32 | desespero em guerra

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TUM TUM TUM TUM TUMTUMTUMTUM.

Era impossível descrever a velocidade em que o coração de Michael batia, o som tão alto que fazia com que o telepata receasse sofrer uma parada cardíaca. Seus lábios estavam secos, as mãos geladas e o corpo trêmulo pela pressão e medo que era tirar Luke dali sem se machucar mais.

Sentiu duas mãos fortes o agarrando pelos braços e o fez questão de apertar o loirinho, em um medo de derruba-lo, quando seus pés deixaram de encostar o chão.

Olhou por cima do ombro, suspirando em alívio ao ver o rosto já não mais desconhecido de Ashton. Abaixou os olhos apenas para ter a imagem de Calum lutando sozinho contra os demônios que tentavam impedir o voo de Ash.

Eles estavam quase saindo dali quando, juntos, arfaram em surpresa ao ver correntes em chamas envolverem o corpo de Calum, o derrubando no chão com uma facilidade impressionante. Ashton não pensou duas vezes antes de soltar Michael e Luke para ir atrás do amigo.

Clifford envolveu Luke ainda mais na queda, não soltando seu corpo nem quando eles atingiram o chão e rolaram por alguns metros. Um gemido de desespero saiu pelos lábios do telepata, sabendo que não seria tão fácil assim sair do Inferno.

Precisava fazer algo.

Pôde ver que outros soldados do exército de Luke começaram a surgir, o que o tranquilizou um pouco, e sinalizou para dois anjos se aproximarem.

— Vocês podem curar ele? — perguntou com a voz embolada, os dois se entreolharam por alguns segundos e franziram o cenho — O quê? Falem comigo, porra!

— Precisamos de tempo, Michael.

— Eu vou dar o tempo necessário para vocês. — afirmou, se levantando e olhando mais uma vez para Luke, agora desacordado.

— Aqui, você vai precisar disso. — um anjo ruivo disse, entregando um tipo de arma branca — Vai conseguir matar qualquer demônio desse lugar. — afirmou e tudo o que Mike fez foi assentir em agradecimento, saindo dali para voltar a lutar.

— EU QUERO TODOS OS ANJOS EM VOLTA DO LUKE! AGORA! NÃO DEIXEM NENHUM DEMÔNIO PASSAR! — Clifford gritou as ordens ao correr até Calum e Ashton.

O moreno urrava de dor enquanto Irwin lutava para quebrar as correntes, fumaça saindo de suas mãos por conta das queimaduras causadas pelo ferro.

— Michael, ele vai desmaiar. — Ashton falou em desespero, soltando as mãos para que pudesse dar leve tapas no rosto de Calum — O que está acontecendo? Fala comigo, Cal!

— Eu acho que... — Mike começou, receoso — As correntes estão sugando a força dele. — constatou, fechando os olhos ao mesmo tempo em que agarrava as correntes e sentia as palmas da mão queimarem — Anda, segura comigo. Conseguimos partir isso juntos.

Ashton olhou para Michael por alguns segundos, incerto, mas resolveu arriscar. Era a vida de Calum que estava em jogo e ele não iria pensar duas vezes sobre aquilo; agarrou com força e, com a ajuda do telepata, começou a fazer força para quebrar.

E eles conseguiram.

Soltaram um riso; não sabiam dizer se era de alívio ou desespero, mas livraram Calum de todas as amarras e levantaram o moreno. Ele estava zonzo, mas se estabilizou. Seu peito, pulsos e tornozelos estavam queimados.

— Você está bem, cara? — Mike perguntou, recebendo apenas um aceno como resposta. Foi o suficiente — Vamos, precisamos ajudar o Luke.

Os três correram até o local onde os outros anjos batalhavam, todos envolta de Luke e os seres celestiais que tentavam o curar. Michael, Calum e Ashton se juntaram à luta, os dois últimos sendo os melhores que Mike já viu e o telepata, bem, se virando da forma que sabia.

Sentia, de alguma forma, certo poder queimando em suas veias e tentava aprender a lidar com ele, usando ao seu favor sempre que conseguia.

— Sabe... — ouviu a voz de Calum, já bem melhor, ao enfiar a arma dos anjos no pescoço de um demônio — Se eu acabar morrendo...

— Cala a boca, Calum. — ouviu a resposta de Ashton, que segurou um demônio para que Cal o matasse.

— Deixa eu terminar. — Mike, então, revirou os olhos e parou de prestar atenção na conversa. Deixaria os amigos se resolverem entre eles mesmos.

Mas Calum falava sério ao dizer que, caso morresse, queria que o Ashton largasse tudo e fosse ser feliz da forma que sempre desejou.

Ashton, impaciente, repetiu mil vezes que aquilo não iria acontecer.

Se acontecer, amigo. — Cal riu — Não somos indestrutíveis.

— Costumávamos ser, irmão. — Ash respondeu, sorrindo para Calum por um momento.

E foi nesse momento.

Nesse pequeno momento.

Nesse pequeno vacilo.

Que Ashton sentiu a lâmina atravessar seu coração.

Abriu a boca para gritar, mas a voz não saiu ao sentir sua garganta fechar.

— Ashton? — Calum chamou, confuso, e então olhou para o amigo, que agora desabava no chão — Ash? — e correu até cair de joelhos ao seu lado — Calma, amigo. Você tem que ficar bem! Cuidar da Karina, lembra? — segurou o rosto dele — Ashton... ASHTON!

Aquilo foi o suficiente para chamar a atenção de Michael e alguns anjos, que se colocaram em volta de Ashton em uma forma de protegê-lo enquanto Calum tentava salvá-lo.

Mas não tinha o que ser salvo.

Estava morto.

E o Inferno estremeceu com o grito irado de Calum Hood.

entre anjos e mais anjos • muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora