Capítulo 07 - Os cabelos de mel.

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A chuva castigava a Floresta do Norte e a grande capital de Frater era lavada com as águas dos céus. Diana orava aos deuses na capela real que ficava no corredor próximo a sala do trono. De joelhos entregava suas orações junto com uma cesta de flores a deusa amada Vienter que era conhecida como a deusa das donzelas. Sua imagem era a quarta dos sete deuses, a estatua de pedra pintada e adornada pelos artistas de Fropar retratava a imagem das jovens frateanas, sempre em vestidos de linho fino leve e as cores que lembravam os jardins do reino de Frater, e uma coroa de flores na cabeça.

Diana trazia sempre uma oração triste em seu peito. Entregava a deusa do desgosto que tinha em relação aos seus sentimentos a Thomas seu primo e de quem era noiva. Eles pouco se falam, e pouco se encontravam esses raros momentos aconteciam quando Thomas a cortejava. Nesses encontros Diana se mentinha calada, sempre aparentava ser tímida e triste o que na verdade ela não era, pois tinha um espirito aventureiro. Thomas gostava desse lado doce e tímido de Diana, a postura da jovem o fazia sentir forte e protetor.

Ela estava derramando sua lagrimas, o seu futuro parecia sem gosto, sem cor e sem espirito e isso o matava por dentro, se não fosse o som da chuva caindo do lado de fora os seus gemidos seriam escutados por outros.

Talvez a deusa não a escutasse, mas o jovem que estava de volta de sua viagem que levado pelo destino passou por frente à entrada da capela real e o vento que entrava por entre a janela sussurrou os gemidos de Diana aos seus ouvidos o que lhe fez entrar na capela.

Ele olhou e procurou por todos os lados até encontrar a dona dos gemidos de joelhos no pé do altar da deusa. Ela ao ouvir o som das botas de Hamer tocar o chão virou com o rosto para trás e avistou aquele cavaleiro entrar na capela com um olhar preocupado.

– Desculpe-me, não queria atrapalhar suas orações – sentiu-se desajeitado ao perceber que se tratava da princesa, mas ficou intrigado com o som de sua oração e choro, parecia tão triste.

Ela tentou esconder as lágrimas no linho de sua roupa e lentamente foi recolhendo suas forças até se colocar de pé. Foi a primeira vez que os dois puderam está frente a frente. O coração de Hamer estava querendo lhe falar algo, o seu corpo sentia alguma coisa que para ele desconhecido, ele estava enfeitiçado com o rosto maquiado da jovem, que aos seus olhos ela parecia uma verdadeira obra de arte, graciosa, estatua majestosa.

Hamer não acreditava nos deuses, mas a beleza de Diana colocava sua descrença a prova – Linda como as canções do sul - sussurrou o mais baixo que pode o jovem cavaleiro.

– Como disse? - Diana ao perceber o tocante som de sua voz a sussurrar o que para ela pareceu uma poesia, ainda que por um esforço tentasse ler os lábios do rapaz, nada pode entender.

– Nada tenho dito milady, foram apenas pensamentos altos - o jovem cavaleiro continuava - Desculpe-me mais uma vez, eu ouvir um som triste e fiquei preocupado.

Nesse momento Diana ficou envergonhada e tentou esconder seu olhar por entre seus cabelos da cor do mel, mas Hamer percebeu sua tristeza. Diana levantou seu olhar e conseguiu avistar o cavaleiro vestindo em sua armadura em pé no corredor da capela, estava tomada de vergonha e um nervosismo estranho, mas não tinha coragem de cruzar aquele corredor, pois sabia que teria que passar perto de mais do nobre e isso lhe deixava nervosa.

Hamer lentamente começou a avançar os passos na direção de Diana e cada vez que ela ouvia o som da bota de Hamer tocando o chão o seu coração se acelerava.

– Hamer é o seu nome? – Disse Diana.

O som de sua voz era como notas musicais aos ouvidos de Hamer que nesse momento percebeu a paixão, ele em um sinal com a cabeça respondendo de forma positiva a indagação da jovem.

As Crônicas dos Quatro Reinos (Livro 01) O Despertar do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora