaba.
— Carmilla. Carmilla Karnstein.
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Written In Blood.
VampireA história de Carmilla começa no século XVIII, quando perde sua mãe por uma fatalidade - ou pensa que a perdeu - e ao mesmo tempo descobre que há algo extraordinário acontecendo consigo. Laura é uma adolescente de dezoito anos que, coincidentemente...