| Capítulo XIII |

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"Na vida, ao contrário do xadrez, o jogo continua após o xeque-mate."

Isaac Asimov


Carroças transitavam de um lado para o outro, o cenário era como uma igreja velha e vazia, pedras por toda a parte e poeira cobrindo um terço do chão. Afonso e Romero caminhavam entre os destroços da mina, ainda apreensivos.

- Acha que os trabalhadores vão querer retornar a mina, depois do desabamento? - o rei perguntou receoso.

- Eles não tem escolha, majestade. - atestou o soldado - Tenho certeza de que alguns permanecerão, pois precisam desse trabalho.

Depois de reverencia-lo, Romero se dirigiu para perto dos outros soldados. Já o rei seguiu até uma barraca provisória.

Afonso estava inquieto, não suportava mais o ambiente de gentileza ao seu redor. Desejava a reconstrução da mina, mas ao mesmo tempo não era de sua vontade estar ali com todos. A possibilidade de investir em armas acabou virando sua cabeça, talvez a rainha tivesse razão, todos os últimos acontecimentos apontavam para uma ameaça disfarçada de paz.

- O mundo já lhe parece pequeno, não é? - a voz que surgira ao seu lado lhe assustou, questionava-se por onde ela havia entrado, mas logo se deu conta de que se tratava da feiticeira que o havia salvado. - Eu sei como é isso. Já viajei por toda a Europa e nada me pareceu suficiente.

- Você... - Afonso estava intrigado.

- Brice! - ela lhe estendeu a mão e o rei a segurou instintivamente - Agora você sabe o meu nome.

- Você me trouxe de volta. - ele assentiu com a cabeça, enquanto olhava na direção do minério de ferro - Poderia também reconstruir a mina?

A bruxa caiu na gargalhada, certamente era uma das coisas mais inusitadas que já ouvira.

- Minas não se reconstroem como mágica, Afonso. - ela o circulou - Entre esta mina e você, sempre seria mais fácil trazê-lo de volta.

Ele calou-se.

- Como controla os seus poderes? - Afonso a fitou no fundo de seus olhos.

Sabia que Catarina estava interessada naquela questão e talvez Brice tivesse todas as respostas que ela precisava.

- Interessado na arte da feitiçaria, majestade? - ela perguntou, ironicamente.

- Com os seus feitiços você conseguiu salvar a minha vida, apesar de me condenar. - o rei juntou as mãos.

- Tudo na natureza é como o símbolo do Oriente sobre o bem e o mal. - prosseguiu a feiticeira - Embora eu realmente deteste esse termo. A sombra não existe sem a luz.

- Está dizendo que ainda há algo bom em mim? - Afonso custava a acreditar.

- Sempre há, Afonso. - ela assentiu - Você ainda consegue distinguir o bem do mal, o que significa que não é completamente ruim.

- Você não respondeu a minha pergunta. - ele insistiu.

- Poderes levam tempo, Afonso. - a bruxa revelou - Quando para de se ter medo deles e os aceita por completo, só então você os controla.

Brice o observava, enquanto ele vagava em seus pensamentos particulares.

- Sabia que eu estive em seu casamento? - ela chamou a atenção do Monferrato novamente para si.

- Não a vi. - respondeu Afonso.

- Essa era a intenção. - Brice continuou a sorrir - Um rei demônio, quem diria?

O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora