Carmilla's P.O.V:
— Um whisky, por favor.
Pedi para o garçom do pequeno bar. As luzes eram baixas; Havia uma garota tocando o piano. Dark Cabaret? Não sei. Mas aquele som me eriçava cada poro da minha pele. Confesso que Estíria tem seu charme: Detalhes góticos, um clima agradável, pessoas misteriosas. Mas não é aqui que quero morrer e, não é aqui que vou ficar. Haviam muitos homens naquele lugar. Uns fumavam seus charutos, outros, debatiam sobre política, sobre a local e o novo governo da Alemanha. que vinha causando polêmicas. Tirei a minha cartola e fitei o copo quadrado e charmoso posto pelo jovem garçom sobre o balcão de madeira do local. Beberiquei o primeiro gole, descera quente.
— Ei, docinho — Aproximou um soldado próximo de mim — Posso saber por quê está sozinha?
— Claro! Provavelmente porquê não perderia meu precioso tempo falando com idiotas como você. — Sorri e pisquei, a fim de afastá-lo.
— Ora! Não me trate assim. Eu não vou fazer nada para você. Apenas vim perguntar se aceita jogar cartas conosco, na nossa mesa. Minha namorada está se sentindo deslocada no meio de tantos homens.
Fitei a mesa qual o garoto alto, forte, de cabelos escuros e olhos verdes, trajando farda e uma boina apontou. Haviam cerca de cinco ou seis homens por lá e, apenas uma garota. A fitei, parecia uma garota rica. Cabelos encaracolados, boca bem desenhada. Usava um vestido preto de veludo, típico das fotografias de Coco Chanel qual vi em um jornal dias atrás.
— Me convenceu. Me chamo Carmilla. — Estendi a mão para o garoto, que sorriu e a pegou, me auxiliando a andar por meio das pessoas que estavam de pé pelo local.
— Me chamo Balzer, venha. Você vai gostar da nossa turma.
Chegamos até a mesa. Balzer me apresentou os demais:
Um garoto careca e barbudo, Joseph; Um garoto ruivo e com sardas, Petrus; Um homem um pouco mais velho, Dean, que havia se apresentado como sargento da turma; Um garoto com cabelos raspados e um topete, que mais lembrava um nazista, Denver e, a garota, namorada de Balzer, uma linda garota, chamada Lexie.
— Me chamo Carmilla.
— Você é de Estíria mesmo, Carmilla? — Petrus me perguntou.
— Eu sou de Burgenland, mas tenho família aqui há séculos. — Respondi ironicamente.
Me sentei e voltei a bebericar meu whisky. Conversas iam e vinham, Lexie estava tímida com a minha presença. Coloquei a minha cartola em sua cabeça.
— Está linda, Lex! — Balzer comentou.
Ela sorriu. Um sorriso encantador.
Meia hora depois e eu havia me sentado do lado de Lexie. Os garotos jogavam cartas e, eu me deliciava de sua companhia. Era uma garota inteligentíssima! Havia falado sobre escritores, política, moda, arquitetura, inúmeros assuntos. Planejava ser estilista.
— Então, Lexie, é por isso que a senhorita está tão bem vestida e fica tão estilosa com a minha cartola, hum?
— Bem, Carmilla... — Tirou a cartola e passou a analisá-la — Eu posso ver que esta cartola não deve custar barato. Este tipo de material era comum no século dezoito. Onde a conseguiu?
Corei. Precisava pensar em uma resposta rápida para que não desse nenhum indício do meu passado e, claro, do meu presente vampiresco.
— Era de meu avô. Achei guardada no meio de quinquilharias na minha casa.
— Oh, é uma relíquia. Uma bela cartola. Já não se fabricam coisas assim. Deve valer uma fortuna.
— É uma de minhas peças favoritas, Lexie. Não ousa! — Ri. Já estava no quinto ou sexto whisky. Lexie bebia vinho e apenas vinho. Era realmente de classe.
— Bem, hoje é uma despedida. Irei embora de Estíria pela manhã. Pegarei os trens até a Itália, onde pretendo estudar Moda.
Uma deixa. Eu precisava aproveitar esta oportunidade. Precisava voltar para o castelo e, pegar coisas de valor, além de assaltar o cofre de mamãe.
— Eu também estou a viajar para conhecer o mundo, Lexie. Poderíamos ir juntas, que tal?
— Bem, eu acho que você seria uma ótima companhia. Assim, Balzer não ficará preocupado com a minha viagem sozinha. Partirei ao alvorecer, daqui a pouco irei para a casa descansar e me despedir totalmente dele. Você poderia me encontrar na estação de trem, que tal? Na estação central de Graz, ás oito.
— Combinado.
Eu já tinha alguém que me auxiliaria. A Itália parecia uma ótima ideia. Não estaria sozinha e, além do mais, Lexie é muito gentil e precisará de proteção.
— Lexie, Balzer, Petrus, Dean e Denver, eu preciso ir. Já se passam da meia-noite e amanhã tenho uma viagem pela manhã — Me despedi, me levantando.
— Fique mais, nós lhe levaremos embora! Estamos com o canhambeque que o exército chama de carro — Suplicou Denver, um dos garotos.
— Sinto muito, meninos. Meus pais são bravos e se me virem chegando com um carro do exército em casa, provavelmente serei presa num calabouço por eles.
Todos riram.
Me aproximei de Lexie e beijei-lhe o rosto.
— Não vá sem mim! — Reforcei.
— Não irei, lhe aguardarei. — Garantiu.
Peguei a minha cartola e a coloquei de volta. Fui em direção á saída do bar, procurando um lugar discreto para que pudesse me transformar em felino e, assim que encontrei uma ruela escura, o fiz, partindo rapidamente de volta para o castelo.
" Precisarei ser discreta ", pensei.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Written In Blood.
VampireA história de Carmilla começa no século XVIII, quando perde sua mãe por uma fatalidade - ou pensa que a perdeu - e ao mesmo tempo descobre que há algo extraordinário acontecendo consigo. Laura é uma adolescente de dezoito anos que, coincidentemente...