entre anjos e mais anjos • muke clemmings

07 | a verdade {parte dois}

Luke respirou fundo, realmente surpreso e desgostoso por Michael ter acertado de primeira porque, sim, o agradava saber que o telepata era inteligente, mas preferia manter o título de "anjo caído" afastado. Demônio soava melhor e não dava a Luke uma aparência de um ser divino que falhou com Deus.

— Você é um anjo caído, Luke. — Michael soprou após alguns minutos, deixando, pela primeira vez, Hemmings em silêncio — O que você fez? Por que caiu? — o colorido insistiu em saber, tentando digerir toda aquela informação.

Mike não era como os seres incrédulos que víamos aos montes por aí, afinal, ele era uma pessoa que passou toda a sua vida escutando pensamentos e vendo auras. Aquilo já era surreal o suficiente para as pessoas ao redor, logo era bem mais fácil para o rapaz processar que anjos existiam.

— Sim, Michael, eu sou um anjo caído. — Luke afirmou, bem mais sério do que o normal — O motivo por qual eu caí não interessa aqui, você não precisa saber disso, entendido? — Mike piscou, confuso com a mudança súbita de humor do loiro — A questão é que o céu não me quis e, cerca de cinco mil anos mais tarde, o Inferno me expulsou também. — soltou uma risada amarga — Digamos que eu era cruel demais para Deus e incompetente demais para Lucifer. — brincou, já voltando a relaxar.

Clifford estava em choque, piscando algumas vezes enquanto tentava entender que porra de vida Luke levava e por qual motivo o anjo caído precisava de sua ajuda. Ele não conseguia entender.

— De qualquer forma, longe do céu e do Inferno eu me tornaria, consequentemente, um mortal qualquer. — continuou falando, ignorando a confusão no rosto de Michael — Mas felizmente a pessoa que foi encarregada de cortar minha fonte de poder, que eu não te direi qual é, gostava muito de mim e me deixou fugir.

— Mas...

— O problema, meu querido Mike, é que o Inferno não é uma prisão em determinado país onde você pode simplesmente fugir e ir para outro. O Inferno está em todos os lugares, não há muito para onde correr. — deu uma pausa para que Clifford conseguisse acompanha-lo.

— Pode continuar. — o rapaz falou em um tom baixo, agora mais curioso do que confuso.

— Certo... então eu pensei: quem é a pessoa capaz de me defender da fúria de Lucifer?

— Deus?

— Exatamente! Eu preciso que Deus me aceite de volta e é exatamente para isso que eu preciso de você, docinho. — o loiro sorriu.

— Hm... para que, exatamente?

— Demônios não são capazes de enxergar auras, Mike, apenas anjos conseguem isso. Imagina se os demônios conseguem aliar um garoto com dons angelicais? O mundo vai se perder. — explicou — Eles estavam esperando o momento certo para te abordar, mas eu cheguei primeiro.

— Ah...

A mente de Michael estava funcionando a mil por hora, mas ele não conseguia esboçar reação alguma. Era impossível reagir ao saber que dentro de algum tempo todo o Inferno estaria atrás dele, o querendo por seus dons.

— E... e... — coçou a garganta — O que iremos fazer em relação a isso? Eles vão me torturar? Vão me matar? Luke... eu sei que sempre falei que odiava a minha vida, mas eu não quero morrer na mão do próprio diabo.

— É exatamente isso, sweetheart. Eu vou te proteger em nome do céu e, dessa forma, talvez Deus me perdoe e me aceite de volta. Mas eu também vou te usar como meu radar, entendeu?

— Seu radar?

— Você vai me avisar quando ver demônios por perto e, acredite, docinho, você vai ver muitos.