—————————————————————
⟶ segunda etapa ⟵
≈ conquistando o poder ≈
—————————————————————Três meses depois.
Os passos do anjo caído eram silenciosos, quase imperceptíveis, disfarçados pela chuva torrencial que caía na cidade de Nova York.
Enquanto um número considerável de pessoas corriam ao seu redor, loucos para chegar em seus destinos ou apenas querendo se enfiar no primeiro abrigo que encontrassem, Luke Hemmings andava de forma tranquila e calma, pouco sentindo o frio que as gotas geladas traziam ao tocar seu corpo.
Seus olhos brilhavam de forma diferente após tantos anos tendo que lidar com a opacidade dos mesmos enquanto vivia como um animal em fuga; assustado, miserável, sentindo que não merecia nada além de um simples perdão de alguém que julgava ser melhor do que si.
Agora, no entanto, toda a sua visão sobre a vida havia mudado.
[. . .]
Doce de Leite Latte Grande, Café Mocha Tall, dois croissants, um muffin de chocolate.
Michael entregou a nota fiscal do pedido para a mulher, escrevendo o nome dela e de seu marido em seus respectivos copos e então suspirando aliviado ao ver que, por hora, não havia mais ninguém para atender.
Uma chuva forte caiu por Nova York sem avisos ou explicação, o que praticamente obrigou varias pessoas que estavam por perto do Starbucks a parar o que estavam fazendo para tomar um bom e grande café quente no local.
Aquilo significava trabalho dobrado para o pobre telepata, mas ele não iria reclamar, afinal, finalmente estava tendo a oportunidade de trabalhar e ganhar seu próprio dinheiro, podendo abandonar a casa da mãe e todo o ar tóxico que aquele local tinha.
Seus demônios, infelizmente, não se resumiam apenas aos que Luke havia trazido.
Balançou a cabeça negativamente, espantando os pensamentos e abrindo um sorriso, assim como fora instruído a fazer, quando mais um cliente chegou. O pedido da vez foi apenas um muffin de chocolate branco, o que não distraiu Michael o suficiente para deixar de sentir a presença de Luke quando o anjo caído entrou no local.
Era claro que estava invisível, o que frustrou Clifford. O homem que pediu o muffin franziu o cenho, confuso, quando o colorido bufou aleatoriamente, apenas percebendo depois o que havia acabado de fazer.
— Perdão... o valor é de um dólar, senhor. — se recompôs após colocar o bolinho no prato e o entregar ao rapaz, logo recebendo o dinheiro.
Parado, em pé, Luke assistia toda a cena com um sorriso divertido no rosto.
O loiro sofrera, de varias formas possíveis, quase todos os dias nos últimos três meses, mas tudo o que ele precisava para ficar bem era apenas observar Michael por algumas horas, ver a aleatoriedade do rapaz e ficar feliz com a evolução do mesmo.
Não sabia direito o que sentia em relação ao telepata, mas tinha informação o suficiente para ter a certeza de que nunca mais seria aceito no céu se levasse aqueles pensamentos adiante.
Havia sido expulso do mesmo por amar uma mortal, afinal.
[. . .]
Eles continuaram ali por um bom tempo.
Michael sempre procurando não se deixar levar pela presença não visível de Luke e Luke se perdendo nos pequenos gestos e detalhes de Michael. Era típico e ambos estavam acostumados, porém também cercados por um sentimento mútuo: a saudade.
Aqueles dois não haviam passado muito tempo juntos ou conversando, mas tudo o que viveram foi o necessário para estabelecer uma ligação emocional, uma conexão imediata. Luke sentia, Michael sentia.
No início era tudo muito confuso para os dois, mas o anjo caído havia descoberto tudo após uma pequena luta com um de seus irmãos angelicais, dois meses atrás; caso Luke ainda fosse um anjo, seria encarregado de ser, oficialmente, o anjo da guarda de Clifford.
Então nada daquela conexão era estranho, mas sim importante.
Os anjos, tecnicamente, nasciam para cuidar das pessoas. Existiam milhões e milhões de anjos que tomariam conta de milhões e milhões de pessoas no decorrer dos anos; aquilo, porém, não mudava quando os anjos caíam, a única diferença era que as pessoas que deveriam ser protegidas por eles acabavam por desenvolver problemas sérios e muitas delas não sobreviviam.
Felizmente Michael havia sobrevivido e Luke estava cuidando dele, tendo caído ou não.
De qualquer forma, o pseudo-demônio havia cortado o contato direto com o telepata após perceber que seria a forma mais fácil de o manter afastado dos problemas, pelo menos por um tempo. Hemmings também conseguira três aliados e eles sempre se revezavam para ficar de olho em Mike, o que tranquilizava o loiro.
Agora, no entanto, era a hora de acabar com aquilo.
Todo o seu plano estava montado e, para o executar, precisava de seu telepata, então voltaria a aparecer para ele por uma simples razão: treiná-lo. Treiná-lo para lidar com seus poderes, para lutar, para se defender.
Luke teve tempo o suficiente para ter a certeza absoluta de que Michael era forte, de que Michael conseguia, e não via mais motivos para se manter afastado de uma pessoa com quem se dava tão bem.
Havia sacrificado sua proximidade com Michael apenas tempo o suficiente para se preparar, mas agora, meses depois, tudo aquilo acabaria e ele descobriria se o sacrifício havia valido a pena.
O único problema, na visão de Luke, era que em três meses ele teve tempo o suficiente para enlouquecer por Michael após tanto observar o colorido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
entre anjos e mais anjos • muke clemmings
FanficMichael Clifford é um garoto de vinte anos que nasceu com o incrível - e, ao mesmo tempo, terrível - dom de ver auras e escutar os pensamentos das pessoas ao seu redor. Após anos vivendo com tamanho fardo e sendo chamado de louco por todos com quem...