Cap. 2

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Ela olhou para ele de cabeça erguida e o viu sorrir de lado. O olhar dele percorreu o corpo dela de cima a baixo, dos pés à cabeça, em uma apreciação lenta. Ela sentia como se ele a desnuda-se com apenas esse olhar. Engoliu em seco, ergueu uma sobrancelha e desviou o olhar para o filho que estava junto a ele dentro do carro. Ela voltou ao seu destino inicial e sem dizer uma palavra entrou em casa tremendo, seu corpo todo se rendeu à mirada que ele lhe lançou.
Maximiano entrou logo em seguida e viu a mãe de costas, foi a até ela a agarrando por trás e beijando seu rosto.

Ela se assustou.

Vitória: você não me disse que seu pai estava aqui.

Max: eu falei sim mãe, a senhora foi quem não ouviu uma palavra do que eu falei. Sempre que escuta o nome Heriberto a senhora ficas fora de órbita e não escuta mais nada.

Vitória: olha aqui garoto, me respeita- ela deu um tapa no ombro do filho.

Max: mãe me conta... A senhora nunca o esqueceu, não é?? Sempre amou meu pai, não foi?- Max ria, sabia que a mãe ia ficar uma fera.

Vitória: de onde você tirou isso moleque?

Max: ouvi em várias discussões suas com Osvaldo... Ele sempre dizia que o casamento de vocês não ia para frente porque você ainda amava meu pai.
Victória ficou de boca aberta não sabia que seus filhos ouviam as discussões que ela tinha com o ex-marido.

Victória: Meu filho... eu...- ela não pode completar a frase pois ao olhar para a escada viu sua filha descer abraçada a seu ex-marido.

Osvaldo: boa noite Victória- falou sorrindo- Oi Max.

Max: oi Osvaldo... Oi maninha...- Max foi até ela e assanhou os cabelos dela.

Lorena: para estúpido!

Victória olhou feio para Lorena, ultimamente não tinha mais pulso firme com a filha de quatorze anos que desde a separação dos pais tinha se tornado ainda mais rebelde e que ultimamente vinha aprontando.

Victória: que linguajar é esse Lorena? Onde estão seus modos? E por que você não veio até mim me cumprimentar?- repreendia a filha com as mãos na cintura.

Lorena: e por que eu deveria lhe cumprimentar? Não foi a senhora que passou o dia todo fora? Não é a senhora quem me deixa aqui sozinha e abandonada- Ela falou de braços cruzados.

Victória: basta Lorena! Você não é mais nenhuma criancinha, já é uma moça! Não precisa mais da minha vigilância constante...- ela se virou para Osvaldo- E você, o que faz em minha casa a essa hora?

Ele a encarou.

Osvaldo: minha filha me ligou, disse que queria a minha companhia.
Ela o olhou séria, o enfrentando com apenas uma mirada.

Victória: espero que da próxima vez me avise!

Osvaldo: o que é isso Victória? Eu sou seu marido, pai de Lorena e sou dono dessa casa.

Victória: correção, ex-marido e ex-dono dessa casa.

Osvaldo: Quero falar com você a sós Victória- Ele a segurou pelo braço e a conduziu até o escritório.

Ao chegar lá, Victória puxou o braço de uma vez e se afastou dele.

Victória: não me toque nunca mais ou vai perder todos os dedos da sua mão!

Osvaldo: Está me ameaçando amor?- sorriu cínico.

Victória: o que você quer? Fale logo, eu não tenho a noite toda para ouvir besteiras.

Osvaldo: está feliz, não é?

Victória: do que você está falando?

Osvaldo: Estou falando do regresso do seu amor!

Victória o olhou sem nada responder.

Osvaldo: não tem nada a falar?

Victória: nada que lhe interesse! Nada sobre mim lhe diz respeito... Sou apenas sua ex-mulher, a qual você traiu com uma das minhas modelos que era bem mais jovem que eu... hummm... por que a cobrança agora Osvaldo?... Não foi você que me disse que ela supria todas as suas necessidades de homem? Que era quente na cama enquanto eu era fria?- ela falou com ódio- Sabe, eu não estou contestando o fato de você ter ficado com outra mulher, se você queria isso tudo bem! Bastava te me pedido o divórcio, eu te daria numa boa- ela sorriu cínica.

Ele foi até ela e a segurou pelos braços.

Osvaldo: e você Victória, hummm, você nunca me traiu?

Victória o empurrou.

Victória: eu já disse que não queria que você me tocasse!... E não, nesses quinze anos em que fomos casados eu nunca lhe traí.

Osvaldo: talvez não em corpo, mas e em pensamentos? Nunca pensou naquele maldito? Nunca Victória??- ele gritou.

Victória: fale baixo, não queira cantar de galo na minha casa! Eu não voltei a ver Heriberto ao longo desses quinze anos... nem ao menos nos falamos, apesar de temos um filho juntos.

Osvaldo suspirou e baixou a cabeça sorrindo:

Osvaldo: pode até ser, mas todas as vezes que ele visitava Max você mudava... a visita dele lhe afetava... eu via.

Victória por um momento mudou a expressão do rosto, mas logo em seguida voltou a sua postura original.

Victória: você é louco!

Osvaldo: eu vou voltar para a minha casa... Minha filha precisa de mim... Você não está presente na vida dela.

Victória: eu estou presente o máximo que posso... e não... você não vai voltar para a minha casa... meu advogado me ligou hoje e dentro de um mês no máximo estaremos separados.

Osvaldo: umagino que você queira ser livre para correr para os braços do seu ex-marido... Mas deixa eu te dizer uma coisa, você nunca vai ser prioridade na vida dele... Ele sempre irá te abandonar... Ele ama algo mais do que ama você... A medicina sempre vai estar entre os dois... Ele nem se casou outra vez, porque ele casou com a profissão dele... - ele jogava as palavras na cara dela.

Victória sentiu seu rosto ficar vermelho e se aproximou dele o encarando com ódio. Ele sabia que isso era o que mais lhe doía na vida, saber que não era prioridade na vida de ninguém. Essa era a sua ferida e ele estava cutucando de propósito.

Victória: nem na vida dele e nem na sua, afinal de contas você me traiu sem pensar em mim... sem pensar nas consequências... não queira passar por inocente que nós sabemos que você não é!

Eles se olharam como os dois oponentes que eram.

Victória: saia da minha casa e só volte em horário de visita.

Osvaldo se virou para sair, mas se voltou ainda segurando a maçaneta da porta.

Osvaldo: espero que ele não lhe abandone outra vez com outro filho para criar.

Victória olhou para ele, por mais que odiasse admitir, ele tinha razão.

Continua...

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