25 - Sombras do Passado

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- Mallya on-

  - Mallya... - Eu me virei assustada e quase cai quando contemplei o rosto da minha falecida tia. Com os olhos arregalados de medo eu comecei a recuar, andando pra trás até bater na parede, ainda estremecendo.
  - V-você deveria estar m-morta! - Gaguejei sentindo minha pele arrepiar por completo enquanto o medo me atravessava como se fosse o frio e pontas de facas.
  - É Mallya... Você como assassina deveria ter garantido que eu morreria quando decidiu me jogar daquela rocha direto pro mar. - Ela falou olhando pra mim, andando na minha direção lentamente.
  - Não... Eu não te matei, você escorregou e caiu na água e morreu porque não sabia nadar! - Rebati sentindo um peso se formar no meu peito, Huoyan havia ficado inquieto dentro da bolsa, querendo sair a qualquer custo enquanto eu tentava segura-lo. Ela ia matá-lo se ele saísse.
  - Mas você não foi avisar seu tio, e nem o seu pai que estavam por perto pra me ajudar... - Ela acusou e eu comecei a sentir pontadas no peito, Huoyan estava rasgando a bolsa e eu ainda tentava segura-lo.
  - Eu era só uma criança, fiquei assustada quando você caiu, e-eu não sabia o que fazer...! - Tentei me defender, sentindo lágrimas surgindo nos meus olhos e ela me olhou com ódio, podia sentir as garrinhas de Huoyan roçando nos meus dedos incansavelmente enquanto ele lutava pra sair da bolsa, isso ia dar encrenca, das grandes, eu precisava da minha faca.
  Lentamente desci os dedos, passando a mão livre pelas costas na busca da faca guardada. Enquanto a mulher esguia, alta e magra se aproximava, com o rosto irado na minha direção com aqueles cabelos negros encaracolados que eram de herança de família esvoaçando.
  - Você sabia sim sua cobrinha! - Vociferou ela - Você ficou parada, sorrindo pra mim enquanto eu gritava por socorro me afogando! - Esbravejou estufando o peito e eu senti o cabo da faca, lentamente passei meus dedos ao seu redor, segurando-o com precisão enquanto me preparava pro ataque.
  - Não diga isso! Eu jamais faria uma coisa dessas! - Rebati em lágrimas e ela me fulminou.
  - Você faria sim, você é uma assassina, uma cobra que matou a própria mãe enquanto ela te gerava no ventre! - Acusou e quando estava perto o suficiente eu desmanchei o rosto de sofrimento e enfiei a faca em seu peito, depositando força o bastante para afundar a lâmina em seu peito até chegar no cabo. Sentindo no aperto dos dedos a lâmina entrando na carne e atravessando os tecidos de pele até chegar no coração e atravessa-lo. E então a olhei dentro dos olhos, fulminando-a de volta.
  - Lava a boca antes de falar da minha mãe sua vadia dos infernos! - Esbravejei e troquei nossas posições, segurando o cabo da faca pra fazer ela virar e eu conseguir enfim coloca-la contra a parede enquanto segurava seu corpo preso pela faca à parede - Sim titia, eu deixei você morrer, - Falei maldosa abrindo um sorriso largo enquanto a segurava - Você merecia, você tentou me matar diversas vezes quando meu pai não estava vendo, e vivia me batendo ou arranjando problemas pra fazer ele me odiar ainda mais do que já odiava... Você mereceu a morte que teve e eu mesma quis ter te empurrado, mas eu não teria como esconder o corpo, então deixei que você mesma se matasse, todos encarariam como um acidente já que a rocha era escorregadia e eu não teria culpa já que não passava de uma criança pequena na época, que ficou traumatizada por ver a própria tia morrer diante dos olhos... - Confessei alargando mais meu sorriso e ela me pegou pelo pescoço. Apertando os dedos finos na minha garganta.
  - Ora, ora cobrinha... Até que enfim está mostrando quem realmente é, uma aberração! - Ela rosnou as palavras apertando meu pescoço e eu comecei a sentir o efeito de seu aperto -  Uma assassina...! Não tem vergonha de se olhar no espelho todos os dias sabendo que sua mãe morreu por sua culpa..?? - Sibilou ela e eu afundei mais a faca, fincando a lâmina em seu peito.
  - Fica quieta! - Bradei nervosa - Eu não matei a minha mãe!
  - Você matou sim sua assassina... - Continuou ela, me olhando nos olhos com raiva - E ainda tem a audácia de se iludir achando que ela te amava! Ela jamais amaria você!
  - Para de falar isso! - Ordenei irritada, tirei a faca, e a esfaqueei outra vez, e pude sentir a lâmina passar entre os ossos de suas costelas no lado direito.
  - Acha mesmo que as memórias que o anjo te mostrou eram reais? - Sibilou ela abrindo um sorriso ao perceber que isso me afetava - Ele estava te enganando, só fez aquela ilusão na sua cabeça porque queria te levar pra cama, e lentamente você está se entregando pra ele sem nem perceber...
  - Cala a boca. - Ordenei nervosa, sentindo meu sangue borbulhar por dentro, podia sentir o pânico me invadindo, o medo era mais que real e parecia querer me consumir, a dúvida lentamente queria entrar na minha cabeça, eu amava o Tae, e acho que não aguentaria se ele mentisse pra mim dessa maneira - Ele jamais faria isso! - Afirmei com os dentes cerrados e ela sorriu pra mim.
  - Você está cega sua cobrinha, tão cega que não percebe que o anjo caído está te enganando da mesma forma que você se ilude acreditando que sua mãe te amava...!
  - Para com isso!
  - Acha mesmo que ela te amava? Já pensou na ideia de que ela não tinha escolha já que estava grávida de uma assassina??!
  - PARA! PARA! PARA! - Berrei retirando a faca, e então comecei a esfaquea-la, repetidas vezes, tomada pela irá, e sem pretensão de parar até ela começar a se dissolver no ar, como se fosse poeira.

PRISON IIOnde histórias criam vida. Descubra agora