Cap. 1

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Já se passaram quinze anos. Quinze anos que Victória Sandoval queria esquecer, que não tinha paz e que não deixava de sofrer. Por culpa dele, ela não sabia o que era amor. Não que não tivesse namorado ao longo desses quinze anos, ela namorou e até chegou a casar e hoje também estava enfrentado um divórcio. Por culpa dele também, tinha sido traída por seu atual marido, por não conseguir parar de pensar no outro. Porque ao longo desses quinze anos nunca o esqueceu.

Já era noite e ela evitava voltar para casa, sabia que lá só tinha problemas. Sua filha não aceitava a separação dos pais, ela não via que há anos o casamento dos dois não estava bem. Na realidade apenas os primeiros anos Victória levou o casamento como prioridade, foi o único período da sua vida que foi tudo bem. Ela queria mascarar seus reais sentimentos, queria se dá outra oportunidade, talvez conhecer o amor outra vez nos braços de outro homem, o que foi um desastre. Com o passar dos anos o casamento dela se desgastou muito mais do que o imaginado e ela só soube atribuir a sua covardia ao homem que sempre amou e que inconscientemente lhe vinha a mente todas as vezes que era tomada nos momentos íntimos por seu marido, ex marido no caso. Dentro de meses ela seria uma mulher divorciada: abandonada pelo primeiro marido e traída pelo segundo. Ela sorriu consigo mesma, tinha o dedo podre com relação a homem, essa era a verdade. Victória sempre foi infeliz nesse casamento, por não conseguir se desapegar de um amor que só lhe fazia mal, que lhe causava solidão, tristeza e abandono. E ali na solidão da sua fortaleza, ela pensou em alguns momentos vividos ao lado do homem que uma dia tinha sido o homem da sua vida.

E mais uma vez ela levou o copo de bebida a boca e solveu um gole sentindo o líquido descer por sua garganta queimando.

Ela fechou os olhos e o viu diante de si outra vez... Apesar de ter quinze anos que não se viam. A última vez foi no dia em que casou com Osvaldo Sandoval, ele tentou de todas as formas possíveis fazê-la mudar de ideia. Foi a última vez que fizeram amor também, onde ele lhe tomou a força... ou quase isso...

Victória conheceu Heriberto Rios Bernal na faculdade, ele era uma rapaz lindo rico e encantava a todas, era gentil e amoroso, e a doce Victória Sandoval se encantou perdidamente. Ela cursava moda e ele Medicina. E com uma ajudinha do destino, ele um dia por pouco não atropelou ela, que caiu na pista com um joelho sangrando e uma dor no braço...
Ela ainda lembrava como ele preocupado desceu do carro e a ajudou. De como ele ficou paralisado ao olhar em seus olhos e que ela sentiu o mesmo. Seu coração parou no momento em que o viu tão próximo a si.

Heriberto: Você está bem?- ele a ajudou a levantar, a viu fechar os olhos e gemer de dor- vamos eu vou te levar ao hospital.

Ela se assustou, não tinha dinheiro para isso, só estava estudando naquela universidade por conta de uma bolsa de estudos que ganhou. Ela era de origem humilde e em casa era só ela, sua mãe e seu irmão. Eles que trabalhavam muito para que ela tivesse ali, sua mãe costurava para fora e o irmão trabalhava no mercado da cidade.

Victória: Não... não precisa eu estou bem.

Heriberto: como assim não precisa? Você está sentindo dor! Eu não vi você passar, me desculpa.

Victória: Tudo bem eu fui a maior culpada.- ela tentou sorrir para ele, mas não conseguiu.

Heriberto: Vamos, eu vou te levar sim no hospital e não adianta reclamar.

Ele a pegou nos braços, a colocou dentro do carro e saiu com ela para o hospital. Ao chegar lá foram feitos todos os exames e comprovaram que nada de mais tinha acontecido. Foi receitado alguns remédios para dor e ela foi liberada.

Heriberto fez questão de levá-la para casa e apesar de ter orgulho de sua origem humilde ela ficou sem graça. Morava em uma vila bem simples e ele poderia ficar horrorizado, essa com certeza seria a última vez que ele falaria com ela, conhecia homens como ele.

Heriberto: É aqui que você mora? - ele perguntou olhando tudo de dentro do carro.

Ela respirou fundo:

Victória: É sim... sei que está se perguntando como uma pessoa tão humilde como eu está estudando em uma faculdade como aquela...

Ele sorriu

Heriberto: Eu não estava pensando nisso... Você está enganada... Não ligo para esse tipo de coisa... Sinto muito Victória por ter te atropelado, não foi minha intenção.

Victória: Como sabe o meu nome? - ela estava admirada.

Heriberto: Eu sei mais do que você pensa- ele ficou sério.

Ela não entendeu, mas agradeceu e desceu do carro. Olhou mais uma vez para ele e foi para casa.
...

Victória saiu do seu devaneio e viu que já era muito tarde, ela pegou sua bolsa e saiu da empresa que construiu com tanto sacrifício, seu motorista a aguardava. Ela olhou para tudo, pelo menos essa parte da sua vida estava ajustada, tinha chegado onde tanto queria e tinha provado para sua ex-sogra que não era a inútil que ela sempre achou que fosse.

Ela chegou em casa e o motorista parou o carro e abriu a porta para que ela descesse. Ela olhou tudo a sua volta, era uma bela mansão com um jardim ao redor. Lorena adorava flores quando era pequena, hoje nem de longe lembrava a menina doce e amável que foi um dia.

Ela ia caminhado para chegar ao degrau que levava a entrada da casa, quando olhou para frente e viu um carro parar bem próximo a ela. Por um minuto ela ficou com a visão turva por conta do farol, mas não se deixou intimidar e como a rainha que era ficou parada no mesmo lugar.
O motorista apagou as luzes do carro e ela reconheceu imediatamente o homem que estava por trás do volante. E mais uma vez seu coração parou de bater e ela o sentiu na boca...

Era ele...

Heriberto...

O homem pelo qual passou anos negando qualquer sentimento que os ligassem.

E que pelo visto era uma grande mentira.
...
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