| Capítulo XVIII |

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"Apenas gire o volante e o futuro muda."

Kala Dandekar


O cocheiro subiu a carruagem, aguardando pela ordem do rei. O brasão de Artena havia sido estampado na madeira de cada uma das portas.

Augusto conversava com Cássio, ia logo desculpando-se por não poder despedir-se do estimado amigo e da própria filha, havia pressa em sua reverência. O sol havia desaparecido devido a uma porção de nuvens negras que cobriram boa parte do céu. - os plebeus rezavam, implorando pelo cair da chuva. - Os tempos de seca começavam a afetar ao reino, desta vez, não só ao povo. O gado e a colheita, nescessitavam de um bom aguaceiro. 

Patas de cavalos avançavam pela estrada do leste, de onde se era possível observar a distante Colina Vermelha, o pico mais alto de toda a Cália, em pose do rei César. Catarina perdera a corrida na floresta, mas fora a primeira a contornar os casebres da vila precisamente e atravessar os portões do Castelo. Os sons das ferraduras e o caminhar dos animais deslocavam rastros ao chão, eram eles, os Monarcas de Montemor haviam retornado a tempo.

- Meu pai, - ela saltou do cavalo, correndo apressada na direção do velho - o que está fazendo? - perguntou, ao tomar as suas mãos.

O rei sentiu-se aliviado, afinal sua menina chegara a tempo de sua partida, pois de agora em diante, poucas vezes a veria.

- Minha filha, estou retornando para Artena. - o monarca suspirou - Lupércio me aconselhou a fazer isso. Preciso enterrar Demétrio.

Catarina olhou por cima do ombro, havia uma carroça bem atrás da comitiva, certamente onde o corpo do conselheiro estava.

- Lupércio está no castelo?

- Sim. - assentiu Augusto - Aguardando para falar com Afonso.

Ao escutar seu nome, o Monferrato aproximou-se, deixando os cavalos por conta dos soldados.

- Meu sogro. - ele deslizou as mãos pelos cabelos da rainha, retirando uma pequena folha que havia prendido-se a eles - Compreendo a vossa nescessidade de levar seu velho amigo para a terra onde nasceu, a fim de dar-lhe o devido descanso.

Era da vontade de Augusto não enterrar somente o coração de Demétrio, como se fazia de costume, quando alguém falecia distante de sua terra natal.

A morena sorriu, concordando com o monarca. Ambos estavam com os cabelos bagunçados, para todos os efeitos, como consequência da competição.

- Afonso, já lhe pedi isto uma vez, mas torno a fazê-lo: cuide bem de minha filha Catarina. - a rainha encarou o pai um tanto aborrecida, sentia-se uma jovem imatura quando ele dizia aquilo.

- E eu torno a dizer que vossa majestade tem a minha palavra. - Afonso sorriu, estendendo-lhe o braço.

Catarina aproveitou o aperto de mãos dos monarcas para aproximar-se da carruagem, sentia-se ansiosa, - haviam tantos assuntos que precisava resolver - deslizou os dedos pelos vãos das janelas, havistando um par de pernas a remexer-se no interior do transporte. Ao penetrar seu olhar entre as cortinas azuis da janela, percebera que tratava-se de Virgílio.

- Onde está a plebéia? - ela perguntou sem rodeios, sentindo o sangue borbulhar em suas veias.

- Amália não vem. - o comerciante assegurou com tranquilidade.

Ele estava transformando todo o amor que sentia pela feirante em pura ironia, não importava-se em saber onde isso o levaria, faltava muito pouco para aquele sentimento chegasse ao ódio.

O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora