104 - Chamar Atenção

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  - Alícia on-

  - Bricando de bancar o policial de novo Jeon? - Indaguei brincando e ele mexeu na farda perto do peito e depois voltou a olhar pra mim.
  - As vezes é bom descontrair um pouco não acha. - Ele tentou fazer um trocadilho, mas o que conseguiu foi me deixar ainda mais focada no meu campo de visão, estava concentrada na cena do crime, varrendo com os olhos cada centímetro daquele banheiro. - Na verdade seu pai me obrigou a trabalhar por que o oficial que trazia café e as pastas da biblioteca pra ele teve de folga hoje.
  - Que bom garoto, ajudando os mais velhos.
  - Ele vai me pagar pelo menos. - Kook deu de ombros e eu ri, agora me destraindo por um instante e olhando pra ele, foi inevitável não pensar no beijo que tivemos na cozinha do Tae, pareceu tão automático olhar pra boca dele.
  Minha vacilada foi tão curta que antes que Kook percebesse eu já havia mudado a direção do olhar de volta pra cena do crime, já o estapeando com perguntas.
  - O que era a amostra de DNA, onde foi encontrada e quem foi? - Voltei a fita-lo em espera pelas respostas e Kook se locomoveu para o centro do banheiro, apontando para o chão, diante dos seus pés.
  - Exatamente aqui, um legista da equipe do seu pai achou um pequeno fio de cabelo masculino, todo preto aliás, largado aqui. Estava tão imperceptível que quase que eu pisei em cima, e antes que pergunte, sim eu estava aqui no dia. - Ele fez uma pausa enquanto me esperava assimilar, mas eu já havia entendido tudo, porém mais dívidas surgiram - Estava cobrindo outra folga de um dos agentes do seu pai.
  - E o que me garante que a amostra não era de um dos agentes Jeon? - Indaguei, - Se havia tanta gente entrando e saindo daqui toda hora o que comprova que aquilo não surgiu no meio das investigações, pode ser até de um dos nossos detetives do departamento, fios de cabelo caem sem que possamos perceber. - Deduzi e Kook sorriu e apoiou as mãos na cintura como se estivesse achando graça de alguma coisa.
  - Tal pai, tal filha mesmo, não é? - Kook riu e eu franzi o cenho - Seu pai disse a mesma coisa quando foram contar pra ele sobre a amostra de DNA, foi por isso que fizeram testes de DNA com todo mundo e inclusive comigo que ficava andando de um lado pro outro dando café para os policiais. Bem no fim, chegamos a conclusão que aquela amostra não era de nenhuma das pessoas que tiveram acesso a este local, inclusive, das vítimas e dos moradores da casa. Era uma amostra  incompatível com todos.
  Comecei a me animar, parecia que finalmente as coisas estava começando a fazer sentido, quando estava prestes a fazer mais uma pergunta, Jeon se manifestou outra vez.
  - E tem mais uma coisa, antes que você pergunte, seu pai disse que ela, a tal amostra, tem uma anomalia. Não há chances dela ser humana.
  - Melhor ainda. - Sorri largo, minhas suspeitas tinham acabado de ser confirmadas tão bem que parecia até perfeito demais. Como se tudo tivesse sido premeditado...
  - Como assim melhor ainda? - Jeon indagou coçando a nuca e eu coçei os olhos impulsivamente.
  - Isso comprova qur foi o Gap Dong original que cometeu o assassinato e não o segundo Gap, pois o segundo é humano. - Esclareci, e ele franziu a testa mesmo depois da minha explicação.
  - Se isso é bom, então por que você está com essa cara? - Kook pareceu confuso, e eu comecei a me retirar do banheiro.
  - Vamos Jeon, eu já consegui o que precisava daqui. - Comuniquei e fui me retirando, acenando com a cabeça para os donos da casa na saída.

  Jeon teve que correr pra me alcançar do lado de fora, já estava quase na viatura quando ele me pegou pelo braço, idiota, ainda não perdeu esses costumes que eu odeio.
  - Me larga Jeon, ou vou macetar sua cara no capô da viatura. - Alertei e ele semisserrou os olhos na minha direção.
  - Antes responde a minha pergunta! - Jeon teimou e eu fechei a cara, foi rápido pra torcer o braço dele para trás das costas, e logo em seguida pressionar pra fazer ele ficar com a cara no capô do carro. Foi rápido e prático, só faltava as algemas. Não consegui conter meu sorriso, sempre quis fazer isso.
  - Se você parar pra analisar vai perceber que o Gap Dong, que nunca deixou rastros deixou um agora, e além disso, é dele mesmo, ou seja, ele armou. Está na cara que fez isso pra caçoar da Polícia, parece até que gostou do Gap Dong II, é uma forma indiscreta e cruel de dizer que gosta de ver as autoridades dessa cidade no chão, no pó mesmo, por isso resolveu chamar atenção, pra provocar a justiça. - Expliquei detalhadamente e então o soltei - O Gap Dong só fez isso pra chamar atenção, ele quer ser temido por todos, e faz questão de se mostrar dessa maneira. Agora entra logo que eu preciso ir pra delegacia. - Falei e enquanto me dirigia pro banco da passageiro escutei Jeon resmungar.
  - Agressiva. - E só então resolveu se levantar do capô.

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