| Capítulo XII |

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"Sorte sua eu gostar de você." 

Markus Zusak


A rainha deslizou os dedos sobre a barriga do rei, completamente ofegante, gostava da sensação que se repetia toda a vez que entravam para o quarto, lá ela e Afonso podiam ser o que quisessem e também viver no mundo que desejassem, longe dos problemas.

- Amanhã farei uma visita a vila. - o rei comunicou a ela, da maneira mais informal possível. Arrastando seu dedo indicador sobre o nariz da morena - Também vou dar uma olhada na mina, quero ver como as coisas estão por lá.

- Pelo menos agora o povo de Montemor tem o principal, a água. - ela envolveu ainda mais o rei entre
seus braços - Quando recuperarmos o minério de ferro, acho que você deve investir em armas.

- Em armas, Catarina? - ele inclinou o olhar para ela - Você enlouqueceu?

- Sei que prometemos um tempo de paz ao povo, mas não me parece que é isso que os outros reinos desejam. - ela o beijou em seu rosto, ainda com seu cheiro impregnado sobre seu corpo.

- Eles só estão com receio. - Afonso escorregava os dedos pelo braço da esposa.

- Pessoas com medo são capazes de fazer qualquer coisa. - Catarina o lembrou.

- Está insinuando que estão preparando uma armadilha para Montemor? Como uma verdadeira teia? - o rei beijou os cabelos da morena, enquanto a escutava.

- Não, eu não estou insinuando nada, Afonso. - ela aconchegou a cabeça sobre o peito do rei - Também acredito que não deva confiar em César.

- Diz isso porque ele é um caçador? - ele suspeitou - E agora que você descobriu que também é uma bruxa, ele pode significar uma ameaça, não é?

As lembranças da noite passada acabaram invadindo a mente de Catarina. O fato de ter herdado os dons de sua mãe não a haviam aterrorizado, não até o momento.

- Não só por isso. - ela apertou os braços de Afonso, tentando não entrar em pânico.

- Catarina, acho que devemos manter nossos inimigos próximos.

Ela sorriu, era mesmo irônico que Afonso afirmasse aquilo, justo ele que costumava declarar guerra ao inimigo com o primeiro olhar.

- Não é o que você faz com Otávio. -garantiu a morena.

Ao ouvir o nome do rei da Lastrilha em seu leito, o rei levantou-se, completamente indiferente. Catarina o observava cautelosamente, percebendo que ele havia ficado zangado. Afonso vestiu-se rapidamente, sem olhar para ela, a rainha lhe deu um tempo, para que o mesmo se acalmasse.

- Otávio é diferente. - disse ele, após a raiva momentânea cessar.

- É diferente, por quê? - ela debruçou-se sobre a cama, arqueando ambas as sombrancelhas.

O rei voltou-se, sorrindo com ironia, seus pensamentos estavam agitados.

- César não olha para você do jeito que Otávio olha! - ele retrucou.

Catarina ficou boquiaberta, não esperava uma resposta daquelas, não da parte de Afonso. Nunca havia o visto daquele jeito. Seu rosto converteu-se em espanto.

- Então você está afastando o rei da Lastrilha por ciúmes? - ela deduziu.

- Não, não é ciúmes. - o rei retorquiu - Mas eu sei que aquele desgraçado é capaz de qualquer coisa para me destruir. Ele não hesitaria em tomá-la de mim.

A rainha negou com a cabeça, não acreditava que estavam tendo àquela discussão por algo tão fútil.

- Ah, e você acha que eu me entregaria a Otávio? - perguntou Catarina, sarcástica.

O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora