Capítulo 06 - Que os ventos me levem

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A tarde cinza e os fortes ventos com rajadas de chuvas que mais pareciam pedras afiadas sobre os lombos dos marinheiros não os desanimaram, o navio era balançado para um lado e para o outro, o velho Crox olhava para o céu cinza e lembrava-se de sua casa e a saudade apertava no peito, embora muitos ali desconfiassem que aquele homem de capuz e capa preta fossem mesmo o velho feiticeiro de Builhes e isso os aterrorizavam, não que o povo de Builhes não fosse bem vindo, mas aquele homem encurvado parecia mesmo um feiticeiro de Builhes.

Mas ninguém ousava comentar nada, o capitão tinha dado ordens para deixar o homem misterioso em paz e ele bem sabia que os feiticeiros de Builhes não gostavam desse título, na verdade eles se intitulavam sábios e tudo o que eles faziam era a arte das ciências químicas.

O mar agitava e alguns começaram a rezar aos seus deuses por socorro, mas o capitão estava seguro e gritava – a frente marujos – todos corriam de um lado para o outro e o capitão continuava a gritar – não podemos mudar os ventos, mas podemos ajustar as velas.

O navio parecia não aguentar, as ondas eram altas e estavam furiosas, pareciam vivas e queria tragar aquele navio a qual quer custo, fazer dele alimento para o oceano. O velho Crox ainda escondido por traz da capa se segurava dentro do convés e a todo tempo puxava um pergaminho de seus bolsos o abria, olhava, olhava para fora por entre a porta e voltava o seu olhar para o pergaminho, em um momento o capitão entrou gritando – Que tipo de maldição você traz conosco? Os deuses dos oceanos estão furiosos – Crox se aproxima do capitão o segura pelos ombros e o olhar por entre a capa

– É sinal de sorte meu velho – e solta uma gargalhada.

Nesse tempo o capitão voltou a pensar se era mesmo para ele está à frente daquela viagem, lembrou-se de seus marujos reclamando da presença do velho antes mesmo de deixar o Porto Velho da cidade de Dã, e logo foi tomado por uma dor forte no peito de arrependimento, nessa hora as ondas deixaram o navio totalmente fora de controle, parecia que daquela vez o navio não escaparia, ele iria virar.

Crox segurou forte em uma das colunas, o capitão não teve tanta sorte e caiu de cara contra parede que naquelas horas parecia mais o chão, não se podia mais saber o que era e o que não era. O navio balançava e o estado agora estava pior, o navio estava incontrolável.

Crox olhou para o capitão que parecia estar morto.

O navio foi lançado contra uma rocha e sua proa foi totalmente destruída, nessas horas os navegantes já gritavam – Abandonar o navio! – como se fosse possível! No momento que a proa tocou a rocha foi totalmente despedaçado e a outra ponta do navio fez um giro de 180 graus em uma velocidade muito acelerada e alguns marinhos foram lançados a uma distancia de seis metros e outros se seguravam em algumas partes do navio.

Crox não se aguentava em tentar manter-se vivo. Estava ele no limite de suas forças.

O navio começou a afundar, mas ainda era arrastado pelas ondas do oceano, Crox se equilibrava, segurava em algo que ele mesmo não podia reconhecer e de repente em um ultimo balanço ele foi lançado contra a parede e apagou de imediato, estava Crox como mesmo disse, lançado a sorte.

Crox acordou sendo arrastado em terra desconhecida.

Na beira de uma praia que não conseguia identificava e com uma noite tão escura com a certeza de está em sérios apuros, então tentou olhar para quem lhe arrastava e em seus pensamentos estava torcendo para que não fosse a alguma praia dos Quatro Reinos. Mesmo ainda um pouco tonto e meio que sem forças tentou algumas palavras – por fa-fa-favor, me-me-soltem... - foi quando o soltaram. Eram dois pescadores, um deles falou:

– Desculpe-me meu senhor, pensamos está ajudando – e pelo sotaque logo Crox identificou onde estava e sussurrou – enfim, cheguei!

– O que o senhor disse? – perguntou um dos pescadores se curvando para tentar ouvir melhor o que o velho tinha a dizer.

As Crônicas dos Quatro Reinos (Livro 01) O Despertar do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora