| Capítulo VII |

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ANTES - Fiquem com essa obra prima


AGORA - Fiquem com o capítulo

"Palavras são apenas palavras e podem machucar mais que a ponta de uma espada."

Milene Oliveira


Afonso acompanhava Catarina ao longo do castelo, enquanto seus olhos passeavam por cada pedra que sustentava o lugar, em sua mente uma breve reflexão sobre a atitude de César se desenrolava cautelosamente. Tal ação, em muito desagradara a princesa. O rei parecia agressivo demais para um homem que se declarava dono da paz, algo que ela considerava bastante contraditório.

- César foi um tanto severo com Selena, não acha? - ela insistiu, após um silêncio mútuo.

A morena sentia-se um tanto culpada, afinal, foi graças a seu incentivo que tudo ocorreu daquela maneira.

- Acredito que assim como qualquer pai, ele só queira o melhor da filha. - comentou Afonso, enquanto observava o nervosismo percorrer os traços angelicais do rosto de Catarina - Mas você não está preocupada com isso, não é?

Ela surpreendeu-se.
O rei notara, apesar de estar dando o seu melhor para disfarçar, ele notara. A princesa ainda lembrava-se bem do comentário do rei de Sonsiera que insistia em não lhe sair da cabeça.
Só de pensar na frase, um arrepio invadia sua espinha dorsal.

- Não é nada demais, Afonso. - Catarina tentou controlar a respiração, que era seu ponto de entrega para alguma mentira - Foi só algo que ouvi hoje mais cedo, algo sem importância.

- Não teria importância se isso não ocupasse por tanto tempo os seus pensamentos. - o rei parou, analisando novamente o seu semblante - O que você ouviu, Catarina?

Ela relutou, tentando arrumar alguma desculpa, mas logo se viu presa em seu olhar. Aquele olhar negro, que mais parecia uma arma que a enfraquecia e lhe fazia confessar toda a verdade.

- Afonso, o que você pensa sobre as bruxas?

Apesar de Catarina ser direta, ela não conseguiu agir de tal forma, como gostaria. Desta vez o assunto era mais sério, e ainda pior, era sobre ela.

- De onde você tirou isso, Catarina? Bruxas? - perguntou o rei rindo, disfarçando diante dela - Que conversa é essa que estamos tendo...

- Afonso! - ela o interrompeu - É importante para mim, apenas responda.

Aquilo era tudo o que o rei menos esperava ouvir da princesa.
Porém, ao vê-la brava, continuou:

- Como vou dizer isso? - pensou ele com cuidado, não tentando revelar a experiência que teve com Brice - São como dois lados de uma mesma moeda, depende da mão que lançá-la.

Aquela resposta fora muito mais gentil do que a princesa imaginara que seria.

- Achei que não acreditasse nelas. - Catarina arqueou uma das sobrancelhas.

- Não acreditava, - Afonso riu - a última vez que ouvi falar delas foi quando tinha seis anos. Na época, lembro-me bem que Otávio ordenou um caça às bruxas, mas alguns reis foram contra essa ideia, como o rei Augusto, por exemplo.

- Meu pai? - a princesa sobressaltou-se, aquela afirmação era vaga, o suficiente para abrir margens há várias interpretações.

- Foi quando ouvi minha avó dizer pela primeira vez que, a maior maldição de um caçador é se apaixonar por uma bruxa. - ele sorriu, brincando com as pontas do cabelo de Catarina, que sequer notou a ação do rei. Ele estava tentando provocá-la, mas ela ainda estava muito nervosa, com o peso da dúvida sobre seus ombros. Por isso ele achou melhor continuar o assunto - Afinal, o que isso tem haver com o que você ia me dizer?

O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora