Capitulo 01 - Os Segredos de Tarmor

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- Ouço gritos.

Sussurrava o príncipe a caminho de um longo corredor escuro, o mais assustador que até então tinha conhecido. Os passos pareciam longo na imensa escuridão do corredor cujas as tochas eram incapazes de iluminar. A procissão continuava, o príncipe Ivos, a frente seu pai o  rei Ivos III ao seu lado o velho sábio e a companhia de alguns homens importantes da casa de Tarmor.

- Deixei de ser resmungão - murmurou o rei Ivos III o pai do príncipe Ivos - Você já possui a idade para aprender as nossas tradições e religião.

- Não estou resmungando - argumentou o jovem príncipe de cabelos escuros, pele alva e queijo afinado - mas o som dos gritos parece aumentar, é obvio que alguém sofre no fim deste corredor.

O ritual secreto denominado de "três rosas" já estava a seculos sendo preservado pelos tarmodianos, não se tratava de um simples rito, mas era base forte das crenças dos homens de Tarmor, crença essa que era ocultada das mulheres e cuja a presença era negada, entretanto os gritos que Ivos ouvira era feminino.  O ritual era realizado nas noites de Lua cheia de cada mês, sempre em uma sala iluminada apenas com as tochas na parede, no centro uma grande mesa em formato triangular, homens vestidos com capuz negro e mascaras de prata, apenas o rei e os de sua família usavam trajes reais. A sala encontrava-se nas entranhas da cidade da Casa de Tarmor, o lugar era mantido em segredo pelos homens da família real e sacerdotes.

Os gritos que o jovem escutara eram de uma jovem completamente nua que vinha sendo arrastada por homens com capuz cinza, estes não usavam mascaras. A jovem ruiva provavelmente era uma escrava capturada em alguma batalha, afinal, nunca se ouviu falar de uma tarmordiana ruiva.

O que acontece naquela sala é um dos maiores segredos preservados pelos tarmodianos, por isso a importância de selecionar quais homens poderiam participar de tal rito. Essa era a primeira vez de Ivos e ele não sabia do que estava prestes a testemunhar, tal barbaridade que eu mesmo não mencionarei. 

O jovem príncipe de apenas 17 anos começou a entrar em uma profunda aflição, não estava acreditando no que estava para testemunhar, olhava assustado para seu pai, mas o olhar não era respondido. Os homens começaram a cantar e o jovem príncipe não acreditou no que seus olhos contemplavam.

O jovem não consegue conter suas emoções sem tomar as dores da jovem para si e em um ato de aflição e desespero dar alguns passos a frente na tentativa de sava-la, mas ele logo perde suas forças e cai sobre o chão gelado, algo assegurou que ele não intervi-se no ritual até acordar em seu quarto aos cuidados das servas de sua mãe.

- Espera mesmo que ele seja o rei de Tarmor? - Sussurrou o velho aos ouvidos do rei, estavam na entrada do quarto do garoto. Aquele velho asqueroso em seus trajes de pele de logo, cheio de anéis em seu dedo, sua barba longa, grisalhas e fedidas.

- Ele é o meu único filho, o que posso fazer se o garoto é fraco? - Respondia o rei em decepção apoiando seu braço por sobre a porta, com o seu olhar penetrante na direção do velho, o rei tinha cabelos escuro como um bom tarmodiano, sem barba e rosto enrugado.

- Não entendo porque nossa rainha não lhe dar mais um filho, de onde sai um, pode muito bem sair dois, será que os deuses não a amam? - Então o velho deu dois passos para traz e continuou - precisamos de um rei forte, que esteja pronto para erguer Tarmor, precisamos que Trenur encarne, só assim poderemos tomar de voltar o nosso rio sagrado.

- A vinda de Trenur não está no meu poder, está nas mãos dos deuses - Replicou o rei Ivos III virando-se para o velho e manifestando sua fúria com um olhar, ele o encarava e se pudesse os esbofeteava ali mesmo naquele lugar, mas sabia que precisava do apoio de velhos Lordes religiosos, principalmente em tempos tão difíceis como estava vivendo o povo de Tarmor. 

As Crônicas dos Quatro Reinos (Livro 01) O Despertar do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora