10 | briga

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A cabeça de Michael estava doendo quando ele chegou em casa.

Havia entrado em estado de choque ao se dar conta de que tinha esfaqueado seu amigo, então Luke tomou conta de tudo; pegou Liam no colo e apareceu na primeira sala de aula gritando que eles tinham sofrido um assalto em frente à faculdade, dando ênfase no fato de que Liam havia reagido e, por isso, estava sangrando e desacordado.

O professor se ofereceu para levar o rapaz ao hospital e Luke não hesitou em entregá-lo ao homem, voltando até onde Michael estava, ainda parado e tremendo, em seguida.

"Ok, Michael, eu sei que você está assustado. Vá para casa, fique trancado lá dentro que eu irei me certificar de que seu amigo não lembra de nada. Depois eu apareço por lá e explico tudo o que for possível", foi o que o anjo caído disse ao se aproximar de Mike, mas o telepata não conseguia processar nada ainda.

Foi por isso que Luke, já ficando nervoso, parou a primeira pessoa que viu e convenceu a mesma a levar Michael para casa.

E agora Mike estava sentado em sua cama após vomitar três vezes no banheiro, enjoado. Sua cabeça rodava tanto que ele nem percebeu quando Luke entrou no quarto, fechando a porta atrás de si e se sentando na cadeira que Michael costumava usar para estudar.

— Melhorou? — o anjo perguntou, mas o tom de sua voz deixava claro que ele era indiferente ao estado de Michael e aquilo irritou o colorido profundamente.

— Isso importa? — rebateu, a voz mais fraca do que imaginava.

O silêncio tomou conta do quarto pois o pseudo-demônio não se importou nem em responder a pergunta feita.

— Eu não sabia que demônios podem morrer através de facas ou qualquer coisa do tipo. — Michael voltou a falar, hesitante, querendo entender o que aconteceu.

— Não podem. Aquela arma que você usou não é um objeto qualquer e também não mata demônio algum, só os manda de volta para o Inferno e dificulta a saída deles de lá. — o loiro explicou, rodando na cadeira enquanto observava o quarto.

— Como está Liam?

— Ele vai ficar bem, só vai perder os movimentos dos membros inferiores. Nada demais.

Aquilo foi o cúmulo.

Nada demais? — Michael repetiu, pouco se fodendo por sua raiva estar aparente — Qual é a porra do seu problema? Minha vida sempre foi problemática, mas eu nunca precisei esfaquear a porra do meu amigo, foi só você aparecer pra tudo sair do lugar. — se levantou da cama, furioso — Você falou que me protegeria, mas caiu rapidinho nas mãos daquele demônio e, adivinha? Eu te protegi e tive que sacrificar as pernas do meu amigo para isso. — Luke já não sabia dizer se Clifford estava gritando ou rugindo — Você é fraco, anjinho, você me meteu medo assim que apareceu, mas essa é a verdade: você é fraco.

Michael se calou, um pouco mais calmo após desabafar, e começou a ficar tenso quando o silêncio prevaleceu no quarto por mais do que dez minutos.

— Luke? — chamou. O loiro estava sentado de costas para ele.

O anjo caído se levantou e, calmamente, virou-se para Michael. O colorido se assustou ao ver os olhos negros do anjo, a sombra das suas asas podendo ser vista na parede do quarto, por mais que as próprias asas não estivessem à mostra.

— Fraco? — o anjo rosnou, se aproximando de Mike em passos lentos — Michael... — soltou uma risada amarga — Eu fui cruel demais para o céu e desobediente demais para o inferno. Eu não servi para nenhum dos dois mundos e isso nunca foi consequência de fraqueza, muito pelo contrário... — Mike engoliu em seco, assustado com o tom ameaçador do loiro — Eu acabaria com Samael sem precisar fazer esforço algum, mas eu te vi pegando a adaga, sweetheart. Eu não sei em que mundo você vive para pensar que eu te protegeria cegamente, sem te deixar agir, te guardar embaixo das minhas "asas"... mas eu estou aqui para te ensinar a se tornar alguém que realmente possa se defender. Você é burro demais se acha que pode viver em uma guerra sem sacrificar algumas coisas. — segurou o rosto de Michael com uma das mãos, o toque era firme e nada carinhoso — Não me desrespeite, Michael. Eu sou a porra do ser mais forte que você vai conhecer em toda a sua vida e, se você me tirar do sério, eu te mato sem dar a mínima para Lucifer ou Deus. — cuspiu a ameaçar — Eu exijo respeito, Clifford, e você vai se arrepender por tudo o que disse.

E, sem mais nem menos, desapareceu.

entre anjos e mais anjos • muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora