"Na vida, ao contrário do xadrez, o jogo continua após o xeque-mate."
Isaac Asimov
Carroças transitavam de um lado para o outro, o cenário era como uma igreja velha e vazia, pedras por toda a parte e poeira cobrindo um terço do chão. Afonso e Romero caminhavam entre os destroços da mina, ainda apreensivos.- Acha que os trabalhadores vão querer retornar a mina, depois do desabamento? - o rei perguntou receoso.
- Eles não tem escolha, majestade. - atestou o soldado - Tenho certeza de que alguns permanecerão, pois precisam desse trabalho.
Depois de reverencia-lo, Romero se dirigiu para perto dos outros soldados. Já o rei seguiu até uma barraca provisória.
Afonso estava inquieto, não suportava mais o ambiente de gentileza ao seu redor. Desejava a reconstrução da mina, mas ao mesmo tempo não era de sua vontade estar ali com todos. A possibilidade de investir em armas acabou virando sua cabeça, talvez a rainha tivesse razão, todos os últimos acontecimentos apontavam para uma ameaça disfarçada de paz.
- O mundo já lhe parece pequeno, não é? - a voz que surgira ao seu lado lhe assustou, questionava-se por onde ela havia entrado, mas logo se deu conta de que se tratava da feiticeira que o havia salvado. - Eu sei como é isso. Já viajei por toda a Europa e nada me pareceu suficiente.
- Você... - Afonso estava intrigado.
- Brice! - ela lhe estendeu a mão e o rei a segurou instintivamente - Agora você sabe o meu nome.
- Você me trouxe de volta. - ele assentiu com a cabeça, enquanto olhava na direção do minério de ferro - Poderia também reconstruir a mina?
A bruxa caiu na gargalhada, certamente era uma das coisas mais inusitadas que já ouvira.
- Minas não se reconstroem como mágica, Afonso. - ela o circulou - Entre esta mina e você, sempre seria mais fácil trazê-lo de volta.
Ele calou-se.
- Como controla os seus poderes? - Afonso a fitou no fundo de seus olhos.
Sabia que Catarina estava interessada naquela questão e talvez Brice tivesse todas as respostas que ela precisava.
- Interessado na arte da feitiçaria, majestade? - ela perguntou, ironicamente.
- Com os seus feitiços você conseguiu salvar a minha vida, apesar de me condenar. - o rei juntou as mãos.
- Tudo na natureza é como o símbolo do Oriente sobre o bem e o mal. - prosseguiu a feiticeira - Embora eu realmente deteste esse termo. A sombra não existe sem a luz.
- Está dizendo que ainda há algo bom em mim? - Afonso custava a acreditar.
- Sempre há, Afonso. - ela assentiu - Você ainda consegue distinguir o bem do mal, o que significa que não é completamente ruim.
- Você não respondeu a minha pergunta. - ele insistiu.
- Poderes levam tempo, Afonso. - a bruxa revelou - Quando para de se ter medo deles e os aceita por completo, só então você os controla.
Brice o observava, enquanto ele vagava em seus pensamentos particulares.
- Sabia que eu estive em seu casamento? - ela chamou a atenção do Monferrato novamente para si.
- Não a vi. - respondeu Afonso.
- Essa era a intenção. - Brice continuou a sorrir - Um rei demônio, quem diria?
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O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]
RomanceQuando o herdeiro de Montemor é atacado na floresta, ele faz um pacto para retornar a vida, assumindo a forma de um demônio. Tendo a princesa Catarina insistido em sua busca incansável pelo noivo, enfim, ela o acaba encontrando em uma cabana...