O dia amanheceu com os pássaros cantando e nada de gemidos irritantes nos meus ouvidos, mas em compensação não consegui pregar um olho se quer a noite inteira. Fiquei acordada desde a hora que nos abrigamos naquele porão empoeirado até o momento que os zumbis começaram a se afastar e a luz do sol refletir no vidro da pequena janela que havia ali.Devem ter ido atrás de algum animal pela floresta.
Pensei bastante durante a minha noite em claro e cheguei a conclusão que tudo o que estava acontecendo era real. Não me desesperei, mas também não fiquei tranquila.
Afinal de contas, não tem como um ser humano ficar de boa num apocalipse zumbi.
Era uma mistura de sensações dentro da minha cabeça oca. Não sabia se me preocupava ou passava na cara do meu namorado que estava certa o tempo todo. O dia chegou; claro que foi um susto até para mim que tinha noção da probabilidade de zumbis existirem. Sobreviver era o que nos restava, mesmo que sejasse preciso matar mortos-vivos que já foram humano em algum momento de suas vidas. Eu me considerava pronta para o desse e viesse, mas não para perder os que amava.
Minha mãe, meu avô, minha tia e Kevin; tudo o que eu tinha de precioso. Mesmo que fosse uma família incompleta e maluca, ainda era uma família.
Parei de refletir quando uma movimentação me chamou atenção. Kiara havia despertado. Olhou ao redor com estranhamento, mas voltou ao normal quando me viu. Sua expressão não estava nada boa, parecia triste como ontem. Nicolas lhe deu conforto e só assim ela conseguiu dormir.
Nem vou comentar a cara da Samantha quando avistou os dois abraçados.
Kiara não disse nada, apenas encontrou um ponto fixo no lugar para olhar e assim ficou. Acho que estava viajando no local mais profundo de sua mente. Não a interrompi, era bom que ela pensasse sobre tudo. Kiara parecia uma boa pessoa, como todos ali, até mesmo a Samantha que tinha cara de patricinha. Não me leve à mal, mas às vezes sentia vontade de esbofetea-la.
Os minutos ou horas, sei lá, foram passando conforme o resto do grupo ia acordando. Kevin já levantou me enchendo de beijos, e claramente não neguei. Adorava o jeito dele de sempre arranjar uma desculpa somente para me beijar. Steve por outro lado, não estava com uma cara boa, dava para confundi-lo facilmente com um zumbi. Tudo bem, todos ali pareciam mortos-vivos, inclusive eu que passei a madrugada acordada.
— Estão com fome? Trouxe algumas comidas. – Peguei uma das minhas mochilas e retirei lá de dentro um pacote de pães de forma, depois alcançei um potinho que continha geleia de morango, e uma garrafa de água. — Não é pra desperdiçar! – Alertei.
Como eu já havia comido mais cedo, apenas esperei que todos terminassem de tomar o café da manhã para sairmos.
Seria bom ir à procura de mais comidas e de quebra, encontrar outro grupo de pessoas. Na verdade eu queria ver como estava a minha família, mas demoraria para chegar lá já que eles moravam em outro estado. Talvez eu pudesse ligar... Merda! Havia deixado o celular no carro.
O carro. Confesso que era meio lerda. Por que corremos se tinha um carro logo atrás da gente?
— Kevin! – Gritei, fazendo o garoto pular assustado.
— Que foi? Merda. – Ele deixou um pouco de geleia cair em sua camisa. Outro lerdo, não era atoa que namorávamos.
— O carro! Assim podemos ir pra um lugar mais seguro. – Comecei a catar as bagagens e colocá-las nas costas.
— Sim! – Carregou duas mochilas.
Fomos saindo do porão, porém uma coisa me fez recuar. Olhei para os outros que nos fitavam com um olhar esperançoso. Oh! Não podia deixa-los.
— O que estão fazendo aí parados? Vem logo! – Exclamei.
Partimos direto para a floresta. Steve e Nicolas sabiam onde se localizava uma outra passagem que dava para o lado oposto em que estávamos. Já que cortamos a corda da ponte mais próxima.
Seguimos uma trilha até chegarmos perto o bastante do lago que dividia a floresta. Atravessamos a ponte que era ainda mais velha que a outra e continuamos andando à procura do carro. Mas a pergunta era:
Onde estava o maldito veículo?
Eu não conhecia quase nada daquele matagal, Kevin muito menos. Kiara havia comentado que não sabia nem andar em Los Angeles, ela era de Seattle. Samantha... Bom, nada a declarar. A única salvação era os gêmeos, então encaramos-os.
— Quê? Eu não domino nada desse lado da floresta. – Steve saiu de cena. Olhamos para Nicolas que suspirou e revirou os olhos.
— Aviso logo que se nos perdermos, a culpa não será minha. – Deu de ombros e voltou a caminhar, entretanto estaticou no lugar. — Porra! Vem dois ali. – Apontou em direção às árvores onde vinham dois zumbis, prontos para nos atacar.
Estava demorando. Era a hora; enfrentar ou fugir. Nunca tomei uma decisão tão difícil em todo o decorrer da minha vida.
Não dava para escapar para sempre, era preciso lutar. Tinha que fazer isso por todos ali. Como havia aprendido nos vídeos:
Se aproximar disfarçadamente; cheguei perto o suficiente dos zumbis, sem que eles percebessem a minha presença.
Estar pronto; segurei a faca com força e determinação.
Atacar; corri com tudo e cravei-a na cabeça de um e logo em seguida do próximo. Pingos de sangue moralham o meu rosto, mas não importava. Eu havia sido corajosa.
Estava tão orgulhosa de mim mesma. Todos me analisavam surpresos. Kevin tentou falar, todavia foi interceptado.
— Achei o acampamento! – Steve berrou.
Corremos até onde ele estava. As barracas permaneciam em seus devidos lugares, a mesa idem, só não tinha os alimentos como a largamos para fugir dos mortos-vivos. Procurei o automóvel e me assustei. Ele não estava mais lá. Suas rodas deixaram marcas no chão enlameado, uma trilha.
Alguém o pegou. Mas quem?
Droga de dúvida que não fazia ideia de como responder.
Ainda estou viva!E aí? Quem roubou o carro?
Lembrando que achado não é roubado hahah. Vota aí pra me ajudar.
BEIJO NO ♡
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Walking With The Dead
Детектив / Триллер×× ESTE LIVRO FOI ESCRITO QUANDO EU TINHA 16 ANOS ×× Já pensou na possibilidade de acontecer um apocalipse zumbi? Não? Então é melhor refletir sobre esse assunto. Cobiçados cientistas descobrem um novo e perigoso vírus numa experiência profissional...