O caçador volta cabisbaixo com sua enorme espingarda fumegando.
A esposa preocupada pergunta:
― Não se divertiu com sua caçada, amor?
― Ah querida, estava atrás da moita. Você sabe a dificuldade que eu tenho de me esconder. Afinal eu tenho 1,97 m de altura. Mas, com minha habilidade consegui, e por entre os galhos eu avistei minha presa. Um pequeno coelho branco corria com sua cenoura. Então, ajeitei a mira entre seus olhos vermelhos. Seu nariz rosa se mexia muito, temi que tivesse sido farejado. Mas graças a Deus, não! Permaneci forte e concentrado. Até que o coelho se descuidou, pois estava feliz com sua cenoura.
Foi nessa hora que eu respirei fundo e apertei o gatilho! Bum!
― Ahhh meu amor, você não o acertou? ― Disse a mulher ansiosa.
― Claro que acertei né, amor? Precisava ver o gemido do bicho.
― Então porque a tristeza?
― Porque o tiro foi tão forte, que o coelho foi arremessado longe. Ainda tentei seguir o sangue pelas folhas, mas só achei a cenoura. Não consegui achar o cadáver. De que vale a caçada esportiva sem um animal para contar a história?
― Ahhh meu herói! Obrigada pela cenoura! Não é um coelhinho que vai te abater! E não é esse animal que vai contar a história ― responde a esposa guardando a espingarda – Coma esse ensopado de cenoura que eu farei para você ficar feliz.
Sabe, sempre me pergunto, onde encontraria um homem tão forte e corajoso como você?!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nem todas doenças são crônicas
Short StoryHistórias da vida relatadas com poesia, humor e sarcasmo.