33 | consequências

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Dois capítulos para o fim de EAEMA.
Tem sido uma jornada e tanto, não?
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Iminente como um palito de fósforo aceso prestes a encontrar o álcool que estava derramado por todo um casarão, Calum aconteceu; sua boca secou instantaneamente, a voz sumindo e nunca conseguindo sair por sua garganta. Palavras comuns não poderiam, nunca, descrever o que Hood sentiu naquele momento; não poderiam dizer no tipo de Inferno Vivo que ele se tornou.

Porque, de alguma forma, aquelas foram as únicas palavras que Michael encontrou para descrever o anjo caído que se levantava após se debruçar sobre o corpo morto de Ashton; Inferno Vivo.

Não era um tipo de coisa que tomava o corpo de uma pessoa como raiva, amor ou qualquer outro sentimento que você pudesse pensar no momento. Calum não havia sido tomado pelo Inferno, pelas chamas frias que cercavam o local.

Calum havia se tornado o inferno.

E, porra, aquilo fez com que qualquer um ali embaixo sentisse as pernas tremerem em um medo automático e nervoso.

Não Michael.

Michael não tremeu ou sentiu algum fio de medo, pelo contrário, seus olhos foram preenchidos em uma compreensão que assustou a si mesmo; não havia perdido ninguém, não ainda, mas provara o medo da perda de Luke o suficiente para se tornar em uma criatura completamente nova e desconhecida.

Todos os soldados do inferno perceberam.

E tremeram.

Eles souberam, de alguma forma, que suas preocupações não deveriam ser o exército de anjos.

Não.

A preocupação deles deveria ser Michael.

E Calum.

E foi exatamente por isso que, de uma hora para a outra, todos resolveram avançar nos dois ao mesmo tempo.

Calum foi engolido por uma multidão de demônios raivosos, o que preocupou Mike por cerca de dois segundos antes de gritar um palavrão ao ver Hood abrir suas enormes asas negras e empurrar todas as criaturas do inferno para bem longe de si.

Michael conseguiu controlar a própria situação muito bem. Se assustaria caso olhasse para os próprios braços e visse que eles estavam em um vermelho-transparente, como se algum tipo de magia ocorresse dentro de seu corpo.

O telepata, que agora já não poderia mais ser descrito apenas com um termo tão pequeno quanto o da telepatia, olhou por cima do ombro e gritou para os anjos:

— Vão embora. Já. Saíam e levem Luke daqui.

E, como se ele fosse o próprio Deus, os guerrilheiros do céu acataram sua ordem; sumiram dali rapidamente, levando o amor da vida de Mike junto com eles.

— Calum... — ele chamou quando conseguiram vencer mais uma onda de demônios. O moreno, com os olhos preenchidos por tristeza e raiva, o olhou: — É agora ou nunca, amigo. Podemos morrer nessa.

De alguma forma, os dois sabiam o que precisavam fazer.

— Contanto que morramos matando esses filhos da puta, Clifford, eu estarei feliz.

Michael sentia algo lutando dentro de si, como se quisesse sair - ou melhor, como se estivesse desesperado para sair. O loiro olhou para Hood mais uma vez, não se assustando com o vislumbre de olhos negros na face de Calum.

— Transfira pra mim. — foi o que o anjo caído disse, mas Mike negou. Sabia que Hood não aguentaria o poder que agora tinha em mãos — Você quer que...

— Sim, Calum.

Era simples como um quebra-cabeça.

Michael tinha o poder; o poder completamente desconhecido que, enquanto estava coberto de sangue e machucados, não o assustava realmente.

Calum tinha a raiva. A raiva em sua forma mais pura e crua.

Calum era a raiva.

Conciliando os dois...

Oh, acho que nem Deus gostaria de saber.

Hood, com as mãos trêmulas porém firmes, segurou o rosto de Michael. Cravou suas unhas na bochecha de Clifford, fechando os olhos para que pudesse transferir todos os seus sentimentos para o loiro.

O corpo de Michael Clifford queimou.

Não literalmente, por mais que ele pudesse jurar que sim.

Era como se toda a sua carne tivesse evaporado, um fogo intenso tomando lugar do que antes costumavam ser seus membros.

Algo cresceu, cresceu, cresceu.

E então...

Explodiu.

A última coisa que Michael viu foi um anjo; os cabelos loiros, as asas brancas e enormes e o rosto mais sério que Mike jamais vira em seu rosto.

Não era um anjo qualquer.

Era seu anjo.

entre anjos e mais anjos • muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora