| Capítulo XVII |

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"Não existe vergonha em ter medo, meu pai disse-me, o que importa é como o encaramos."

Game Of Thrones


Virgílio estava impressionado com a qualidade da seda espalhada pelo quarto do rei, como um bom comerciante, visava expandir seus negócios - que nem fizera, colocando pessoas de sua confiança, ora na loja em Artena, ora na loja de Montemor - jamais em sua vida vira tecidos como aqueles, decerto possuiam um custo elevado.

Haviam se passado alguns minutos desde a deixa de Catarina. Augusto o encarava seguidamente, pensando no que a rainha lhe dissera naquela manhã, somando a verdade sobre o ocorrido com a plebéia, que ele precisava urgentemente descobrir.

- Há algum tempo atrás, você guiou os soldados de Montemor até o paradeiro do príncipe Afonso. Se mostrando um homem digno. - Augusto sentou-se com calma a sua frente. Ali começava o teste que o rei havia lhe preparado - Mas por esta manhã, soube de algo sobre sua conduta, que em nada me agradou.

O teste era sobre palavras, afinal, elas são a arma mais perigosa de um conselheiro.

O plebeu não estava intimidado, como muitos que não tem sangue nobre costumavam ficar diante da presença de um rei. Sabia usar o silêncio a seu favor, o que causou surpresa em Augusto.

- Suponho que seja sobre o que aconteceu com a minha noiva, Amália. - o rápido entendimento do rapaz era mais um ponto positivo, algo que realmente se espera de um nobre.

- Eu admiro a coragem, Virgílio. - na mente de sua majestade, passavam-se memórias de batalhas antigas, de vitórias e derrotas que já presenciara - Mas detesto quem pensa que a covardia é um gesto de coragem, porque não é.

O comerciante, apesar de tantos comentários, insistiu em olhar para cima, embora tivesse muitos motivos para olhar para baixo. Ele estava pensando nas palavras seguintes, não era fácil ter uma conversa banal com alguém da realeza.

- Majestade eu lhe direi logo, sem rodeios, o que aconteceu naquela noite.

Antes de concluir a frase, Virgílio hesitou, sabendo da importância de cada vírgula e com a consciência de que qualquer ponto poderia mudar o que se pensava a seu respeito.

- Sim, eu bati em Amália. - ele respirou fundo.

Em seus olhos relampejavam trovões silenciosos, bem diferente da tempestade desordeira que habitava em seu peito.

- Então, antes que vossa majestade tire uma conclusão precepitada sobre mim. - ele continuou, sem se importar com a insolência de tagarelar aos montes - Sei o quanto errei e que nada que eu disser vai justificar o que eu fiz. Venho lutado contra esse monstro que vive dentro de mim. Meu pai não era um ótimo exemplo. Acho que acabei me tornando o monstro que eu insisti em dizer que não seria.

- Você tem noção da gravidade dessa sua atitude? - Augusto não desviou seu olhar do plebeu - Muitos homens fazem isso com suas esposas, mas não é uma atitude que deveria ser considerada normal.

- Sei que não. - Virgílio concordou - Se isso fosse algo bom, não estaria me sentindo péssimo.

- Acredito que ela também esteja. - o rei afirmou - Ouvi por parte dos empregados que a moça chegou no castelo com as vestes rasgada.

O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora