Ele já havia concentrado suas forças o máximo que podia, suas mãos estavam tremulas e machucadas, seus pés cansados e calejados, a roupa estava velha e suja e já não o aquecia mais, não só pelo desgaste, mas a altura que se encontrava nas montanhas do norte nem uma pele de urso poderia lhe aquecer o bastante e vencer o frio, mesmo assim continuou sua busca, embora seu coração e sua mente sempre lhe levavam ao quarto de sua amada.
Por noites e dias durante essa longa jornada não deixou que os olhos de sua amada, o doce gosto de sua boca apagassem em sua memória. Prometia a si mesmo voltar o mais breve possível e rouba-la para que ela fosse para sempre sua, e isso conspirava em sua mente, embora ainda não tivesse encontrado um plano definitivo para sair de Frater sem ser morto.
Olhou mais uma vez para o alto, a luz era bloqueada pela a enorme montanha coberta de gelo, o lugar estava frio e a neve caia por sobre seus ombros, mas estava Hamer decidido a descobri o maior mistério dos Quatro Reinos e enfim depois de uma longa e cansativa viagem avistou o que sua mente não queria acreditar, as ruinas de uma cidade abandonada. Mas não era uma cidade comum, tinha colunas com ornamentadas, totalmente diferente de tudo que já tinha visto em toda a sua vida.
A cidade não possuía casas, mas altares, colunas e o desenho das estrelas, a lua e o sol. O lugar estava tomando de neve e as paredes já não tinha a beleza das pinturas desgastadas pelo tempo, o lugar era maior do que Hamer podia esperar.
Subir aquela montanha foi mesmo gratificante, pois a beleza do lugar não pertencia a mãos humanas, era algo sublime e divino. O lugar se encontrava escondido entre as mais altas das montanhas do norte, esse era o motivo pelo qual o lugar ficou tanto tempo oculto dos homens.
Hamer caminhou por entre a cidade perdida, a cada passo ficava admirado com a beleza do lugar mesmo o lugar estando abandonado e desgastado pelo tempo.
Ele percebeu que tudo tinha um tamanho exagerado e isso lhe fez pensar nos possíveis morados, ou talvez fosse um templo erguido para os deuses? Mas isso não parecia ser provável, pois o lugar tinha um acesso muito difícil, se os homens pudessem voar, talvez fosse fácil chegar ao local, mas ter que caminhar e subir pelas montanhas, não parecia ser uma boa ideia ainda mais em dias de construções.
E como teria sido construído o lugar? Como eles levaram todas aquelas colunas? Aquelas pedras?
Hamer continuou a se perguntar e a caminhar em uma estrada pintada de azul que o levava ao que parecia ser o centro da cidade. Existia o que parecia um altar.
Ele tomou acento para descansar, encostou a cabeça em uma coluna e quando estava a preste a cair em sono, uma sombra o cobriu o que o fez rapidamente sacar sua espada o mais rápido que pode e se colocar em posição de defesa.
Hamer pela primeira vez em toda a sua vida deixou sua espada cair no chão, isso porque estava maravilhado com a figura que estava a sua frente, isso estava contra tudo que ele acreditava.
Estava de pé o que parecia ter a imagem de homem, mas não era um homem. Possuía uma armadura dourada, feita de puro ouro, tinha uma espada na mão. A espada brilhava como a luz do sol. O ser que estava em pé ante Hamer possuía aproximadamente três metros de altura e uma longa asa como de uma águia.
Seu semblante era de alguém que transmitia honra. Pele clara e cabelos longos avermelhados, os olhos possuíam a mesma cor de seu cabelo. Tranças longas que balançavam com o forte vento e o perfume doce como os jardins secretos de Frater.
Hamer imaginou que não poderia se defender do ser vivente e apenas esperou a morte ao perceber que poderia sim se tratar de um dos deuses adorado nos Quatro Reinos.
– Não temas. - disse o ser vivente que estava em pé diante de Hamer, ele levantou sua mão fazendo sinal de paz, sua voz era segura e tinha um tom grave, dava para sentir honra pelo tom de sua voz, o que assegurou o coração de Hamer de que sim poderia se tratar de um deus, mesmo Hamer não acreditando em deuses, nesse momento toda a sua razão já havia sido colocada em prova.
– Já esperávamos a sua chegada. - disse mais uma vez o ser vivente, foi então que Hamer percebeu que existiam mais a sua volta. Todos vestidos de armaduras douradas e com asas de águias.
– Quem são vocês? Ou o que são? - perguntou Hamer ainda confuso e com medo de tudo que contemplava e continuou – O porquê me esperavam?
Então um deles caminhou por entre os outros, era esse um pouco mais baixo. Hamer se esforçou para olhar aquele que lhe falava.
- Há séculos esperamos a sua chegada jovem cavaleiro.
Hamer percebeu que o tom de sua voz era diferente, era doce e suave como as canções das mulheres da casa de Builhes, Hamer sentiu paz, sentia honra a paz penetrar em seu coração. O que falava saiu entre os outros, não se tratava de um ser vivente masculino, mas era uma mulher que tinha a figura muito mais humana do que os outros. Cabelos longos dourados e o olho azul como os oceanos. Tinha a pele clara e vestia um vestido que mais parecia às nuvens do céu, uma capa feita das penas verdeadas dos pavões de Annis.
Ela se aproximou de Hamer e sorriu, ela era tão linda, a beleza das flores, a pureza das águas, o bom perfume dos campos e a serenidade de uma madrugada. Ela era mais baixa, mas ainda assim era muito mais alta que Hamer.
– Siga-me jovem cavaleiro, não temas, iremos responder todas as suas perguntas, mas primeiro descanse. - ela e ao tocar uma de suas mãos delicadamente no rosto de Hamer o fez dormir.
Acordou Hamer em um leito de nuvens, olhou para os lados e colocou os pés no chão frio, foi assim que percebeu que estava descalço. Ficou confuso, mas o lugar em que estava era duas vezes mais linda que a cidade perdida que havia encontrado no meio das montanhas do norte. Caminhou a uma porta que estava a sua frente, ele estava vestido de um manto vermelho, limpo, fortalecido e acalentado.
Ele ao sair pela porta se deparou em uma sacada e contemplou uma cidade nas nuvens. Seria a visão mais espetacular que já tinha visto em toda a sua vida, nunca tinha ouvido histórias sobre esse lugar, nem nos contos mais fantasioso, nem nas canções dos deuses. Pensou Hamer ter sido escolhido pelos deuses e quando ouviu uma voz que vinha por detrás dele se colou de joelhos como quem reverenciava a quem falava.
– Levante-se - disse ela - Não os adore, somos conservo vosso.
Hamer se colocou em pé dizendo - Eu não entendo.
– Venha - disse ela indicando com a mão - lhe explicarei o que precisa saber.
Ele adentrou de volta ao quarto, se deparou com uma mesa e uma ceia servida. Assentou na mesa na presença do ser vivente que falava com ele, estava presente outro deles, o mesmo que lhe apareceu por primeiro. Hamer tomou um cálice e bebeu o que parecia ser a bebida mais doce e suave que havia experimentado em toda a sua vida.
– Hamer, jovem cavaleiro de coração corajoso, há anos esperávamos por sua visita - o mesmo que havia aparecido em primeiro a Hamer dizia e continuou - Me chamo Trael o guardião desse reino.
– Você é um deus? - perguntou Hamer.
Trael sorriu um sorriso leve, balançou com a cabeça de forma negativa - Não sou um deus, sou tão criatura como tu és.
– Somos os primeiros - disse a outra, a que tinha aparência feminina e continuou - Quando o mundo foi criando, antes mesmo que os homens existissem nós já existíamos, somos feitura do Criador como você também o é, porem somos os primeiros - ela serviu o que parecia ser um pão de mel - Coma - disse ela - vai gostar desse maná.
Ele comeu e não pode esconder o quando se maravilhava com aquele sabor que descia ao seu estomago como uma porção de cura fortalecendo seu corpo e sua alma.
– Conte-me tudo - pediu Hamer tomado por sua curiosidade.
– Ouça-me – ela abriu o que parecia ser uma cortina e uma forte tomou todo o lugar - Eu lhe contarei toda a verdade, a verdade que os homens esqueceram a verdade que lhe foi ocultada e perdida por aqueles que não amam a verdade.
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As Crônicas dos Quatro Reinos (Livro 01) O Despertar do Mal
FantasiaUm ritual macabro marca a vida de um jovem príncipe que ainda não entendeu o peso que existe sobre seus ombros, tentando se erguer em uma terra em conflitos. Reis, guerreiros, bárbaros, princesas e sábios enfrentam a morte e as lutas da alma para co...