VIII

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Carmilla's P.O.V:

Depois de ter passado boa parte daquela tarde com Laura, decidi sair um pouco de seu castelo para pensar. Estava com os nervos á flor da pele. Chorei por longos minutos e meus olhos haviam se irritado. Laura me emprestou um novo e lindo vestido roxo, que lembrava muito os de minha mãe, com aquele corte e charme vitorianos, além de um lindo sobretudo de seu pai, em couro, que não o servia mais. Estava no jardim, cercado de folhagens, caminhava lentamente. Olhei para a construção atrás de mim: Observei bem as vidraças do quarto de Laura, para ver se ela não estaria me espionando. Decidi adentrar o bosque, para ir até a cena do crime, na esperança de encontrar meus pertences e... Seus corpos, para que pudesse, finalmente, ir até cidade e pedir ajuda para a polícia local. Coloquei minhas mãos nos bolsos do casaco e adentrei o bosque. Calçava botas de Laura, que serviram perfeitamente nos meus pés.

Passaram-se cerca de quarenta minutos. Eu continuava a andar e, não encontrara a carruagem, nem vestígios do crime, ou muito menos a grande árvore que me abrigara noite passada. Já estava prestes a desistir, abordar meu plano e pedir que alguém me ajudasse a chegar até a cidade mais próxima para que eu pudesse acionar os policiais e iniciar uma investigação. O tempo estava cinzento, pesado. Parecia que aquele dia não tinha fim. Chequei as horas no relógio de bolso que pertencera ao meu avô, que guardava sempre comigo. Eram apenas cinco da tarde. Eu não tinha medo do lusco-fusco, muito menos dos animais ou perigos que pudessem me rondar, já que eu estava descobrindo que eu era o maior perigo.

Parei em frente à estrada para decidir seguir caminho, quando meus ouvidos captaram algum som anormal vindo da estrada. Seriam... grunhidos?

FLASHBACKS ON:

Laura havia dito sobre lobos, lobos ferozes que atacaram as ovelhas, nas redondezas do bosque e do castelo.

" - Eu não tenho ideia. Estávamos a passear pelo bosque. Nós, então, decidimos nos separar para explorarmos novos lugares. Ela não voltou. O pior, é que meu pai e o general disseram que um animal, provavelmente um lobo, feroz está a solta pelos arredores. Ele atacou ovelhas. Tenho medo que tenha atacado Bertha. "

FLASHBACKS OFF:

" É melhor eu dar o fora daqui, antes que o próximo cadáver a ser encontrado em putrefação, seja o meu ", pensei. Voltei o meu corpo para a direção contrária qual estava indo e, imediatamente avistei um lobo acinzentado, com olhos azuis, descomunal, rosnando e se aproximando. Procurei manter a calma e não me mover bruscamente, para que não me atacasse. Nos bosques de Burgenland também haviam lobos. Eu sabia lidar com eles, já encarei muitos, mas não tão grandes como este. " Deus! Mircalla, mantenha-se calma ".

Dei alguns passos para trás e o lobo atentou-se. Mostrou-me seus enormes caninos e ficou em posição de ataque. Tentei dar outro passo para trás, lentamente. Procurava manter até mesmo minha respiração sobre controle. O lobo avançou pronto para atacar, em minha direção. Minha visão ficou turva. Cerrei os olhos, enquanto estremecia e me entregava ao ataque, porém notei que algo mudou em mim. Uma força espantosamente bruta e selvagem se apossara dos meus braços e eu contive o ataque do lobo.

AUTHOR'S P.O.V:

Carmilla imediatamente descobriu-se em forma de pantera. Lutava incansavelmente contra o lobo. O segurava ferozmente contra as folhas de orvalho e cravava seus enormes caninos no pescoço do animal, que, imediatamente, parou de debater-se, entregando-se á força da jovem mulher de cabelos negros, que agora tonara-se um felino voraz. Uma carruagem estava vindo em direção ao combate, os cavalos pararam repentinamente, assustados com a cena adiante. Carmilla segurava e rasgava o animal nos dentes, mas, assustou-se com a movimentação e, imediatamente deixou o cadáver do pobre lobo á mercê da carruagem na estrada e adentrou-se pelas árvores, que ganhavam formas macabras devido ao escurecer, deixando apenas suas pegadas e sinais da violência pela terra úmida da estrada. O cocheiro de cabelos brancos, trajando luvas, terno e um grande casaco, desceu do seu posto, para tentar acalmar os animais. Um homem de cabelos louros, jovem e robusto trajando terno e gravata borboleta, abriu a porta da carruagem e desceu da mesma, para observar o cadáver do lobo. Deixou um sorriso pairar no ar.

- Viu aquele animal, senhor Will? - Perguntou o cocheiro - Era uma pantera!

- Não, não era uma pantera - Respondeu Will - Era Mircalla Karnstein. Apresse os cavalos. Preciso relatar para vovó e Lilita, também não podemos nos atrasar para o grande baile.

Carmilla's P.O.V:

Lá estava eu, mais uma vez, ensanguentada e com as roupas rasgadas. Eu não entendi mais nada. Eu não sabia o que havia acontecido e como eu tinha lutado contra um lobo. Um lobo, não um cachorro. Um lobo. Eu o vi, com meus olhos. Eu precisava ir-me embora o mais rápido o possível de Estíria. Chequei o relógio de bolso de meu avô: Sete da noite. Os meus ouvidos sensibilizados ouviram o badalar do sino de uma igreja. Laura e seu pai, Madame Perrodon e os demais, provavelmente estariam preocupados, ou não.

Caminhei em torno de quinze minutos, procurando a estrada para que pudesse me orientar. Foi, quando avistei destroços de uma carruagem. Meu corpo todo se estremeceu. A luz da lua ajudava a iluminar o caminho. Os cavalos haviam sido levados. Comecei a revirar cada centímetro da carruagem. Haviam levado muitos pertences. Avistei uma das minhas malas de couro, caída, fechada e, intocada no meio da bagunça. Eram alguns dos meus pertences. Suspirei aliviada, afinal, a sorte contou comigo. Abri imediatamente a enorme mala: Haviam vestidos, jóias, uma garrafa de vinho que roubara de mamãe e, o item mais importante: O colar com pingente de um gato preto com olhos amarelos, em ouro e ônix. A única lembrança que eu possuía de minha desconhecida avó. Sorri e suspirei aliviada e, imediatamente coloquei-o em meu pescoço. Mas, onde estava o corpo de minha mãe?

Written In Blood.Onde histórias criam vida. Descubra agora