NÃO SE PREOCUPE COM NADA

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A luz radiante do Sol iluminou a sacada naquela manhã, não demorei para abrir os olhos e sorrir diante do céu azul

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A luz radiante do Sol iluminou a sacada naquela manhã, não demorei para abrir os olhos e sorrir diante do céu azul. Eu havia dormido na varanda na noite anterior. Para que ficar entre quatro paredes se podemos dormir sob o céu estrelado?

Levantei do colchão que esparramei ao chão. Me debrucei sobre o guarda-corpo envidraçado e contemplei o zero movimento lá embaixo, fora dos muros do hotel. Somente corpos perfeitamente alinhados na calçada e alguns estabelecimentos com a vidraça destruída. Respirei fundo e troquei meu olhar para a piscina do hotel. Seria uma bela visão, se não tivesse gente ali.

Na suíte ao lado da que eu estava, muitas pessoas desejavam a minha carne, assim pulando da sacada e caindo na piscina. Voltei para o quarto e no equipamento de som eu pus uma música: Three Little Birds, do grande Bob Marley.

Enquanto ouvia a música e caminhava pelo corredor, cenas de dias atrás invadiram a minha mente:

Eu estava no Casino do hotel, tinha acabado de ganhar uma partida no poker.

— Joga mais uma, Guillermo. – Louis pediu.

— É, cara. – Valentin se juntou a ele. — Sua esposa não vai morrer se você não voltar agora. Estamos em Las Vegas! Vamos nos divertir e beber um pouco.

Eu sabia que não devia estar ali, muito menos bebendo e apostando. Prometi para minha querida Hallie que não passaria dos limites. Mas aquela mesa rodeada de sorrisos, a bandeja  com copos cheios de uísque e o meu sangue implorando por um gole e mais uma partida de poker não me permitiu sair. Sendo assim, fiquei por mais um tempo.

Mais um copo de uísque. Mais uma jogada. Mais dinheiro, indo e voltando. Mais bêbado. E mais decepcionante.

As horas se foram rápido, para mim. Ponderei, com meu campo de visão embaçado, o relógio no pulso e já passava das 2:00h AM. Decidi ir embora. Me despedi dos amigos e fui cambaleando até o elevador, que me levaria até a suíte da cobertura. Quando cheguei, as luzes estavam apagadas até eu tropeçar nos meus próprios pés e o abajur ser ligado pela minha esposa, que estava sentada no sofá. Que vergonha, eu era.

— Meu amor. – Falei embolado. Levantei do chão gelado e cambaleei até Hallie para abraçá-la, entretanto fui empurrado.

— Não, Guillermo! Hoje, não. – Se afastou e percebi ela enxugando as lágrimas que escorriam por suas bochechas. Suspirou e continuou: — Você prometeu que não estragaria. Prometeu para mim que não faria a Isabel chorar.

— Me desculpe.

— Cala a boca! Nossa viagem seria perfeita se você não estivesse aqui! – Hallie já não enxugava as lágrimas, seu rosto já estava encharcado. — A Isabel não sofreria tanto se você não estivesse por perto! Ela só tem nove anos e já tem diagnóstico de depressão, enquanto você nem se importa. O divórcio é a melhor solução, Guillermo. Para a gente e para nossa filha.

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