O INÍCIO DO FIM

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Abri os olhos

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Abri os olhos.

Era possível ouvir gemidos estranhos vindo do lado de fora do carro.

Senti algo pesado sobre meu corpo e uma dor insuportável no braço esquerdo. Virei a cabeça para o lado e as lembranças vieram detonando meu cérebro.

Fechei os olhos.

O carro percorria a longa e vazia, estrada. Meu pai dirigia, enquanto eu e minha irmã mais velha discutíamos sobre quem ficaria com a suíte, meu irmão mais novo dormia na cadeira apropriada para crianças ao nosso lado e minha mãe conversava com sua amiga no celular, no banco do passageiro.

— Eu falei primeiro, Kathy! A suíte é minha! – Exclamei.

— Mas eu sou a mais velha, então a suíte tem que ficar pra mim!

O veículo ia em uma velocidade não muito alta, as árvores passavam correndo pelo vidro, fazendo meus fios castanhos esvoaçarem, e o sol brilhava lá fora como um típico dia de verão.

— Calem a boca vocês duas, o Kian está dormindo. – Minha mãe disse, ainda com o celular encostado na orelha. — Sim, Betty, estamos à caminho.

— Que merda está acontecendo ali? Era só o que me faltava. – Papai perguntou e suspirou, exausto. Fazia um bom tempo que estávamos à caminho da nossa casa de praia e isso era muito cansativo, ainda mais quando você tem que aguentar duas garotas brigando e uma mulher tagarelando no celular.

Paramos de gritar, mamãe encerrou a ligação e todos nós olhamos na direção em que meu pai apontou o dedo.

Então foi num piscar de olhos que tudo mudou. Havia um engarrafamento logo em frente, vários carros parados na pista e pessoas fora dos mesmos à procura de uma explicação para o que estava acontecendo. Papai foi diminuindo a velocidade até chegar mais perto do aglomerado de pessoas, mas tinha algo diferente. Eram homens altos e vestidos com o fardamento do exército americano.

Eles estavam armados e não pareciam amigáveis. E foi aí que tive certeza... Eles atiravam sem dó e sem piedade em qualquer um em sua frente. Dentro dos carros e fora, em adultos e crianças. Via tudo como se estivesse em câmera lenta, o corpo do meu pai caindo sobre o volante, minha mãe gritando e seus berros sendo abafados por tiros, minha irmã tentando fugir do carro e sendo impedida por tiros na cabeça, caindo sobre mim e meu irmão que logo foi executado.

Por fim, tudo ficou escuro. O silêncio tomou conta do lugar.

Abri os olhos novamente.

Os gemidos estavam mais altos e as batidas no carro me assustavam. Tirei o corpo do meu irmão e da minha irmã de cima de mim. Eles estavam ensanguentados e isso me fez chorar. Uma movimentação no banco da frente chamou a minha atenção, talvez alguém estivesse vivo. Porém não foi como o esperado.

O meu pai tinha o rosto deformado e sangue escorria por sua boca. Sua pele tinha um tom pálido e suas veias estavam dilatadas. Ele avançou em minha direção, seus dentes superiores iam de encontro com os inferiores, fazendo um barulho irritante. Tentou me agarrar de imediato com suas mãos sangrentas e sujas. Me assustei com aquilo. Meus olhos correram pelo automóvel e vi o corpo da minha mãe todo aberto, literalmente. O estômago estava exposto e as tripas estavam espalhadas pelo banco.

Não podia ser real.

Papai conseguiu puxar um dos meus pés, imediatamente mordendo-os, porém a bota que eu estava usando o interceptou de alcançar minha pele. Em um ato defensivo, comecei a chutar seu rosto freneticamente e com o pequeno salto da minha bota, furei sua cabeça. Seu corpo caiu assim que seu crânio foi atingido.

O que significava aquilo?

Só podia ser algum tipo de pesadelo. Não era normal.

Passei meus olhos pelo veículo e percebi que havia sangue em todo o local, até as minhas roupas estavam tingidas de vermelho. As batidas no carro pararam, então resolvi ver o que tinha ocorrido lá fora. Abri a porta do carro e saí, rapidamente avistei um monte de pessoas deformadas no meio da rodovia. Estavam focadas em algo no chão que eu não fazia a mínima ideia do que era.

Fui me aproximando cada vez mais do amontoado de pessoas, percebendo que se tratava de carne humana. Eu quis vomitar, mas um deles me viu e logo os outros também. Levantaram do chão, com suas mãos e bocas sujas de tripa e sangue, me deixando enjoada. Entretanto não podia ficar ali para morrer, decidi correr.

Corri em direção à floresta com altos pinheiros espalhados nela. Pisava em galhos, tropeçava em raízes a cada minuto que passava, me embaralhava em arbustos e teias de aranha, mas não parava de correr.

Apenas parei quando meu corpo foi de encontro com uma pessoa, um garoto.

— Olha por onde anda, menina! – Por sua expressão, não parecia estar nos seus bons dias.

Uma garota estava ao seu lado, me lançava um olhar crítico e de nojo. Pelas suas roupas, adivinhei que se tratava de umas das típicas patricinhas de Los Angeles.

— Vamos, Nicolas! Deixa ela aí. – Exclamou já empurrando o garoto de olhos verdes intensos para longe.

Meu coração começou a bater de forma rápida quando me veio em mente que iria ficar sozinha novamente, então segurei o braço do garoto.

— Por favor, me deixe ir com vocês. – Minha voz saiu como um sussurro, quase não dava para ouvir.

A menina fez cara feia, mas o rapaz suspirou e assentiu, fazendo um sinal para que eu os seguissem e assim fiz.

Não sabia o que viria pela frente, entretanto não parecia uma boa ideia ficar na floresta, sendo que não tinha noção de onde estava.

Não sabia o que viria pela frente, entretanto não parecia uma boa ideia ficar na floresta, sendo que não tinha noção de onde estava

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Olá! Espero que tenham gostado do primeiro capítulo de WWTD.

BEIJO NO ♡

Walking With The DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora