×× ESTE LIVRO FOI ESCRITO QUANDO EU TINHA 16 ANOS ××
Já pensou na possibilidade de acontecer um apocalipse zumbi? Não? Então é melhor refletir sobre esse assunto.
Cobiçados cientistas descobrem um novo e perigoso vírus numa experiência profissional...
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Seria mentira da minha parte se eu dissesse que estava me sentindo triste ou assustada. Na verdade, seria ainda mais mentirosa se falasse que estava sentindo alguma coisa, pois eu não estava. Um vazio tomava conta de mim. Era como se eu estivesse ativada no modo automático.
Não morrer; era a única ferramenta ligada nas minhas configurações, e talvez as de todos ali, correndo na floresta comigo. Sabia que eles perderam algo que amava como eu perdi a minha família. Tínhamos algo em comum: não sentíamos nada, ou apenas não queríamos sentir.
Talvez o vazio fosse melhor que a dor e o desespero. E no fundo eu sabia que estava com medo de compreender.
Zumbis; como a Jenna e Kevin chamavam os mortos-vivos.
A floresta estava atulhada deles, por todos os lados, nos seguindo incansavelmente. Eles nunca iriam cansar. Nós passamos pela ponte de madeira que atravessava o lago, algo que eu não tinha notado até aquela hora. Como tinha noção que os zumbis iriam vir atrás da gente como fez o tempo todo, Jenna teve uma ideia.
Ela parecia saber lidar com aqueles bichos estranhos; pessoas infectadas, me corrigiria.
A ponte que ligava um lado da floresta ao outro era estreita e com a madeira desgastada, sem contar as cordas quase partidas. Isso nos ajudou, pois a cortamos, impedindo que os zumbis nos alcançassem. Não era para sempre, visto que não havia apenas uma passagem para o outro lado da mata, mas nos daria um pouco mais de tempo para colocarmos os pensamentos em ordem e não acabarmos ficando doidos.
Se já não estivéssemos birutas.
— Aleluia! – Nicolas levantou as mãos e se jogou no gramado úmido.
— Essa é minha garota! Nunca mais reclamo das suas bagagens. – Kevin encheu o rosto de sua namorada de beijos.
A Jenna me intrigava; como ela conseguia ter aquelas ideias? Ou melhor, como ela sabia que o mundo mudaria?
— Jenna. – Chamei-a. Ela dava barra de cereal para cada um do grupo, e logo se aproximou de mim, entregando-me uma também. — Sobre tudo isso que está acontecendo... Como você sabia?
A garota riu com a minha pergunta e não hesitou em respondê-la.
— Eu assistia um canal muito legal no YouTube, era sobre teorias científicas. Digamos que tive umas aulas de como sobreviver caso houvesse um apocalipse zumbi. – Falou e se sentou ao lado do seu namorado.
Se estivéssemos vivendo mesmo em um apocalipse zumbi, pelo menos tínhamos a Jenna que nos ajudaria a nos protegermos.
— Gente, a conversa tá boa, mas precisamos sair daqui. Não quero ter que correr de novo. – Samantha se intrometeu.
Ela tinha razão, não podíamos dar sopa.
Todos levantaram e começamos a caminhar, dessa vez numa velocidade mais baixa do que minutos antes. Nicolas e Steve nos guiavam para a sua casa, de acordo com eles, não era tão longe do lago.
