14 | fogo

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Luke Hemmings era um ser muito cheio de si.

Foi exatamente por aquele motivo que o demônio loiro deu a volta antes de entrar na casa em que dormiria e seguiu até a casa de Michael, conseguindo entrar na mesma sem muita dificuldade e passando despercebido por Karen com tranquilidade.

Adorava a invisibilidade.

Entrou no quarto de Michael e o garoto de cabelos vermelhos não foi capaz de vê-lo. Luke apenas se sentou na janela e se pôs a observar o telepata jogando algo em seu computador.

[. . .]

O loiro ficou sentado ali por bastante tempo, curioso demais para sair antes de entender. Repassou todos os acontecimentos em sua cabeça, mas nada parecia se encaixar.

As horas passaram e Luke já estava realmente entediado quando Mike finalmente fechou o notebook e desarrumou a própria cama, se levantando em seguida para se despir. O loiro, quase cochilando, acordou de vez e se concentrou totalmente na cena, interessado enquanto via Clifford tirando as roupas.

Logo a jaqueta estava no chão e a mesma foi acompanhada por sua blusa e calça, mas parou por ali. Clifford, parecendo ainda desanimado, se jogou na cama apenas de cueca, mas não dormiu.

E foi então que Luke entendeu.

Estava pronto para descer novamente e fazer uma entrada formal forjada quando escutou a voz de Mike:

— Eu sei que você está aí.

O demônio suspirou e então se permitiu ficar visível. Mike não desviou o olhar do teto, parecendo perdido em seus próprios pensamentos - e sentimentos. Estava tudo confuso para o pobre telepata.

— Há quanto tempo? — o anjo perguntou, se levantando da janela e indo até a cama, se sentando ali.

— Desde que você entrou. — respondeu simplesmente, finalmente olhando para Luke — Eu sinto quando você está por perto. — explicou e abriu um sorriso pequeno e irônico — Você deve ser meu anjo da guarda mesmo.

— Não foi para tomar conta de você que vim aqui. — respondeu, mordendo o lábio enquanto pensava — Mas eu posso ser o seu anjo da guarda. — brincou, arrancando uma risada baixa de Mike. Ele estava melhor.

Não bem, mas melhor.

— Por que veio, então? — o mais baixo perguntou, se ajeitando na cama.

— Eu estava confuso sobre algo, mas acho que entendi agora. — Luke sorriu — Você se sentiu mal por me ver olhando para todo os caras como pessoas com quem eu transaria, mas não olhava para você desse jeito. Você acha que não é bom o suficiente.

— Eu...

— Estou mentindo?

— Não.

Eles passaram alguns minutos em silêncio; o loiro olhava para Mike, tentando entender o que o telepata queria, enquanto Clifford fugia de seu olhar, envergonhado.

— Eu transaria com você, Michael. — falou depois de um tempo, deixando o colorido perdido.

— Oh... que linda declaração. — ironizou.

— Presta atenção, Clifford! — reclamou Luke, revirando os olhos — Eu transaria com você, te acho muito gostoso e atraente e adoraria te mostrar tudo o que a vida tem de bom, mas eu sei que você se apaixonaria.

— Eu não... eu... nossa... que... por você... eu não sou gay, Hemmings. Eu não me apaixonaria! — falou na defensiva, Luke apenas rolou os olhos pela segunda vez.

— Ok, o ponto é: as chances de uma paixão atrapalhar tudo é grande, até porque, provavelmente, um de nós dois vai morrer no final disso. Talvez os dois. — falou com uma simplicidade tão grande que assustou Michael.

— Primeiro: não precisa se preocupar. — começou Mike — Se, e somente se, eu quisesse transar contigo, eu não me apaixonaria. Mas isso não é um assunto que deve ser discutido porque eu não transaria com você. — o telepata respondeu, feliz da vida por ter conseguido explicar o que queria.

Luke só tirou proveito de uma parte daquele discurso, porém.

— Hm... não se apaixonaria?

— Não.

Não precisou de muito tempo para pensar sobre o que estava prestes a fazer; mordeu o lábio inferior enquanto fitava o rosto de Michael, as bochechas coradas pelo assunto recente e os lábios rosados, atraentes como eram desde a primeira vez que Luke os viu.

O loiro se inclinou sobre a cama - ou, mais precisamente, sobre o corpo de Michael - e segurou o rosto do colorido com uma das mãos. A respiração de Mike ficou descompassada quase que instantaneamente, mas Luke não ligou muito para aquilo; procurava algum sinal de reprovação.

Nada.

Muito pelo contrário; ele conseguiu ver o desejo que Mike emanava.

Abriu um sorriso ladino e então selou seus lábios em um beijo calmo, ficando levemente surpreso quando Michael passou o braço ao redor de seu corpo e o puxou para deitar por cima dele. Luke arrastou sua mão até os cabelos do menino e os puxou levemente, se afogando no gosto do telepata e naquele beijo absurdamente gostoso.

Não passou nada despercebido quando Clifford, parecendo realmente sedento, se pressionou contra Luke, seu membro já ereto fazendo o loiro estremecer.

O anjo caído partiu o beijo com cuidado, olhando para o rosto de Mike, e então se afastou das mãos do telepata, se levantando.

O desgraçado de cabelos coloridos iria foder com todos os princípios de Luke Hemmings.

— É, Mike... eu definitivamente transaria com você. — comentou com um sorriso enviesado. Michael se viu bobo e perdido, apenas fitando os lábios do loiro, que agora estavam avermelhados e inchados — Quem sabe um dia. — piscou, achando graça de toda a situação, por mais que estivesse louco para continuar.

Luke se afastou da cama, suspirando ao observar Michael mais uma vez; cabelos bagunçados, lábios inchados, respiração acelerada e seu pau, que era realmente grande, destacado em sua boxer.

— E você é, definitivamente, gay. Ou bi. Ou qualquer outra coisa, menos hétero. Lide com isso.

Mais uma vez, o anjinho de Mike foi embora.

entre anjos e mais anjos • muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora