80 - Dúvida

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- Alícia on-

  - Mark? - Me virei para ele levemente confusa, e as lembranças do que aconteceu na ambulância voltaram na minha mente. Minha mente pareceu ter dado um breve curto quando as imagens do beijo refrescaram a minha memória saudosamente.
  Me segurei do impulso de levar as mãos até os lábios, eu lembrava mais do que perfeitamente como era a sensação, mas precisava me concentrar então balancei a cabeça até colocar os pensamentos no lugar. A conexão ainda não estava funcionando, então aquilo era só a minha mente me perturbando.
  - O que está fazendo? - Indaguei, fitando a camiseta que ele vestia, não haviam mais blusas, e eu não sentia mais cheiro de sangue, era evidente que havia tomado um banho muito recentemente. Eu conseguia sentir o cheiro do sabonete, e os cabelos castanhos ainda úmidos denunciavam que fazia muito pouco tempo mesmo.
  - Vocês duas deveriam estar no hospital. - Opinou ele e eu revirei os olhos ignorando, já a Mallya parecia cismada com alguma coisa. Quando levei meu olhar na mesma direção do seu ela estendeu a mão na direção do rapaz a nossa frente como se estivesse cobrando algo extremamente irrirada por ter sido tirado dela.
  - Passa os brincos pra cá. - Estava impaciente, e pela maneira que as bochechas dela estavam coradas eu conseguia constatar que estava com febre. Eu havia sido egoísta em ter trazido ela pra cá sendo que ela não estava tão bem assim, mas precisava dela, então teria que fazer valer a pena seu esforço. E iria valer.
  Estávamos aqui com um objetivo, então ele seria cumprido, claro que o mais rápido possível pra ela poder descansar.
  - Como assim? - Indaguei e Mark ergueu um pacotinho de evidências na mão, pela maneira que estava bem embalado eu chutava que a polícia quem havia encontrado, e num momento de distração ele surrupiara a evidência das coisas coletadas pelos oficiais.
  - O que vocês querem com isso? - Ele quem indagou, observando a Mallya, porém aos poucos ele desviava o olhar para mim, demorando os olhos nos meus, parecia até uma afronta.
  - O mesmo que a cidade, os assassinos presos. - A Mallya respondeu o tomou o pacote da mão dele antes que o mesmo pudesse impedir que nos apossassemos de tal.
  - Vocês ainda não estão bem, ouviram claramente o médico falar que a prata ainda está no sangue das duas. - Ressaltou Mark tentando intervir e eu entrei na frente dele para dar o braço pra Mallya, algo na expressão fria dela direcionada para Mark me denunciou que estava com dor.
  - Isso não é problema seu. - Retruquei pra Mark e então a Mallya e a Mallya passou por nós, pressionando os pontos no abdômen enquanto ignorava minha ajuda. Não demorei também a sair daquela cena de crime sem evidências o suficiente para resolvermos.

  - Eu estou cansada. - Mallya arfou deitando-se na cama com cuidado. - Eu me sentei nos pés da cama, esperando ela dizer mais alguma coisa, também estava cansada dos assassinos, mas não podia parar, não ainda.
  - Eu não aguento mais Alícia, acho que... - Ela fez uma pausa para se apoiar nos cotovelos e levantar a cabeça para me fitar, as olheiras debaixo dos olhos e o leve tom pálido que havia tomado seu rosto nos últimos meses me assustava - Esquece não é nada, vamos nós arrumar para ir na boate. - Sem terminar o que antes iria dizer Mallya se levantou da cama seguindo até sua mala de roupas tentando encontrar algo que fosse combinar com o humor da festa de hoje a noite no entanto minha mente queria que ela terminasse o que iria dizer, embora meu corpo chegasse a gelar ao ter uma suposta ideia do vou ouvir. Sei que se ela transmitir tudo o que deseja dizer pra mim, acabará se sentindo melhor. É um fato bem óbvio e visível que nós duas estamos chegando a um limite insano de nossas próprias forças físicas e talvez até mentais. Estamos cansadas e isso dói pois os nossos inimigos não estão nem um pouco desgastados.
  - Mallya termina. - Me levanto me aproximando dela, uma estando de cara com a outra, sendo o espelho de nossas almas. - Eu quero parar com tudo isso eu não aguento mais ver corpos de garotas e não ter a capacidade de salvar uma se quer, eu não aguento mais ficar de frente para qualquer um daqueles desgraçados e não ter a capacidade de os pegar... É como o gato e o rato e sinceramente eu não estou gostando nada de ser o infeliz do gato e não pegar o maldito do rato que mais de uma vez brincou comigo como se eu não passasse de uma ratoeira quebrada... - Ela fez uma pausa enquanto lágrimas saiam de seus olhos, essa era a primeira vez que via Mallya tão frustrada e incapacitada, limpando suas lágrimas ela pegou a toalha encostada perto da janela e voltou a mim querendo terminar de vez suas palavras. - Eu queria muito acabar com isso, mas é só eu olhar para você que esse enorme desejo some, não posso deixar minha melhor amiga sozinha é o que eu penso, mas eu chego às vezes na pergunta de qual será a quantia de tempo em que vou me manter assim... Tão humana e sã de tudo?!

... Após a nossa conversa o tempo medido pelo relógio havia passado e agora estaríamos indo novamente para o jogo do Jungup, tendo nossas mentes cansadas de tantos jogos não finalizados, sendo um brinquedo agora totalmente quebrado.

Querida BlackRabbith muito obrigada pela grande ajuda e inspiração💜💜💜esse cap foi finalizado graças a você.

PRISON IIOnde histórias criam vida. Descubra agora