entre anjos e mais anjos • muke clemmings

15 | preocupação

Michael, como o esperado, sonhou com Luke.

Diferente da realidade, o sonho foi preenchido por gemidos, toques e orgasmos, além de um ou dois fetiches que Mike possuía em segredo.

Saiu de casa pela manhã e esperou pelo loiro na frente da casa da senhora Cowell, estranhando quando o anjo não desceu. Bateu na porta da mulher, mas nem os latidos costumeiros de Alfred puderam ser escutados.

mikey: hey, luke!
mikey: to aqui na frente da casa da rosa cowell te esperando
mikey: cade voce?

Poucos minutos se passaram e Michael aguardou pacientemente, mas imaginou que Luke já havia saído e a sua vizinha estivesse passeando com Alfred.

Se sentiu idiota por estar esperando.

mikey: você já deve estar na faculdade
mikey: nevermind
mikey: estou indo
mikey: te encontro lá =)

[. . .]

Michael estava perdido.

Era a última aula do dia e ainda não tivera nenhum sinal de Luke, tendo que aguentar os pensamentos de todos os alunos preenchendo sua cabeça. Tentou se distrair, conversando com seus colegas em toda oportunidade que aparecia, mas não era o suficiente.

Havia passado um bom tempo com a sensação de calmaria que Hemmings trazia e agora estava tendo que enfrentar tudo de novo; pensamentos tóxicos, altos, dando a Michael uma sensação de que sua cabeça iria explodir a qualquer momento.

Quando o último professor do dia finalizou a aula, Michael saiu da faculdade rapidamente, se afastando das pessoas o mais rápido que podia e então pegando seu celular mais uma vez. Nenhuma mensagem de Luke. Nada.

mikey: você está me deixando preocupado, luke
mikey: aconteceu alguma coisa?
mikey: isso está muito estranho...
mikey: é algum tipo de brincadeira?

Ouviu um barulho alto e, sendo pego de surpresa, correu quando viu um carro mais próximo do que o esperado, buzinando para que o colorido saísse do meio da rua; estava tão concentrado em seu celular que mal percebera o veículo vindo em sua direção.

Balançou a cabeça negativamente, ainda mais assustado.

Se Luke estivesse ali, teria o protegido e...

Merda, estava se sentindo dependente do loiro. Era exatamente o que o telepata não queria.

Michael respirou fundo e chamou um uber, apenas decidindo que iria visitar Liam para ver como o amigo estava e deixar Hemmings de lado por algumas horas.

[. . .]

— Eu não quero perder o movimento das pernas, Mike. — Liam choramingou após alguns minutos de conversa; o moreno havia se mantido estável até o momento em que desabou, mostrando suas fraquezas e dizendo o quanto aquilo arruinaria a sua vida.

Clifford havia notado sua aura azul escura desde que entrara no quarto de hospital, mas havia optado por não pressionar Payne a falar o que não queria.

— Eu prefiro morrer do que ficar paraplégico, Michael. — Liam continuou e Michael soube que ele não estava fazendo drama; ele realmente queria morrer.

— Calma, L! — Mike murmurou, desesperado, sem saber como ajudar — Não pense dessa forma... você vai ficar bem e, com alguns exercícios, talvez você recupere os movimentos! Não entre em desespero, não queira se matar. Você vai ficar bem, ok? Eu prometo.

Por mais que o telepata não demonstrasse, a culpa que ele sentia era gigante. Tudo o que conseguia pensar era que havia ferido seu amigo para defender outra pessoa que mal conhecia, e agora Liam sofreria as consequências por, provavelmente, toda a sua vida.

[. . .]

Já estava na rua de casa quando tudo aconteceu.
Procurava pensar que havia vivido toda a sua vida sem Luke e não era agora que iria sofrer com ela; talvez o anjo tivesse, sim, ido embora da vida do telepata.

Por mais que aquele pensamento matasse Michael, ele procurava ficar bem. Procurava pensar positivo.

Mas então sentiu seu corpo ser jogado contra a parede abruptamente, o seu braço doendo de forma insana quando sentiu uma pancada na cabeça. A visão escureceu, ele ficou zonzo, mas ainda estava consciente.

— LUKE! — gritou, numa esperança vazia de que o anjo caído fosse o escutar.

Outra pancada.

E então apagou.