| Capítulo X |

1.1K 106 26
                                    

"Nenhum homem pode passar pela vida, sem que nada o aconteça."

Vikings


- Você pode me provar o que está me dizendo, Cássio? - Afonso inclinou-se sobre a mesa, com os punhos cerrados.

- Romero e eu descobrimos que há uma boa quantidade de certo pó preto espalhado pela mina. - vendo que o rei ainda estava confuso, o comandante prosseguiu com as explicações - Viajei algumas vezes para o Oriente, lá eles comercializam tal pó e o chamam de pólvora. Tudo o que eu sei é que quando misturado ao fogo, essa substância provoca uma explosão.

O Monferrato sentou-se, colocando uma das mãos na direção do rosto, controlando sua raiva, a fim de que ela não se manifestasse, perguntava-se como àquela altura ainda conseguia manter o domínio sobre si, mas sentia que em breve nada disso seria mais possível.

- Isso tudo é muito grave, quem fez isso tinha a intenção de prejudicar Montemor. - Afonso apertou os olhos, balbuciando.

- Ouvi dizer que alguns reinos da Cália já comercializam essa substância.

O rei levantou os olhos.

- Cássio, mande chamar o alquimista Olegário, eu quero saber mais sobre esse tal pó negro.

Cássio cerrou o punho e o direcionou ao peito, inclinando o corpo na direção do monarca, obedecendo à ordem do rei e se retirando da sala.

(...)

- É o símbolo de Alfambres, majestade! - disse Lucíola ainda à porta do quarto real, diante de Catarina.

A rainha continuava a analisar o envelope da carta que recebera de sua dama de companhia, virando-o de um lado para o outro, custando a acreditar no remetente.

- Não é possível. - Catarina desabou sobre a cama - Será que o rei Heitor tem conhecimento disso? Talvez essa carta esteja endereçada a ele.

- Não. - sua aia a interrompeu - O mensageiro que a entregou para mim, disse que ela estava destinada ao reino de Montemor.

- Procurei Romero hoje mais cedo e ele me disse que Afonso está em uma reunião com Cássio, acho melhor não incomodá-lo. - a morena suspirou profundamente - Irei abri-la.

Ela deslizou os dedos pelo envelope, tirando o papel com poucas palavras de dentro do mesmo. Era uma letra legível. Estava curiosa para saber do que se tratava.

- Afonso de Monferrato, rei de Montemor, escrevo-lhe esta mensagem a fim de parabenizá-lo pelo seu matrimônio com a princesa Catarina de Lurthon, já que não pude comparecer à cerimônia ao lado de meus pais, o rei e a rainha de Alfambres. Porém, é melhor que saiba, algo de estranho aconteceu ao norte de Alfambres. Nada tive haver com este ocorrido, nem pude evitá-lo... - a rainha continuou a ler o que estava na carta, enquanto Lucíola acompanhava suas palavras - contudo, sei que o seu sogro, o rei Augusto de Lurthon, rei de Artena, se encontra em seu castelo. Venho por meio destas palavras, notificá-lo, pois o seu conselheiro, um homem de cabelos grisalhos, que tinha por nome Demétrio, foi encontrado morto à caminho de Alfambres. Sinto muito pelo ocorrido, ainda não sabemos quem foi o responsável, mas o seus soldados e os de Artena tem minha permissão para marcharem pelo sul.
Gostaria de lhe pedir que notificasse o meu pai, afinal ele é o rei e conto com sua sabedoria. - Catarina já trêmula, finalizou - Assinado: Gael, príncipe de Alfambres.

- Por Deus, majestade! - Lucíola cobriu os lábios com a ponta dos dedos - Demétrio?

- Não, não pode ser, Lucíola. - agitada com o comunicado, a rainha levantou-se, apertando sua camisola ao redor do corpo - Demétrio havia se ausentado do castelo de Artena por motivos pessoais. Meu pai estava esperando por notícias dele, mas isso?... Não, eu não consigo acreditar.

O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora