O preço da bondade

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Velásquez foi um menino humilde. Vivia num casebre de madeira empilhado na encosta.

Cresceu e tornou-se poderoso. Era o chefe do morro, amado por todos os habitantes, pois defendia seus vizinhos com todas suas forças: Expulsava a polícia à bala!

Assim, fazia amigos por toda vida, mesmo que as deles fossem curtas.

Um dia seu primo, dono do tráfico no monte adjacente, pediu uma mãozinha. E lá foi Velásquez fazer caridade. Ajudou a roubar o Banco Rural localizado em um bairro nobre.

Gastaram o dinheiro em drogas puras provenientes da Bolívia. Para alegria das pessoas, compartilharam gratuitamente o bagulho com todos da região. Mas o LSD e a maconha de primeira qualidade guardou para sua amada: Renilda.

Ela estufava o peito de orgulho e fumaça. Velásquez era um bom marido.

Até que um dia Velásquez descobriu que sua pequena Renilda o traía com um policial. Então, de tanto amor, mandou matá-la.

O policial sumiu, porém Velásquez rezava todos os dias com muita devoção, para que ele morresse.

E não é que o policial voltou para vingar-se da morte de sua amada, a Renilda?

Juntou um esquadrão e prendeu Velásquez.

Ao ser preso, usou do direito de ficar calado, e escutou todas as acusações.

Disse que não acusaria ninguém e nem testemunharia contra seus amigos. Encobriu todos os crimes que conhecia.

Foi processado e o juiz o condenou.

O padre, ao contrário, o absolveu. Justificou dizendo que, Velásquez durante sua vida, ajudou os semelhantes, compartilhou com os dependentes, orou com devoção e amou exageradamente. Ouviu em silêncio acusações gravíssimas, e não acusou e nem testemunhou contra a dignidade dos parceiros. Não queria atirar a primeira pedra.

Morreu na cadeia liderando uma rebelião pela libertação do seu povo.

Depois de cinco anos foi canonizado.

Ontem virou santo.

Nem todas doenças são crônicasOnde histórias criam vida. Descubra agora