Laura's P.O.V:
Já se passavam das oito, meu pai, o General, madame Perrodon e eu, já havíamos jantado. Eu já havia feito minha higiene pessoal, já estava vestida com minha camisola crua. Bertha continuava desaparecida. General Spielsdorf deixou claro que pela manhã, acompanharia Carmilla até a cidade e a ajudaria com a polícia, para que pudesse investigar o caso de sua mãe e também para que ele pudesse dar queixa sobre o misterioso sumiço de Bertha. Por lembrar-me em Carmilla, eu acho que havia sido intrépida nesta tarde. O meu receio para que com ela se dissipava lentamente. Talvez, os tais sonhos não fossem absolutamente nada ou fossem absolutamente tudo. Por falar na tal, ela havia saído no fim da tarde e não havia voltado até então. Me levantei da poltrona e caminhei até uma das vidraças, trazendo um castiçal para iluminar, na intenção de Carmilla avistá-lo. Quando entreabri a cortina, lá estava ela trazendo desajeitadamente uma mala de couro pelos jardins. Notei que ela havia me avistado. Ela parou e sinalizou algo que não entendi. Todos já se encontravam em repouso. Notei um sorriso se revelando em seu rosto. Ela acenava desesperadamente com a mão. Seria um sinal para que eu fosse até ela? A noite parecia bela, mas... " Por que não, Laura?"
Em alguns instantes, eu já me encontrava pelo hall do castelo, com botas de couro e um casaco felpudo, procurando uma maneira de sair sem despertar os demais. Passei por uma cristaleira antiga e notei algumas garrafas de bebida. A abri lentamente e puxei uma delas. Eu queria uma aventura. Eu precisava de uma aventura. Fechei lentamente o objeto, sem nenhum tilintar e parti para tentar fazer o mesmo com a grande porta maciça de entrada do hall.
" Vamos lá, Laura! "
Ouvi uma leve batida em uma das vidraças do hall. Corri para ver do que se tratava. Era Carmilla sinalizando para eu viesse por aquele caminho. Esbocei um sorriso confusa, porém, o fiz. Abri uma das vidraças e Carmilla pegou a garrafa com a sua mão esquerda e uma de minhas mãos com a direita.
— Venha logo, Laura, não faça barulho.
Pulei a vidraça e me virei em seguida para fechá-la, deixando apenas uma pequena brecha para que pudéssemos voltar. Voltei a me virar para Carmilla, que segurava a garrafa roubada e sorria.
— Parece que alguém aqui quer se divertir um pouco. — Cochichou libertinamente. Era incrível como ela parecia doce e serena, mas também era capaz de mostrar-se libertina e... Sedutora.
Passamos a andar em passos ágeis pelo jardim para acharmos um lugar mais tranquilo. Eu dei um leve sorriso, ainda um pouco desconfiada, porém, com uma sensação de adrenalina por estar indo para sabe-se lá onde com uma semi-desconhecida.
Depois de alguns minutos de caminhada, eu e Carmilla nos encontrávamos sentadas atrás de uma pequena capela do castelo. A lua estava simplesmente brilhando perolada lá em cima e alguns vaga-lumes dançavam pela escuridão. Se acomodou rapidamente ao meu lado. Segurava a garrafa de uísque já destampada.
— Onde... Você estava, Carmilla? — Perguntei, com certa impaciência, enquanto ela levava o uísque aos lábios e bebericava. Fez uma careta engraçada pelo sabor quente da bebida.
— Isso é forte! — Comentou rapidamente, me passando a bebida. — Você não vai acreditar! Eu encontrei vários pertences espalhados na floresta quando saí, por isso demorei. Esta mala estava intacta! Foi sorte.
Eu a ouvia falar, enquanto fazia o mesmo movimento dela, com a garrafa e em seguida, senti o calor do álcool invadir minhas entranhas, seguido de uma expressão de desaprovação da bebida.
— É realmente forte! — Comentei, porém, raciocinei rapidamente se deveria perguntar sobre o corpo de sua mãe. Decidi que iria perguntar e o fiz:
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Written In Blood.
WampiryA história de Carmilla começa no século XVIII, quando perde sua mãe por uma fatalidade - ou pensa que a perdeu - e ao mesmo tempo descobre que há algo extraordinário acontecendo consigo. Laura é uma adolescente de dezoito anos que, coincidentemente...